Natal do Menino Jesus
Última atualização: 13/09/2022
Época do ano em que o mundo se veste de um colorido inigualável enquanto as pessoas se revestem de sentimentos mais puros. Momento propício para renovar amizades e perdoar desavenças, tempo mágico e nostálgico onde a sensibilidade e a esperança invadem os corações. Todo o clima que envolve o Natal faz com que as pessoas se tornem mais emotivas porque, normalmente, são tomadas por reflexões mesmo aquelas que não são cristãs. Provavelmente, porque as confraternizações e retrospectivas do ano direcionam nossos olhares para dentro de nós mesmos tornando-nos mais sensíveis para alguns aspectos da vida, principalmente o familiar. Nesse período também, normalmente, as pessoas se tornam mais caridosas e solícitas como se o “espírito de natal” pairasse no ar.
Mas o que significa Natal? A palavra natal vem do latim nātālis e deriva do verbo nāscor que significa nascer. De nātālis originou-se também natale em italiano, noël em francês, nadal em catalão e natal em castelhano que foi substituída posteriormente por navidad. Já a palavra Christmas, do inglês, evoluiu de Christes maesse ('Christ's mass') que quer dizer Missa de Cristo.
"A Noite de Natal é mais que uma festa cristã, é um símbolo universal celebrado por todas as famílias do mundo, até mesmo as não-cristãs. A humanidade fica tomada pelo supremo sentimento de amor ao próximo e a Terra fica impregnada do espírito sereno da paz de Cristo, que só existe entre os seres humanos de boa vontade" (25 DE DEZEMBRO..., 2015?).
A palavra Natal se refere a nascimento ou ao local onde alguma pessoa nasceu. O significado da festa do Natal é o nascimento de Jesus Cristo e sua comemoração anual, no dia 25 de dezembro, acontece desde o século IV pela Igreja Ocidental e desde o século V pela Igreja Oriental. Muitos historiadores afirmam que a primeira celebração foi em Roma, no ano 336 d.C. No entanto, parece que os primeiros registros do Natal têm origem mais antiga pois, na Turquia, o 25 de dezembro já era comemorado em meados do sec II. De acordo com Linhares (1981) essa data é simbólica pois foi fixada pelo Papa Júlio I, no século IV, para festejar o nascimento do Filho de Deus feito Homem.
Existe grande especulação acadêmica a respeito do início da comemoração do Natal, porém alguns afirmam que a data começou a ser celebrada em substituição à festa pagã da Saturnália que, por tradição, durava cerca de sete dias e acontecia entre 17 e 25 de dezembro. Alguns escritores cristãos primitivos associavam o renascimento do sol (comemorado na Saturnália) com o nascimento de Jesus. A celebração teria sido instituída como uma tentativa de facilitar a aceitação do cristianismo entre os pagãos.
A Saturnália era um festival romano que ocorria no mês de dezembro - época do ano em que o Sol atinge o maior grau de afastamento angular do equador, no seu movimento aparente no céu. Era celebrada no dia 17 de dezembro, mas no decorrer dos anos, foi ampliada para uma semana inteira, terminando a 25 de dezembro). Essa celebração era uma das mais populares em Roma pois marcava o fim do ano agrário – a agricultura era a atividade que representava o meio de subsistência para os camponeses e a fonte de renda das elites – e religioso. Costumava-se inverter a ordem social nesses dias - os serviçais se vestiam como patrões e se portavam como iguais, e, havia também o costume de visitar os amigos e trocar presentes que eram pequenas estatuetas ou figuras de terracota (argila cozida no forno) ou prata chamadas sigillarias ou velas de cera.
"E a Saturnália de fato continuou sendo celebrada, como Brumália (de bruma, solstício de inverno) até a era cristã, quando, em meados do século IV d.C., seus rituais acabaram absorvidos pela celebração do Natal" (LEITE, 2006, p.107).
Na Bíblia não encontramos nenhuma alusão ao dia exato em que Jesus nasceu, motivo pelo qual a festa, no início, não fazia parte das tradições cristãs. Segundo Parentoni (2015), na Antiguidade, o Natal era comemorado em várias datas diferentes pois não se sabia com exatidão a data do nascimento de Jesus. Alguns estudiosos afirmam no entanto, que Jesus teria nascido em abril. O imperador romano Constantino (século IV) se declarou cristão e escolheu a data de 25 de dezembro pelo costume da festa pagã. Dessa forma, o cristianismo foi popularizado e ganhou centenas de milhares de adeptos. Um decreto do Papa Júlio I, no ano 350 d.C., de acordo com diversos autores, determinou a substituição da veneração ao sol pela data em que teria nascido Jesus, o Salvador dos homens.
O Antigo Testamento já previa a vinda de Cristo e duas das mais importantes profecias são encontradas em Isaías 7:14: "Portanto o Senhor mesmo vos dará um sinal: eis que uma virgem conceberá, e dará à luz um filho, e será o seu nome Emanuel." e Isaías 9:6: "Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; e o governo estará sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai Eterno, Príncipe da Paz." (BÍBLIA, 1969, p. 736; 739).
Os relatos do nascimento de Jesus registrados na Bíblia são encontrados principalmente nos Evangelhos de Lucas e Mateus e em alguns textos apócrifos (alguns escritos de assuntos sagrados que não têm sua origem comprovada, mas que tiveram muita aceitação. Existem vários livros apócrifos, principalmente do Novo Testamento).
