O mais antigo conjunto hospitalar voltado ao tratamento da tuberculose em Pernambuco ganhou esse nome em homenagem ao médico sanitarista piauiense que, no Recife, teve grande participação na regulamentação de medidas de higiene e na luta contra epidemias — como a da gripe espanhola — e que fundou, no começo do século XX, a Liga Pernambucana contra a Tuberculose.
Tal nome, na verdade, foi dado somente a partir da ampliação realizada em 1956 do chamado Sanatório de Tuberculose do Sancho, que, por sua vez, havia sido construído entre 1938 e 1946 pelo Departamento de Obras do Ministério da Educação e Saúde segundo projeto padrão adotado pelo Governo brasileiro na época.
O edifício do Sancho foi implantado no bairro de Tejipió, região do extremo oeste do município do Recife, até então ainda isolada, com terrenos numa cota altimétrica superior à da planície estuarina da zona central da cidade, dotada de muitas áreas verdes e ar mais puro que das áreas mais densamente habitadas naquela época — uma série de condições desejáveis para implantação de um centro de tratamento da tuberculose, segundo os preceitos que regiam os sanatórios modernos da Europa.
A ampliação, por seu turno, foi realizada como um anexo do primeiro edifício, sendo esses novos edifícios de estrutura pavilhonar — blocos longos e de tendência horizontal, térreos ou de poucos pavimentos, voltados a separar eficientemente alas de clínica e enfermaria e manter boas condições de iluminação e ventilação dos espaços —, algo bem diferente do que se via no sanatório original, volumetricamente organizado como um monobloco.
Esta ampliação foi concebida a partir do modelo adotado pelo Hospital da Curicica, no Rio de Janeiro, realizado cinco anos antes e com projeto do arquiteto modernista Sérgio Bernardes. O sistema pavilhonar, além da separação mais organizada dentre as categorias de pacientes, era uma diretriz relativamente recente nos anos de 1950 no Brasil, adotada a partir da Campanha Nacional contra a Tuberculose, iniciada em 1948.
Após a ampliação e a mudança do seu nome de batismo, o Conjunto Sanatorial Octávio de Freitas detinha o total 453 leitos, sendo 200 no monobloco vertical anterior e 235 no novo bloco pavilhonar.
Cabe observar que essa gama de ações modernizantes foi também acompanhada de uma ampliação na rede estadual de dispensários — edifícios menores, localizados de modo descentralizado no território das cidades e voltados ao diagnóstico precoce da tuberculose entre a população, e que contavam com um engenhoso esquema espacial de separação entre médicos e doentes: a utilização de uma tela translúcida que subdividia os ambientes de trabalho e permitia a inspeção clínica e a triagem sem o contato entre os sujeitos.
Recife, 05 de fevereiro de 2021.
Fontes consultadas
BRASILEIRO, Carolina da Fonseca Lima. Arquitetura antituberculose em Pernambuco: um estudo analítico dos dispensários de tuberculose de Recife (1950-1960) como instrumentos de profilaxia da peste branca. 2012. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento Urbano) – Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Urbano, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2012.
VAINSENCHER, Semira Adler. Octávio de Freitas. In: Pesquisa Escolar. Recife: Fundação Joaquim Nabuco, 2005. Disponível em: https://pesquisaescolar.fundaj.gov.br/pt-br/artigo/octavio-de-freitas/. Acesso em: 26 maio 2020.
Como citar este texto
NASCIMENTO, Cristiano Felipe Borba do. Conjunto Sanatorial Octávio de Freitas. In: Pesquisa Escolar. Recife: Fundação Joaquim Nabuco, 2021. Disponível em:https://pesquisaescolar.fundaj.gov.br/pt-br/artigo/conjunto-sanatorial-octavio-de-freitas/ Acesso em: dia mês ano. (Ex.: 10 fev. 2021.)