Engenho do Meio (Bairro, Recife)
Última atualização: 16/11/2023
O Bairro Engenho do Meio é um bairro do Recife que está situado na quarta região político-administrativa do Recife (RPA 4), com área territorial de 87 hectares que surgiu de uma povoação que se formou em torno do antigo engenho. Segundo dados do IBGE (2010), o bairro possui população residente de 10.211 habitantes, a população por sexo é composta de: 4.609 homens (45,15%) e 5.602 mulheres, que equivale a 54,86%. Por faixa etária a população está em sua maioria composta por pessoas entre 25-59 anos (51,34%). Durante o censo a população declarou-se em sua maioria de cor Parda (47,25%).
A taxa de Alfabetização da população, dada pelo percentual das pessoas de 10 anos ou mais de idade capazes de ler ou escrever pelo menos um bilhete simples é de 96,1 %. Quanto à densidade demográfica de habitante/hectare é de 117,54, com um total de 3.053 domicílios e a média de moradores por domicílio é de 3,3 habitantes/domicílio. Com uma renda nominal média mensal (por domicílio) de R$ 2.594,45, o percentual de mulheres responsáveis pelo domicílio é de 46,09%.
A principal Zona de Interesse Social do Bairro é a Vila Redenção (As Zonas Especiais de Interesse Social (ZEIS) são áreas demarcadas no território de uma cidade, para assentamentos habitacionais de população de baixa renda. Devem estar previstas no Plano Diretor e demarcadas na Lei de Zoneamento. A do engenho do meio se chama Vila Redenção).
O nome do bairro tem origem advinda de um engenho que outrora existiu no local e faz limite com os bairros de Torrões, Cordeiro, Iputinga, Cidade Universitária e Curado. Mello (2013) assim descreve de uma forma geral o bairro: “Bairro residencial, o Engenho do Meio é dominado por casas, o que lhe confere um clima especial de moradia, tranquilidade e família”.
No Engenho do Meio encontramos três praças: a Praça João Miguel de Souza Junior ( Praça do terminal do ônibus), a Praça do Bom Pastor (que fica na divisa com o bairro da Iputinga), e o Parque Dr. Arnaldo Assunção (Praça principal do Engenho do Meio). O principal logradouro do bairro é a Rua Antônio Curado.
O bairro Engenho do Meio teve anteriormente nomes históricos como: São Carlos (S. Carlis); do Meio e de Carlos Francisco. Era um Engenho situado na margem direita do Rio Capibaribe, freguesia da Várzea, jurisdição de Olinda e capitania de Pernambuco. O bairro possuía moenda movida a bois e uma Igreja sob a invocação de Nossa Senhora da Ajuda e pagava 02% de pensão ao Donatário.
O primeiro proprietário de que se tem notícia foi Álvaro Velho Barreto que chegou a Pernambuco como sócio de parentes ricos de Vianna em Portugal, como ele mesmo declarou aos dois jesuítas que foram vê-lo em busca de donativos para o Colégio de Olinda.
Em 1609 o engenho do Meio pertencia à viúva D. Luisa Nunes e seus filhos. Apesar de no ano de 1623 o engenho ter produzido 4.634 arrobas de açúcar, em 1625, D. Luiza e filhos declararam impossibilidade de cumprirem com os pagamentos aos seus credores e por esse motivo decidiram vender o engenho a Carlos Francisco Drago, que veio a falecer antes da invasão holandesa deixando o engenho aos seus herdeiros.
O engenho foi confiscado pela Companhia das Índias Ocidentais no ano de 1637 e vendido posteriormente a Jacob Stachouwer, que era um alto funcionário do governo holandês no Recife. Após a partida de Stachower para a Holanda, o engenho ficou sob os cuidados de João Fernandes Vieira (um dos heróis da guerra contra os holandeses).
Vieira, que era amigo de Stachouwer, passou a ser também seu bastante Procurador e de seu sócio Nicolaes de Rideer, e começou a lucrar com a administração de todos os bens deixados por ambos e dos fundos de Stachouwer. Em pouco tempo, de acordo com Rodrigues (2014), ele se apoderou de alguns Engenhos, assumindo os débitos contraídos pelos dois sócios na compra das propriedades à Companhia das Índias Ocidentais (débito que nunca foi pago). Vieira se tornou assim um dos homens mais ricos da Capitania, passando a ser proprietário de 16 engenhos e mais de 1.000 escravos.
Em 1642, em função da arrematação de contratos de cobrança de impostos e da compra de três engenhos, Vieira declarou-se devedor de 541.610 florins (O florim era uma das moedas mais tradicionais da Europa). Ele conseguiu negociar a dívida oferecendo seus bens como garantia.
Segundo Rodrigues (2014), após a Restauração Pernambucana, Fernandes Vieira comprou o engenho do Meio aos herdeiros de Carlos Francisco Drago
Em 1686, o engenho do Meio pertencia a D. Maria César, a viúva de João Fernandes Vieira.
O engenho passou a pertencer a João Carneiro da Cunha por volta do fim do século XVII a começo do século XVIII e, após o seu falecimento, passou a pertencer ao seu filho José Carneiro da Cunha.
Apresentaremos a seguir alguns logradouros importantes do Bairro Engenho do Meio:
AVENIDA MÚCIO UCHOA CAVALCANTI- Essa avenida é uma reverência ao grande jornalista e intelectual pernambucano Múcio Uchoa Cavalcanti, nascido em 16 de setembro de 1927. Ele exerceu atividades nas Secretarias de Agricultura, Fazenda e Educação e foi também Vice-Presidente da Associação de Imprensa de Pernambuco e Secretário do Ginásio Pernambucano. Faleceu em 19 de outubro de 1957.
