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Patrimônio Vivo de Pernambuco

Pernambuco é o primeiro estado brasileiro a instituir, no âmbito da Administração Pública, o Registro do Patrimônio Vivo, que reconhece e gratifica com uma pensão vitalícia mensal representantes da cultura popular e tradicional do Estado.
 

Patrimônio Vivo de Pernambuco

Última atualização: 13/05/2021

Por: Lúcia Gaspar - Bibliotecária da Fundação Joaquim Nabuco - Especialista em Documentação Científica

Numa iniciativa inédita no país, Pernambuco é o primeiro estado brasileiro a instituir, no âmbito da Administração Pública, o Registro do Patrimônio Vivo, que reconhece e gratifica com uma pensão vitalícia mensal representantes da cultura popular e tradicional do Estado.

A Lei do Registro do Patrimônio Vivo (Lei nº 12.196, de 2 de maio de 2002) tem como objetivo preservar as manifestações populares e tradicionais da cultura pernambucana, assim como permitir que os artistas repassem seus conhecimentos às novas gerações de alunos e aprendizes.

A seleção dos contemplados é realizada através de um processo de candidatura por indicação de entidades culturais e órgãos governamentais e da avaliação do Conselho Estadual de Cultura (CEC). Os agraciados assumem a missão de transmitir os seus conhecimentos a alunos e aprendizes em programas de ensino e aprendizagem.

Para concorrer os candidatos devem ser brasileiros, residentes em Pernambuco há mais de 20 (vinte) anos; comprovar participação em atividades culturais há mais de 20 anos anteriores à data do pedido de inscrição; estar capacitados a transmitir seus conhecimentos ou técnicas a alunos e aprendizes.

De acordo com a lei, a cada ano devem ser registrados como Patrimônio Vivo três novos nomes até o ano de 2021 (60 representantes). Como o processo de escolha só foi iniciado em 2005, em janeiro de 2006 o título foi entregue a 12 representantes, o que corresponde ao período retroativo à criação da lei (2002).

De acordo com a Lei será concedida uma bolsa vitalícia no valor de 750 reais mensais para pessoas físicas e de 1.500 reais mensais para grupos, como incentivo aos artistas e grupos culturais (valores atualizados, em 2012, para  R$ 1.021,62 para pessoa física e R$ 2.043,24 para grupos/associações).

Os primeiros agraciados foram os músicos Canhoto da ParaíbaCamarãoLia de Itamaracá e Mestre Salustiano; os ceramistas Manuel EudócioAna das CarrancasNuca e Zé do Carmo; os cordelistas J. Borges e Dila; além do Maracatu Carnavalesco Misto Leão Coroado e da banda de música Sociedade Musical Curica.

A cerimônia de entrega dos primeiros 12 títulos de Patrimônio Vivo de Pernambuco, aberta ao público, foi realizada em frente ao Palácio do Governo do Estado (Campo das Princesas), no Recife, às 19 h do dia 31 de janeiro de 2006.

Músicos pernambucanos consagrados, como LenineNaná Vasconcelos e Alceu Valença, entregaram os títulos aos homenageados.

Em dezembro de 2006, foram escolhidos mais três Patrimônios Vivos de Pernambuco: O Clube de Alegoria e Crítica O Homem da Meia Noite, a artista circense Índia Morena (Margarida Pereira de Alcântara) e o cordelista e xilógrafo José Costa Leite.

Em 2007, ganharam o título do Patrimônio Vivo de Pernambuco o ceramista  Zezinho de Tracunhaém, o cineasta Fernando Spencer e a comunidade quilombola Confraria do Rosário de Floresta do Navio.

Os três vencedores da edição 2008 do Concurso Público do Registro do Patrimônio Vivo de Pernambuco, promovido pelo governo do estado foram: Dona Selma do Coco, o Caboclinho Sete Flexas de Água Fria e o Teatro Experimental de Arte de Caruaru.

No ano de 2009, receberam o título o compositor José Nunes de Souza, o Maestro Nunes, natural de Vicência, o Maracatu de baque virado Estrela Brilhante de Igarassu e o Clube Indígena Canindé do Recife, o Caboclinho mais antigo de Pernambuco, fundado em 1897.

