Fundada em 1930, por Vicente Fittipaldi, Walter Cox e Ernani Braga, sob a denominação de Orquestra Sinfônica da Sociedade de Concertos Populares, a Orquestra Sinfônica do Recife (OSR) realizou seu primeiro concerto no dia 30 de julho de 1930, no Teatro de Santa Isabel, sob a regência do maestro Vicente Fittipaldi.
Em 1941, vinculada ao governo do estado de Pernambuco foi chamada de Orquestra Sinfônica de Pernambuco, sendo dirigida por Vicente Fittipaldi, convidado para o cargo pelo então secretário do Interior Arnóbio Tenório.
Em artigo publicado no Boletim da Cidade e do Porto do Recife, n. 5-6, de julho a setembro de 1942, Fittipaldi apresenta um relatório sumário das atividades da Orquestra:
[...] Vou, pois, sintetizar o ano e pouco de vida da “Sinfônica”, em alguns dados estatísticos: Concertos realizados: 14 (para operários, para colegiais, para as classes armadas, para a “Cultura”, para a “Pró-Música”, para o público em geral). Três regentes atuaram com a orquestra (entre êles, Sousa Lima, diretor da “Sinfônica de São Paulo). Como solistas, foram apresentados sete pianistas (Guiomar Novais e Sousa Lima à frente), quatro cantoras e um violonista. Quarenta e seis obras, de todos os gêneros, (gêneros sérios, já se vê!), grande parte em 1ª audição, foram executadas. Nesse número estão incluídas quatorze composições de autores brasileiros. No 1º concerto da atual temporada, compareceram ao teatro 1783 pessoas, sem contar as que voltaram para casa à falta de localidades. [...]
Por meio do Decreto nº 90, de 5 de abril de 1949, abaixo transcrito, a Orquestra Sinfônica de Pernambuco passou a denominar-se Orquestra Sinfônica do Recife, ficando subordinada à administração municipal:
ART. 1º A atual Orquestra Sinfônica de Pernambuco ficará diretamente subordinada à DIRETORIA DE DOCUMENTAÇÃO E CULTURA.
PARÁGRAFO ÚNICO – A Orquestra Sinfônica de Pernambuco passa a denominar-se Orquestra Sinfônica do Recife (O.S.R.).
ART. 2º Fica a Diretoria da Fazenda autorizada a receber dos cofres do Estadoa importância de que trata o artigo 2º do Decreto número 64, de 17 de março corrente acima referido.
ART. 3º A Diretoria de Documentação e Cultura tomará as necessárias providências no sentido de ser incluído no seu Regulamento, um capítulo especial, dedicado à regulamentação das atividades da O.S.R., dentro de prazo máximo de noventa (90) dias.
ART. 4º O presente decreto entrará em vigor na data de sua publicação.
Atualmente vinculada à Fundação de Cultura da Cidade do Recife, é a mais antiga orquestra sinfônica em atividade no Brasil.
Já foram seus regentes, além do fundador, o maestro Vicente Fittipaldi (1930-1961); Mário Câncio (1962-1974); Guedes Peixoto (1975-1984); Eleazar de Carvalho (1985-1988); Eugene Egan (1989); Arlindo Teixeira (1991), Diogo Pacheco (1992); Carlos Veiga (1993-2000) e Osman Giuseppe Gioia, a partir de 2001.
Nomes como Heitor Villa-Lobos, Francisco Mignone, Marlos Nobre, Guerra Peixe – que na década de 1970 atuou como primeiro trompista - Isaac Karabtchevsky e outros já regeram a OSR, que também recebeu músicos famosos como solistas, entre os quais José Siqueira, Artur Moreira Lima e Nelson Freire.
Sob os auspícios da Sociedade dos Amigos da Sinfônica, por ocasião do centenário do Teatro de Santa Isabel, em 1950, foram realizados concertos regidos pelos maestros Eleazar de Carvalho e Heitor Villa-Lobos.
Tendo como um dos seus objetivos atuais a aproximação com movimentos artísticos e a juventude local, tem incluído no seu repertório composições de músicos populares conhecidos como Chico Science, os Beatles e Pink Floid, assim como realizado incursões pela música popular brasileira, a exemplo dos concertos com Edu Lobo, Nelson Ayres, Grupo Pau Brasil, Mônica Salmaso.
Desde 2001, a OSR promove concertos oficiais, comunitários, populares e ao ar livre, todos de acesso gratuito, buscando contribuir para a democratização do acesso à cultura.
Atualmente, realiza, em média, 32 concertos por ano e, desde 2007, a Série Concertos Noturnos, onde apresenta programas de alto nível técnico, com solista ou regente convidado, assim como os Concertos ao Pôr do Sol, às 18h30, dirigidos a estudantes e trabalhadores.
Para comemorar seus 80 anos, em 30 de julho de 2010, a Orquestra Sinfônica do Recife promoveu apresentações gratuitas no Teatro de Santa Isabel e um concerto realizado na Igreja de Nossa Senhora da Conceição, no Morro da Conceição, em Casa Amarela.
Recife, 22 de outubro de 2010.
Fontes consultadas
FITTIPALDI, Vicente. Um pouco da vida da Sinfônica. Boletim da Cidade e do Porto do Recife, Recife, n. 5-6, jul./set. 1942.
ORQUESTRA Sinfônica do Recife. Contraponto, Recife, ano 3, n. 10, dez. 1949.
ORQUESTRA Sinfônica do Recife. Contraponto, Recife, ano 6, n. 13, dez. 1951.
ORQUESTRA Sinfônica do Recife. Disponível em: http://www.recife.pe.gov.br/2007/07/12/mat_145028.php. Acesso em: 22 out. 2010.
ORQUESTRA Sinfônica do Recife: 80 anos. Disponível em: http://www.teatrosantaisabel.com.br/conheca-o-teatro/sobre-a-orquestra.php. Acesso em: 21 out. 2010.
Como citar este texto
GASPAR, Lúcia. Orquestra Sinfônica do Recife. In: PESQUISA Escolar. Recife: Fundação Joaquim Nabuco, 2010. Disponível em: https://pesquisaescolar.fundaj.gov.br/pt-br/artigo/orquestra-sinfonica-do-recife/. Acesso em: dia mês ano. (Ex.: 6 ago. 2020.)