RUA ANTÔNIO BORGES UCHOA – A homenagem prestada a esse colono, filho de Marcos André e antigo proprietário do Engenho da Torre, esta fora de local. Essa reverência deveria acontecer, ou no Bairro da Torre ou em Ponte D’Uchoa, uma vez que foi Antônio Borges Uchoa quem construiu a Ponte que deu o nome à Localidade.
RUA ANTÔNIO CURADO – Outra homenagem fora do lugar, esse logradouro do Bairro do Engenho do Meio devia se localizar no Curado, pois foi lá que viveu e deu seu nome à localidade. Trata-se, no entanto, do principal logradouro do Bairro com 2,5 quilômetros, que é o endereço da Troça Carnavalesca Mista Cabeça de Touro.
RUA PRESIDENTE WASHINGTON LUIZ - Presidente da República que teve como lema: “governar é abrir estradas”. Político do interior paulista, onde começou sua carreira, foi vereador, promotor público, prefeito de Batatais e deputado estadual.
RUA BENJAMIM CONTANT – Faz referência a Benjamim Constant Botelho de Magalhães. Nascido na Província do Rio de Janeiro em 1837. Foi professor, doutrinador do desportismo e um dos grandes batalhadores pela implantação da nossa República.
RUA ARTUR DE SÁ – Homenagem ao médico pediatra, que dedicou mais de 50 anos de sua vida à causa da criança, na saúde pública.
RUA LINDOLFO COLLOR – Lindolfo Leopoldo Boekel Collor (1890-1942) foi jornalista e político brasileiro, Ministro do Trabalho no Governo Vargas. Era avô do Presidente Fernando Collor de Mello.
RUA ANTÔNIO SILVINO – Cangaceiro que antecedeu Lampião. Foi preso pelos alferes da Força Pública Theophanes Ferraz Torres, em 24 de novembro de 1914.
AV VISCONDE DE SÃO LEOPOLDO – José Feliciano Fernandes Pinheiro, primeiro visconde de São Leopoldo (Nasceu em Santos, 9 de maio de 1774 e morreu em Porto alegre, em 16 de julho de 1847) foi escritor, magistrado e político brasileiro.
RUA BOM PASTOR – Talvez o mais Importante logradouro do bairro, essa rua tem seu nome atrelado ao presídio feminino do Bom Pastor.
No Bairro encontramos o Espaço Cultural Dominguinhos, fundado no dia 23 de novembro de 1961. Localizado na Rua Lindolfo Collor, está ancorado na Associação dos Servidores da Sudene. O local, de acordo com Mello (2013), além de ser palco para muitos cantores famosos e iniciantes (todos os sábados, das 13h às 19h), possui uma quadra poliesportiva, piscina, campo de futebol e uma academia de ginástica para a comunidade.
No Engenho do Meio, assim como em quase todos os bairros de Recife, podemos encontrar diversidade cultural, social e econômica e é preciso, portanto, explorar a riqueza de sua história e descobrir as lutas e anseios de seus moradores que, somados à paisagem local, ao espaço urbano e ao cotidiano tecem a identidade desse Bairro.
CURIOSIDADES:
1. No local onde existiu a casa grande do engenho há uma estátua de João Fernandes Vieira, que foi um de seus proprietários.
2. A Troça Cabeça de Touro que foi fundada em 1986, de acordo com Mello (2013) tem uma origem engraçada e curiosa: Em uma das peladas tradicionais da Praça Arnaldo Assunção, onde jogam quatro contra quatro sem o goleiro, um dos peladeiros recebeu um lançamento e cabeceou por cima da trave bem embaixo do gol e furou a bola. A turma não perdoou e o jogador logo foi apelidado de “Cabeça de Touro”.
Recife, 27 de novembro de 2017.
Fontes consultadas
CAVALCANTI, Carlos Bezerra; CAVALCANTI Vanildo Bezerra. O Recife e suas ruas: se essas ruas fossem minhas. Recife: Editor Poço Cultural, 2015.
COSTA FILHO, Olímpio. O Recife, o Capibaribe e os antigos engenhos. Revista de Urbanismo, Chile, n. 9, mar., 2004.
IBGE. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Censo Demográfico 2010: aglomerados subnormais – informações territoriais. Recife: IBGE, 2010.
MELLO, Gianfrancesco. Meu bairro...Moro aqui: Engenho do Meio. 2013. Disponível em: < http://agendaculturaldorecife.blogspot.com.br/2013/03/meu-bairro-moro-aqui-engenho-do-meio.html>. Acesso em: 27 nov. 2017.
PRAÇA Bom Pastor [Foto neste Texto]. Disponível em: http://agendaculturaldorecife.blogspot.com.br/2013/03/meu-bairro-moro-aqui-engenho-do-meio.html. Acesso em: 27 nov. 2017.
RODRIGUES, Maria de Lourdes Neves Baptista. 2014. Disponível em: <http://engenhosdepernambuco.blogspot.com.br/2014/12/nomes-historicos-sao-carlos-s.html>. Acesso em: 06 jun. 2017.
Como citar este texto
VERARDI, Cláudia Albuquerque. Engenho do Meio (Bairro, Recife). In: Pesquisa Escolar. Recife: Fundação Joaquim Nabuco, 2017. Disponível em: https://pesquisaescolar.fundaj.gov.br/pt-br/artigo/engenho-do-meio-bairro-recife/. Acesso em: dia mês ano. (Ex.: 6.ago. 2020.)