A Ilha de Marajó fica localizada ao Norte do Pará, distante aproximadamente 90 km da capital do estado, Belém. Com cerca de três mil ilhas e ilhotas, o Marajó é o maior arquipélago flúvio-marítimo do mundo e uma Área de Proteção Ambiental (APA). A ilha principal ocupa uma extensão de 50 mil m². O arquipélago possui 16 municípios: Afuá, Anajás, Bagre, Breves, Cachoeira do Arari, Chaves, Curralinho, Gurupá, Melgaço, Muaná, Ponta de Pedras, Portel, Salvaterra, Santa Cruz do Arari, São Sebastião da Boa Vista e Soure.
O nome da Ilha, segundo a teoria mais aceita, tem origem no vocábulo “Mibaraió”, que em Tupi significa “anteparo do mar” ou “tapamar”. O clima é quente e úmido, com temperatura média de 30 graus. Entre os meses de janeiro e maio, dois terços do território costuma ficar alagado pelas fortes chuvas. É banhada ao norte e leste pelo Oceano Atlântico e pelo rio Amazonas; e ao sul pelos rios Pará e Tocantins. A população da ilha é de 250.000 habitantes.
Acredita-se que a Ilha de Marajó tenha sido explorada pelo navegador português Duarte Pacheco Pereira em 1498, antes mesmo da descoberta do Brasil. À época da colonização, a Ilha de Marajó era densamente habitada por povos indígenas, que possuíam uma rede de trocas de matérias-primas e bens valiosos, o que logo chamou a atenção de companhias de comércio holandesas, inglesas e francesas, que chegavam à nova terra buscando matérias-primas e especiarias. Havia um interesse muito grande em dominar aquela região, por sua localização de fácil acesso às riquezas da região amazônica.
Perto do final do século XVI, os portugueses, que se julgavam donos do território, começaram a se incomodar com a presença dos comerciantes holandeses, ingleses e franceses na Ilha. Em cooperação com os índios, principalmente os Tupinambás, os portugueses montaram uma ofensiva para expulsá-los. Em 1616, fundou-se a cidade de Belém, consolidando o domínio português na região.
Porém as boas relações com os indígenas começaram a declinar por conta das expedições portuguesas que escravizaram índios para trabalhos em lavouras e cidades. Acredita-se que cerca de 29 diferentes nações indígenas habitavam a Ilha. Esses povos, chamados genericamente de Nheengaíbas (em Tupi quer dizer "gente de fala incompreensível"), falavam várias línguas diferentes, localizavam-se na parte central da ilha e tinham, em cada aldeia, um chefe principal. No fim do século XVIII, os portugueses já haviam removido praticamente toda a população indígena da área, seja por conflitos, seja pela sua transferência para outras localidades.
Somente na metade do século XIX é que a riqueza arqueológica oriunda dos povos indígenas da região começou a ser descoberta. Estima-se que os primeiros habitantes da Ilha tenham vivido há 5.000 anos, mas a maior parte de seus restos habitacionais foi destruída. Os vasos e objetos de cerâmica encontrados na região, tão belos e valorizados, são considerados um símbolo do estado do Pará, por representarem a cultura nativa da região. Alguns desses objetos datam de 400 a 1350 de nossa era. Infelizmente boa parte das preciosas cerâmicas marajoaras encontra-se hoje em coleções particulares e museus na Europa, Estados Unidos e Brasil. O maior acervo brasileiro de peças de cerâmica marajoara está hoje no Museu Paraense Emílio Goeldi e no Museu do Marajó, em Cachoeira do Arari.
As duas cidades mais populares do arquipélago são Soure e Salvaterra, com atrações típicas como o festival de quadrilhas e de boi-bumbá. A Festa de Nossa Senhora de Nazaré, que acontece em Soure, no mês de novembro, envolve toda a população da cidade.
A Ilha de Marajó se destaca, entre outras coisas, por ter o maior rebanho de búfalos do país e um dos primeiros do mundo, com cerca de 700 mil cabeças. A grande quantidade de rios, igarapés e campos alagados foi fator fundamental para o sucesso da criação dessa espécie de gado originária de países banhados pelo mar Mediterrâneo. A carne e o leite desses animais fazem parte das iguarias da culinária local. Além da criação de búfalos, a economia da ilha também é formada pela pesca, extração de madeira, açaí e borracha, e de um ainda pouco explorado ecoturismo.
Para chegar à ilha atualmente, o visitante pode optar por viajar de avião de pequeno e médio porte, balsa, ferryboat ou navio. Como forma de oferecer um acesso mais rápido à Ilha, o governo do Pará planeja colocar em funcionamento um serviço de lancha, em estilo catamarã, com capacidade para 150 pessoas.
Recife, 26 de maio de 2014.
Fontes consultadas
AGÊNCIA Pará de Notícias. Nova lancha vai agilizar o transporte de passageiros para o Marajó. 22 maio 2014. Disponível em: <http://www.agenciapara.com.br/noticia.asp?id_ver=101688>. Acesso em: 26 maio 2014.
ARTE Marajoara/Cerâmica Marajoara. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural Arte Visuais. 2006. Disponível em: <http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_ic/index.cfm?fuseaction=termos_texto&cd_verbete=5353>. Acesso em: 24 maio 2014.
ILHA de Marajó. In: PORTAL da Amazônia. Disponível em: <http://www.portalamazonia.com.br/secao/amazoniadeaz/interna.php?id=137>. Acesso em: 26 maio 2014.
MARAJÓ: ilha de muitos encantos. . Diário do Pará, Belém, 3 maio 2010. Disponível em: <http://diariodopara.diarioonline.com.br/N-88492-MARAJO++ILHA+DE+MUITOS+ENCANTOS.html>. Acesso em: 26 maio 2014.
SANTIAGO, Emerson. Ilha de Marajó. In: INFO Escola. Disponível em: <http://www.infoescola.com/geografia/ilha-de-marajo>. Acesso em: 26 maio 2014.
SCHAAN, Denise Pahl. De tesos e Igaçabas, de índios e portugueses: Arqueologia e história da Ilha de Marajó. Disponível em: <http://www.marajoara.com/Arqueologia_Historia_da_Ilha_Marajo>. Acesso em: 26 maio 2014.
UNIDADES de conservação do Brasil. APA Arquipélago do Marajó. Disponível em: <http://uc.socioambiental.org/uc/951>. Acesso em: 26 maio 2014.
Como citar este texto
MORIM, Júlia. Ilha de Marajó. In: PESQUISA Escolar. Recife: Fundação Joaquim Nabuco, 2014. Disponível em:https://pesquisaescolar.fundaj.gov.br/pt-br/artigo/ilha-de-marajo/. Acesso em: dia mês ano. (Ex.: 6 ago. 2020.)