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Maracatu Leão Corado

 Um dos poucos grupos que mantêm vivas a tradição e a religiosidade do maracatu de baque virado no estado de Pernambuco, o Nação Leão Coroado considera como data oficial de sua criação o dia 8 de dezembro de 1863, que figura no seu estandarte, embora haja a hipótese que ele já existisse em 1852.

 

Maracatu Leão Corado

Última atualização: 20/07/2022

Por: Lúcia Gaspar - Bibliotecária da Fundação Joaquim Nabuco - Especialista em Documentação Científica

Um dos poucos grupos que mantêm vivas a tradição e a religiosidade do maracatu de baque virado no estado de Pernambuco, o Nação Leão Coroado considera como data oficial de sua criação o dia 8 de dezembro de 1863, que figura no seu estandarte, embora haja a hipótese que ele já existisse em 1852.

 

É o maracatu mais antigo sem interrupção de atividade desde a sua fundação. O dia 8 de dezembro tem grande significação para os seus integrantes. É o dia em que se comemora as festas de Nossa Senhora da Conceição e Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, para os católicos, e dia de Iemanjá, para o culto nagô.

 

Assim como existe a dúvida quanto à data de fundação, há muitas coisas sobre a história do Leão Coroado, como dos maracatus em geral, que ainda não foram bem esclarecidas.

 

Por ser um folguedo de escravos, que eram analfabetos, não há registros documentais. A preservação da sua tradição deve-se, principalmente, à história oral.

 

Pouco prestigiados no século XIX, os maracatus só viravam notícias nas páginas policiais, quando seus integrantes se metiam em brigas de rua e iam parar na delegacia.

 

Hoje, no entanto, são grupos prestigiados e muito importantes para a cultura pernambucana.

 

Uma das figuras mais marcantes na história do Leão Coroado foi o oluôLuís de França, que assumiu a liderança do maracatu fundado por seu pai, um ex-escravo africano, por volta do ano de 1954.

 

Mestre Luís, como era conhecido, nasceu na rua da Guia, bairro do Recife, em 1901. Cresceu no bairro de São José, onde aconteciam cultos africanos e freqüentava terreiros de candomblé, como o de Pai Adão, em Água Fria.  Seus pais de santo foram Eustachio Gomes de Almeida e Dona Santa.

 

Como líder do grupo, que dirigiu com dedicação por mais de quarenta anos – de 1954 até 1997, o ano de sua morte - cuidou da organização, das obrigações religiosas e da direção da batucada, cujo baque secular foi repassado por seu pai.

 

Com a morte do Mestre, a liderança do Nação Leão Coroado passou para as mãos do babalorixá Afonso Gomes de Aguiar Filho, dono de um terreiro em Águas Compridas, em Olinda, local onde hoje está localizada a sede do maracatu.

 

O forte do maracatu de baque virado é a sua tradição religiosa. Seus componentes básicos são o porta-estandarte, o rei e a rainha, as damas do paço com as calungas, os batuqueiros.

 

Foram reis e rainhas do Leão Coroado, Estanislau, João Baiano, José Nunes da Costa, José Luís, Gertrudes Boca-de-Sola, Martinha Maria da Conceição e Dona Santa.

 

Os tambores feitos de macaíba, fabricados pelo mestre Luís de França, são utilizados até hoje nos desfiles do grupo. As cores da bateria, que se apresenta com 25 instrumentos, são o vermelho e o branco: Luís de França era filho de Xangô. Todo o  acervo do maracatu é guardado na casa do Mestre Afonso, em águas Compridas.

 

As roupas utilizadas nos desfiles são bancadas pelo próprio grupo e ninguém recebe remuneração. Os integrantes não são obrigados a seguir o culto Nagô, mas o babalorixá Afonso cumpre com todas as obrigações religiosas exigidas pelo maracatu.

 

Sob o seu comando o grupo tem conseguido estratégias auto-sustentáveis, sem perder a tradição. Auxiliado pela vice-presidente Daniela Bastos dos Santos, o Maracatu Nação Leão Coroado vem realizando importantes viagens e apresentações pelo Brasil e exterior.

 

Foi um dos vencedores do Prêmio Cultura Viva, na categoria Manifestação Tradicional, promovido pelo Ministério da Cultura, em junho de 2006.

                      

 

Recife, 16 de junho de 2006. 

Fontes consultadas

AMORIM Maria Alice. Leão Coroado é Nação. Continente Documento, Recife, ano 4, n.43, p.46-49, mar. 2006.

ASSUMPÇÃO, Michelle. Maracatu com as bençãos do candomblé: tradição viva. Diario de Pernambuco, Recife, 31 jan. 2006. Caderno Especial.

BALINT, Vilma. Maracatu Leão Coroado faz turnê na Europa. Disponível em: <http://www.entrecantos.com/des050702.htm> Acesso em: 25 maio 2006.

HISTÓRIA do Leão: Leão Coroado. Disponível em: <http://www.leaocoroado.org.br/> Acesso em: 25 maio 2006.

Como citar este texto

GASPAR, Lúcia. Maracatu Leão Coroado. In: PESQUISA Escolar. Recife: Fundação Joaquim Nabuco, 2006. Disponível em:https://pesquisaescolar.fundaj.gov.br/pt-br/artigo/maracatu-leao-corado/. Acesso em: dia mês ano. (Ex.: 6 ago. 2020.)