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Tejipió (Bairro, Recife)

Chama-se Tejipió, desde o século XVII, a grande extensão de terra existente na margem esquerda do rio Tejipió. Dela fazia parte um engenho de açúcar pertencente a Sebastião Bezerra.

Tejipió (Bairro, Recife)

Artigo disponível em: ENG

Última atualização: 14/05/2021

Por: Semira Adler Vainsencher - Pesquisadora da Fundação Joaquim Nabuco - Mestre em Psicologia

Chama-se Tejipió, desde o século XVII, a grande extensão de terra existente na margem esquerda do rio Tejipió. Este rio nascia em um lugar chamado Manucaia, no extremo da freguesia da Várzea, município do Recife com o de São Lourenço da Mata, atravessava as terras dos engenhos São Francisco e São João, banhava o engenho Jangadinha, recebia o ribeiro Pacheco (que vinha do engenho Sucupira Torta), e atravessava as terras dos engenhos Peres, Uchoa e Ibúra. Seguia pelo Cabo, fazia uma curva para desembocar na ponte do Motocolombó, indo desaguar no mar, a leste da ilha do Nogueira, em um lugar chamado Mercatudo. Neste local, segundo a Descrição de Pernambuco de 1746, existiam quatro curtumes de sola, com 42 escravos.

De acordo com os linguistas, o nome Tejipió provém de uma alteração da palavra tupi tejupió, uma corruptela de teyu’piog, que significa raiz de teju, uma planta que existia em abundância naquelas terras.

A localidade existia bem antes da invasão dos flamengos. Dela fazia parte um engenho de açúcar pertencente a Sebastião Bezerra. Todo o açúcar fabricado chegava ao Recife em caixas de madeira, através de pequenos barcos. Com o passar do tempo, essas caixas foram substituídas por sacos de algodão.

Depois de 1630, o engenho foi abandonado por seus proprietários e confiscado pelos holandeses, sendo vendido como uma grande fazenda a João Fernandes Vieira, em 1645. Ele, por sua vez, construiu uma bela casa para residir.

Quando foi deflagrada a luta contra os holandeses, acampou em Tejipió a tropa vinda da Bahia, sob o comando dos mestres-de-campo André Vidal de Negreiros e Martin Afonso Moreno. Essa tropa tinha se juntado ao exército independente pernambucano, na povoação do Cabo de Santo Agostinho. Foi de Tejipió, inclusive, que partiram muitos soldados valorosos para a jornada que resultou na batalha das Tabocas.

Em meados do século XVIII, das ruínas da vivenda de João Fernandes Vieira, erigiu-se uma capela sob a invocação de Nossa Senhora do Rosário. De acordo com uma placa fixada na soleira da porta principal, a capela situava-se a 21,45m acima do nível médio do mar. Esse templo deu sepultura, em seu cemitério privativo, aos membros da igreja e aos filhos (até a idade de sete anos), de João Fernandes Vieira, estendendo o benefício às pessoas pobres.

Em 1819, mediante um aterro, o governador de Pernambuco, Luís do Rego Barreto, construiu uma estrada para Tejipió. Isso veio facilitar a comunicação do povoado com a cidade do Recife. A primeira estrada de rodagem, porém, que ia de Afogados até Areias, só foi construída em 1836.

Vale registrar, apenas a título de ilustração, que Castro Alves morou no Barro - caminho de Tejipió -, com Eugênia Câmara, o maior amor de sua vida. Portuguesa de nascimento e dez anos mais velha que o poeta, ela era considerada a melhor atriz do Império. Foi por ele homenageada em versos, no Teatro Santa Isabel.

 

Recife, 24 de julho de 2003.

 

Fontes consultadas

COSTA, F. A. Pereira da. Arredores do Recife. Recife: Fundação de Cultura Cidade do Recife, 1981.

FRANCA, Rubem. Monumentos do Recife: estátuas e bustos, igrejas e prédios, lápides, placas e inscrições históricas do Recife. Recife: Secretaria de Educação e Cultura, 1977.

GUERRA, Flávio. Velhas igrejas e subúrbios históricos. Recife: Fundação Guararapes, 1970.

 

Como citar este texto

VAINSENCHER, Semira Adler. Tejipió (Bairro, Recife). In: Pesquisa Escolar. Recife: Fundação Joaquim Nabuco, 2003. Disponível em: https://pesquisaescolar.fundaj.gov.br/pt-br/artigo/tejipio-bairro-recife/. Acesso em: dia mês ano. (Ex.: 6 ago. 2020.)