O Grupo Cultural Olodum foi fundado por moradores da Rua Maciel Cima, no bairro do Pelourinho, Salvador, Bahia, em 25 de abril de 1979. Nasceu como um bloco de carnaval estilo afro, tornando-se, mais tarde, uma Organização Não Governamental (ONG) do movimento negro da brasileiro, reconhecido como de utilidade pública pelo Governo do Estado da Bahia.
Os blocos de carnaval em geral são transitórios, porém o Olodum fez a diferença quando, a partir de 1983, começou a promover atividades culturais de caráter sociocomunitário, dando origem ao Grupo Cultural Olodum, Organização Não Governamental (ONG) do movimento negro brasileiro, com estatuto registrado e reconhecido pelo Governo da Bahia como sede de utilidade pública municipal e estadual.
O sucesso comercial do Grupo Cultural Olodum começou com a gravação do primeiro disco, "Egito, Madagascar", em 1987. Os discos subsequentes foram produzidos pelo próprio Grupo, que, a cada dia, crescia no controle artístico de todas as suas atividades, como shows e turnês internacionais. Passou a ser conhecido internacionalmente como um grupo de percussão afro-brasileira. Com o sucesso comercial, o Grupo Cultural Olodum pôde montar a infraestrutura necessária para o seu funcionamento, tendo ocupado durante algum tempo uma sede provisória. Depois, se mudaram para um prédio no Pelourinho, restaurado com recursos do Grupo e em conformidade com o projeto da arquiteta Lina Bo Bardi (Achillina Bo, mais conhecida como Lina Bo Bardi, foi uma arquiteta modernista ítalo-brasileira. Foi casada com o crítico de arte Pietro Maria Bardi, e sua obra mais conhecida é o projeto da sede do Museu de Arte de São Paulo - Masp).
Em 1990, o Grupo Olodum participou da música The Obvious Child, faixa do disco The Rhythm of the Saints, de Paul Simon (cantor e compositor norte-americano de folk e rock), e do seu videoclipe, que foi gravado no Pelourinho. Esse videoclipe foi exibido em vários países, abrindo portas para o sucesso internacional do Olodum, que passou a gravar com outros consagrados músicos nacionais e internacionais.
Gravou com Wayne Shorter, Michael Jackson, Jimmy Cliff, Herbie Hancock, Caetano Veloso, entre outros. Com a repercussão, o Grupo Olodum pôde divulgar para o mundo seus ritmos, que abrangem batuques africanos, reggae, samba e ritmos latinos.
O Olodum é uma ONG, entidade sem fins lucrativos e, ao mesmo tempo, é uma empresa. O Grupo Cultural Olodum é a unidade central que comanda as decisões, através de uma Diretoria Executiva eleita por voto direto para executar o mandato de três anos, podendo ser reeleita. Desta unidade central, surgem duas divisões: a Fundação Olodum, sem fins lucrativos, e o Bloco Olodum, empresa do grupo.
A Diretoria conta com o apoio do conselho fiscal, também eleito por voto direto, e um conselho consultivo, composto por pessoas indicadas por associados do Grupo Cultural Olodum. Cada área de atividade temática desenvolvida pelo Grupo tem seu coordenador, indicado pelos diretores.
A Fundação Olodum cuida de projetos sociais, como o Rufar dos Tambores e a Escola Criativa Olodum (que inclui o trabalho de intercâmbio internacional, com os Estados Unidos, África, Europa, Ásia e América Latina, o trabalho com o Grupo de Dança e o trabalho com o Bando de Teatro Olodum). A Escola ainda oferece uma formação complementar às crianças da comunidade do Maciel/Pelourinho. Já o Bloco Olodum cuida dos interesses econômicos e comerciais, como a Fábrica de Carnaval, a Butique Olodum e toda a estrutura do Carnaval Olodum, incluindo a Banda, os discos e os shows.
O Grupo Cultural Olodum desenvolve ações de combate à discriminação racial, procura elevar a estima e o orgulho dos afrodescendentes e luta para garantir os direitos humanos e civis dos excluídos, não só no Estado da Bahia, mas em todo o território nacional. A luta do Grupo Cultural Olodum serve de exemplo para outros grupos de afrodescendentes.
As cores do Olodum são conhecidas internacionalmente como as cores da diáspora africana e representam uma identidade internacional contra o racismo e a favor dos povos descendentes da África. O Olodum é representado pelas cores: verde, vermelho, amarelo, preto e branco, que são cores do Pan-Africanismo, sintetizadas da seguinte maneira: o verde, as florestas equatoriais da África; o vermelho, o sangue da raça negra; o amarelo, o ouro da África; o preto, o orgulho da raça negra; o branco, a paz mundial. A palavra Olodum é de origem iorubá e, no ritual religioso do candomblé, significa Deus dos Deuses ou Deus Maior.
Recife, 30 de setembro de 2011.
Fontes consultadas
FISCHER, Tânia et al. Olodum: a arte e o negócio. Revista de Administração de Empresas, São Paulo, v. 33, n. 2, p. 90-99, mar./abr. 1993.
OLODUM (site oficial). Disponível em: http://olodum.uol.com.br. Acesso em: 5 out. 2011.
SILVA, Kátia de Melo e. Grupo Cultural Olodum. Cadernos de Pesquisas, São Paulo, n. 63, p. 117-118, nov. 1987.
Como citar este texto
ANDRADE, Maria do Carmo. Olodum. In: PESQUISA Escolar. Recife: Fundação Joaquim Nabuco, 2011. Disponível em: https://pesquisaescolar.fundaj.gov.br/pt-br/artigo/olodum/. Acesso em: dia mês ano. (Ex.: 9 set. 2020.)