O seringal, instalado em região rica de seringueiras, constituía a unidade básica da longa cadeia de transações em torno de um produto disputado pela sua utilidade, raridade e dificuldade de obtenção. Nele concentravam-se as únicas atividades produtivas da cadeia, embora fosse o local menos beneficiado, pela riqueza gerada no trabalho diuturno do corte da Hévea, no qual seringueiros e seringalistas eram explorados.
Constituído de um pequeno povoado de casas de madeira e palha, único investimento feito no local da produção, nele estavam localizados a casa do seringalista, os barracões dos aviamentos, os armazéns da borracha e as casas dos empregados ligados à administração. Situava- se em uma grande clareira da mata, com um porto e um pequeno campo, onde, entre os de maior progresso, desenvolvia-se uma agricultura de subsistência e a criação de alguns animais domésticos. A caça e a pesca estavam a cargo dos habitantes nativos, necessários aos serviços domésticos. Em muitos deles, a figura do seringalista, já enriquecido e morador da capital, era substituída pela de um preposto, gerente ou arrendatário.
O trabalho iniciava-se pela madrugada ainda escura, com o sangramento das árvores e a colocação das tijelas. Continuava com o recolhimento do látex, e terminava à noite com a defumação. Tudo isto processava-se sob uma nuvem de insetos e com o perigo constante dos ataques de animais e dos índios. A alimentação única era o xibé ou a jacuúba, misturas de farinha com água. Os de saldo podiam ter o jabá, o feijão, a rapadura e a cachaça, e, com a arma de fogo adquirida a peso de ouro, alguma caça, quando não ocorriam proibições. Os de família numerosa, às vezes organizavam pequenas roças, para amenizar a situação.
Acumulada a produção anual, ao término da safra, esta, levada à sede, era pesada e comprada a preços muito abaixo da cotação. Terminado o recolhimento da safra, a borracha cortada e selecionada pelas casas aviadoras, era vendida às firmas exportadoras, instaladas nas duas capitais regionais, Manaus e Belém.
Instrumentos dos Seringueiros
Latas - que são presas às seringueiras após a sangria para colher o látex.
Lamparina Poronga - lampião que vai preso na cabeça
Gato - para abrir a pela (látex defumado mas não beneficiado - veja foto no topo da página)
Faca - para sangrar a seringueira
Recife, 30 de março de 2010.
Como citar este texto
GASPAR, Lúcia. Borracha. In: PESQUISA Escolar. Recife: Fundação Joaquim Nabuco, 2010. Disponível em: https://pesquisaescolar.fundaj.gov.br/pt-br/artigo/borracha/. Acesso em: dia mês ano. (Ex.: 6 ago. 2020.)