Em 2010, foram agraciados o compositor, regente e arranjador Maestro Duda (José Ursicino da Silva), Didi (Valdemir de Souza Ferreira), proprietário do Pagode do Didi e a Sociedade Musical Euterpina Juvenil Nazarena, mais conhecida como Capa Bode, de Nazaré da Mata.

Relação dos agraciados com o título de Patrimônio Vivo de Pernambuco (2005 a 2013):

 

2005

      Ana das Carrancas*
1    Banda Curica, de Goiana – mais antiga do Brasil 
2    Camarão, sanfoneiro     
      Canhoto da Paraíba* 
3    Dila [José Soares da Silva], xilógrafo
4    J. Borges, xilógrafo 
5    Lia de Itamaracá, cirandeira
6    Manuel Eudócio, artesão 
7    Maracatu Leão Coroado 
8    Mestre Nuca [Manoel Borges da Silva], ceramista 
      Mestre Salustiano*
9    Zé do Carmo, ceramista

      * Receberam o título em 2005, mas por terem falecido seus nomes foram retirados da relação oficial da Fundarpe

 

2006

10    Índia Morena [Margarida Pereira de Alcântara], circense
11    José da Costa Leite, xilógrafo 
12    Clube de Alegorias e Crítica Homem da Meia Noite, de Olinda 

 

2007

13    Fernando Spencer, cineasta
14    Zezinho de Tracunhaém, artesão 
15    Confraria do Rosário, de Floresta do Navio (fundada por escravos) 

 

2008

16    Selma do Coco, coquista 
17    Caboclinho Sete Flexas, de Água Fria (Recife) 
18    Teatro Experimental de Arte (TEA), de Caruaru; 

 

2009

19    Clube Indígena Canindé do Recife, o caboclinho mais antigo de Pernambuco
20    Maestro Nunes [José Nunes de Souza]
21    Maracatu de Baque Virado Estrela Brilhante [Igarassu]

 

2010

22    Didi [Valdemir de Souza Ferreira], proprietário do Pagode do Didi, sambista 
23    Sociedade Musical Euterpina Juvenil Nazarena – Capa Bode, de Nazaré da Mata 
24    Duda [José Ursicino da Silva], maestro

 

2011

25    Maracatu [de Baque Solto] Estrela de Ouro (Aliança)
26    Maria Amélia da Silva, ceramista (Tracunhaém)
27    Mestre Galo Preto [Tomaz Aquino Leão], coquista (Olinda) 

 

2012

        Arlindo dos 8 Baixos, sanfoneiro* 
28    Associação Musical Euterpina de Timbaúba 
        João Silva, compositor, parceiro de Luiz Gonzaga*

 

2013

29     Artesão Lula Vassoreiro [Amaro Arnaldo do Nascimento]
30     Banda Revoltosa de Nazaré da Mata [Sociedade Musical Cinco de Novembro]
31     Maestro Formiga [Ademir Souza Araújo]
 

* Patrimônios Vivos in memorian. 


Recife, 3 de março de 2006.

 

Fontes consultadas

A BANDA Revoltosa de Nazaré da Mata é Patrimônio Vivo em 2013. In: Gilson Xavier Produções Culturais, 27 dez. 2013. Disponível em: http://gilsondoturismo.blogspot.com.br/2013/12/a-banda-revoltosa-de-nazare-da-mata-e.html. Acesso em: 21 jan. 2013.

DIA da consagração do Patrimônio Vivo. Disponível em: http://jc3.uol.com.br/jornal/2006/01/31/not_170747.php. Acesso em: 22 fev. 2006.

PATRIMÔNIO Vivo. Diario de Pernambuco, Recife, 31 jan. 2006. Especial.

PERNAMBUCO tem três novos Patrimônios Vivos, selecionados pelo Conselho Estadual de Cultura. Disponível em: http://www.fundarpe.pe.gov.br/pernambuco-tem-tres-novos-patrimonios-vivos-selecionados-pelo-conselho-estadual-de-cultura. Acesso em: 3 jan. 2011.

 

Como citar este texto

GASPAR, Lúcia. Patrimônio Vivo de Pernambuco. In: Pesquisa Escolar. Recife: Fundação Joaquim Nabuco, 2006. Disponível em: https://pesquisaescolar.fundaj.gov.br/pt-br/artigo/patrimonio-vivo-de-pernambuco/. Acesso em: dia mês ano. (Ex.: 6 ago. 2009.)