Nilo Pereira
Última atualização: 15/09/2022
Nilo de Oliveira Pereira nasceu no engenho Verde-Nasce, na cidade de Ceará-Mirim, Rio Grande do Norte, no dia 11 de dezembro de 1909, filho de Fausto Varela Pereira e Beatriz de Oliveira Pereira.
Estudou no Ceará-Mirim com a professora Adele de Oliviera, mudando-se depois para Natal, capital do Estado, onde cursou Humanidades e a Escola de Comércio.
Em Natal, aos 15 anos começou a escrever para o jornal Diário de Natal e depois para o jornal A República, do qual foi também repórter. Nessa época conviveu com figuras significativas do Rio Grande do Norte, entre os quais Luís da Câmara Cascudo, de quem foi amigo por mais de 50 anos.
Fez vestibular e cursou o primeiro ano de Direito no Rio de Janeiro, transferindo-se, a partir do segundo ano, para a Faculdade de Direito do Recife, onde bacharelou-se em Ciências Jurídicas e Sociais em 1932.
Foi escolhido o orador da turma e seu discurso impressionou tanto o então interventor de Pernambuco, Agamenon Magalhães, que este o convidou para colaborar com a administração estadual. Foi diretor do Departamento Estadual de Educação por duas vezes.
Casou-se em 31 de março de 1943, com Lila Marques Pereira, cujo nome de solteira era Lila Pimentel Marques, filha de Bartolomeu Marques, um dos proprietários da Sociedade de Moagens do Recife, e de Laurinda Rosa Marques. Teve seis filhos: Geraldo, Maria Beatriz, Roberto, Tereza, Eliana e Fátima.
Praticamente não exerceu o Direito, atuando apenas uma ou duas vezes como advogado. Sua vocação maior foi o jornalismo que ele amava e a quem se dedicou cotidianamente. Gostava também da atividade de professor. Ensinou nos colégios Nóbrega, Salesiano, Padre Félix, Ginásio Pernambucano e vários outros colégios do Recife.
Foi redator-chefe da Folha da Manhã, jornal diário que pertencia a Agamenon Magalhães; trabalhou no Jornal do Commercio, do Recife, onde foi editorialista por muito anos e onde publicava regularmente a coluna Notas Avulsas (1954-1992); colaborou com os jornais recifenses Jornal Pequeno, A Tribuna e o Diario de Pernambuco; O Jornal e o Jornal do Commercio, do Rio de Janeiro; O Liberal, de Belém do Pará; A União, de João Pessoa, Paraíba, e com vários jornais de Natal, como o Diário de Natal, A República, O Estado, O Poti e Tribuna do Norte.
Era amigo de vários humanistas e intelectuais do Recife, entre os quais, Gilberto Freyre, Gilberto Osório de Andrade, Sylvio Rabello, Orlando Parahym, Mauro Mota, Mário Melo, com o qual manteve uma longa polêmica pelos jornais, sobre a colocação de um busto do poeta Manuel Bandeira em praça pública.
Ocupou cargos e exerceu funções relevantes na vida pública de Pernambuco: foi secretário do Governo do Estado de Pernambuco, por três vezes; deputado estadual e líder da maioria na Assembléia Legislativa de Pernambuco (1951-1954); diretor do Departamento Estadual de Imprensa e Propaganda; fundador e professor catedrático da Universidade Católica de Pernambuco; diretor da Faculdade de Filosofia da Universidade Federal de Pernambuco-UFPE, por dois mandatos; membro do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano; membro fundador do Seminário de Tropicologia e presidente do Conselho Diretor da Fundação Joaquim Nabuco, entre outros.
Recebeu diversos títulos honoríficos e condecorações, entre as quais, o de professor emérito e o de Doutor Honoris Causa da UFPE; o de Doutor Honoris Causa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte; Comendador da Ordem de Cristo, concedida pelo governo português; Colar da Universidade de Coimbra, Portugal; medalha do Mérito Cultural Oliveira Lima, do Governo do Estado de Pernambuco; medalha Carneiro Vilela, da Academia Pernambucana de Letras, da qual também foi membro.
É autor, entre outras, das seguintes obras: O período regencial brasileiro(1939), sua primeira publicação, tese (não defendida) para acesso ao corpo docente do Ginásio Pernambucano; Camões e Nabuco (1949); Revisionismo e tradição (1950); Dom Vital e a questão religiosa no Brasil (1966); Conflitos entre a Igreja e o Estado no Brasil (1970); Espírito de província (1970); Ensaios de história regional (1972); Agamenon Magalhães: uma evocação pessoal(1973); O tempo mágico(1975); A Faculdade de Direito do Recife, 1927-1977(1977); Um tempo do Recife (1978); Reflexões de um fim de século(1979); Igreja e Estado: relações difíceis (1982); Iniciação ao jornalismo: pesquisa histórica (1982); A rosa verde: crônica quase romance (1982);Pernambucanidade: alguns aspectos históricos (1983); Gilberto Freyre visto de perto (1986); Mauro Mota e o seu tempo (1987); Profissionais de Pernambuco(1989); O Estado Novo em Pernambuco (1989); Conferência sobre a vida e a obra do abolicionista José Mariano (1990); Os outros (1996) [livro póstumo].
Nilo Pereira morreu no Recife, no dia 23 de janeiro de 1992, aos 82 anos, em decorrência de um grave problema cardíaco.
Recife, 22 de dezembro de 2004.
Fontes consultadas
MELLO, Frederico Pernambucano de; ARAGÃO, Creusa (Org.) Nilo Pereira: tempo e circunstância. Recife: Fundaj. Ed. Massangana, 2001. 40p.
NILO Pereira (quadro). Disponível em: <http://www.cec.pe.gov.br/nilopereira.html>. Acesso em: 27 abr. 2002.
D`OLIVEIRA, Fernanda. Nilo Pereira: a raça de um homem múltiplo. Recife: Assembléia Legislativa do Estado de Pernambuco, 2001. 128p. il.
PEREIRA, Geraldo. Nilo Pereira revisitado, uma biografia reduzida. Ciência & Trópico, Recife, v.29, n.1, p.205-218, 2001.
Como citar este texto
GASPAR, Lúcia. Nilo Pereira. In: PESQUISA Escolar. Recife: Fundação Joaquim Nabuco, 2004. Disponível em:https://pesquisaescolar.fundaj.gov.br/pt-br/artigo/nilo-pereira/. Acesso em: dia mês ano. (Ex.: 6 ago. 2020.)