Um dos maiores sanfoneiros do Nordeste brasileiro, Reginaldo Alves Ferreira, mais conhecido como Camarão ou Maestro Camarão, nasceu em Fazenda Velha, Brejo da Madre de Deus, Pernambuco, no dia 23 de junho de 1940.
Aprendeu a tocar sanfona observando os movimentos do seu pai, o sanfoneiro Antônio Neto, que o levava para as festas onde tocava. Depois, segundo ele, se aperfeiçoou “ao ouvir Luiz Gonzaga e ao estudar os métodos de Mário Mascarenhas”.
Tocava nas feiras e festas de rifas e padroeiros da região. Fez sua carreira artística na cidade de Caruaru. O título de maestro não é por formação, mas foi-lhe concedido por radialistas.
Aos 18 anos, conheceu Luiz Gonzaga, que considera seu grande mestre, embora não esqueça os ensinamentos paternos. Foi um grande amigo e parceiro do rei do baião, com quem participou de 28 gravações, entre discos long plays,78 rotações e CDs.
Começou a trabalhar profissionalmente na Rádio Difusora de Caruaru, aos 20 anos, por onde passaram grandes nomes da música popular brasileira, como Sivuca e Hermeto Pascoal.
Formou com os músicos Jacinto Silva e Ivanildo Leite seu primeiro conjunto musical, o Trio Nortista e, em 1968, criou a primeira banda de forró do Brasil, a Banda do Camarão, e ainda a Orquestra Sanfônica de Caruaru.
Seu repertório é composto por ritmos regionais como o xote, o xaxado, o baião, o forró e o arrasta-pé.
Mestre Camarão tem acompanhado com sua sanfona grandes nomes da música nordestina como Dominguinhos, Santanna, Marinês, entre outros.
Em 1961, num dos momentos mais marcantes da sua carreira, representou Pernambuco junto com o mestre Vitalino no primeiro aniversário de Brasília, a convite do então Presidente da República, Jânio Quadros.
Em 2002, apresentou-se em São Paulo no projeto Sanfona Brasil, onde foi muito aplaudido e, em 2004, participou do projeto O Brasil da Sanfona.
Radicado no Recife há 25 anos, vive das aulas de sanfona ministradas na sua Escola Acordeom de Ouro, localizada no bairro de Areias, onde já formou uma grande quantidade de músicos, e de uma aposentadoria do INSS.
Contemplado como Patrimônio Vivo de Pernambuco, através da Lei estadual nº 12.196, de 2 de maio de 2002, Mestre Camarão segue ensinando a sua arte, que, no Brasil, tem um sotaque bem nordestino.
Recife, 7 de junho de 2006.
Fontes consultadas
AMORIM, Maria Alice. Grande sanfona do agreste. Continente Documento, Recife, ano 4, n. 43, p. 51-52, mar. 2006.
FEITOSA, Aline. Dom da maestria. Diario de Pernambuco, Recife, 31 jan. 1006. Caderno Especial.
Como citar este texto
GASPAR, Lúcia. Camarão (músico). In: Pesquisa Escolar. Recife: Fundação Joaquim Nabuco, 2006. Disponível em:https://pesquisaescolar.fundaj.gov.br/pt-br/artigo/camarao-musico/. Acesso em: dia mês ano. (Ex.: 6 ago. 2020.)