Os Evangelhos de Lucas e Mateus contam que Jesus nasceu em Belém, na província romana da Judeia. Lucas relata que José e Maria, os pais de Jesus, teriam viajado de Nazaré para Belém para comparecer a um censo. Jesus nasceu durante a viagem sendo colocado numa manjedoura, os Anjos o proclamaram “Salvador do Mundo” e pastores vieram adorá-lo. No Evangelho de Mateus, três Reis Magos seguiram uma estrela até Belém para levar presentes ao menino nascido, o "rei dos judeus". Depois disso, o rei Herodes temendo ameaças a seu poder teria ordenado o massacre de todos os garotos da cidade com menos de dois anos, fato esse que sugere que os Reis Magos chegaram a Belém meses após o nascimento do Menino Jesus. A família de Jesus conseguiu escapar depois de José ter sido avisado por um anjo em sonho que fugisse para o Egito, pois Herodes pretendia encontrar e matar a criança. Depois que Herodes morreu, a família foi para a Galiléia e se fixou em Nazaré para cumprir a profecia segundo Mateus 2:23: “Ele será chamado Nazareno”.
O nascimento de Jesus teve consequências importantes no debate sobre a pessoa de Cristo desde os primeiros dias do cristianismo. A cristologia em Lucas se centraliza nas manifestações divina e terrena da existência de Cristo; já a de Mateus se volta para sua missão e seu papel como Salvador da Humanidade.
Segundo o Evangelho de Mateus, a Estrela de Belém revela o local do nascimento de Jesus para três "magos" ou "sábios” que viajaram até Jerusalém vindos de um país desconhecido do Oriente. Esses ficaram conhecidos como os três Reis Magos e chegaram até o local do nascimento de Jesus guiados por uma estrela. Ao chegarem onde se encontrava o menino eles o presentearam e o adoraram. Os presentes foram: ouro, incenso e mirra. O costume de dar presentes no Natal todavia vem da antiga festa pagã e não do fato dos Reis Magos terem presenteado o Menino Jesus pois isso ocorreu devido a um antigo costume Oriental que consistia em levar presentes ao rei ao serem apresentados à ele. Jesus era considerado o Rei dos Judeus e, portanto, eles deveriam levar oferendas.
Existe uma simbologia para os presentes que o Menino Jesus recebeu. Na Antiguidade, o ouro era o presente que se dava para um rei, o incenso era para presentear um sacerdote e a mirra, para um profeta, portanto, simbolicamente, os presentes representavam a posição de Jesus como Rei dos Reis, a sua espiritualidade e a sua imortalidade.
Atualmente, a maneira como a humanidade comemora o Natal pouco tem a ver com o nascimento de Jesus. Na maioria das vezes, as pessoas se preocupam apenas em vivenciar o lado mais comercial da festa e trocar presentes. Os cristãos, entretanto, comemoram de fato o nascimento de Jesus. A principal celebração católica é conhecida como a Missa do Galo na véspera de Natal que começa à meia-noite do dia 24 para o dia 25 de dezembro. A véspera de Natal é marcada tradicionalmente com uma Ceia e a troca de presentes se dá à meia-noite do dia 24 de dezembro.
As pessoas costumam, nessa época do ano, decorar suas casas com enfeites diversos para criar o clima natalino. Os símbolos do Natal mais comuns em diversos países são a árvore de natal e o presépio.
A tradição de montar presépios teve início no século XIII com São Francisco de Assis. O presépio representa todo o cenário do nascimento de Jesus Cristo: o Menino Jesus numa manjedoura, os pais dele: Maria e José, alguns animais e a visita dos três Reis Magos.
As árvores de Natal decoradas também proporcionam ao Natal um clima muito especial. Alguns acreditam que esta tradição começou em 1530, na Alemanha, com Martinho Lutero pois ele teria ficado impressionado com a beleza de pinheiros cobertos de neve ao caminhar pela floresta que junto com a beleza das estrelas no céu ajudaram a compor a imagem que ele reproduziu posteriormente com galhos de um pinheiro em sua casa, algodão (que lembra a neve), velas e outros adereços, (simbolizando a beleza e o brilho das estrelas). Os alemães teriam levado a tradição para o continente americano durante o período colonial. No Brasil as árvores de Natal começaram a aparecer em muitos lares cristãos apenas no início do século XX. Segundo a tradição a árvore de Natal deve ser montada aos poucos e estar totalmente pronta no dia 24 de dezembro e apenas deve ser desmontada no dia 6 de janeiro – Dia de Reis – que é quando se celebra o encontro dos três Reis Magos com o Menino Jesus, momento em que eles o adoram e o presenteiam.
Nessa época do ano, também se destacam as canções natalinas que exaltam o nascimento de Jesus e os valores cristãos bem como o amor e a fraternidade. No Brasil, não existe muito interesse pelas músicas como em outros países, principalmente os Estados Unidos. A canção que mais se destaca e que se mantém na mente dos brasileiros é Noite Feliz. As canções Sino de Belém e Natal das Crianças também são lembradas por alguns.
Mas de onde surgiu a figura do Papai Noel? Aquele velhinho barbudo com roupas vermelhas distribuindo presentes? Alguns estudiosos afirmam que esse personagem foi inspirado na figura de um bispo chamado Nicolau, nascido na Turquia em 280 d. C. Conta-se que esse bispo costumava ajudar as pessoas pobres deixando saquinhos com moedas próximos às chaminés das casas. A Igreja Católica o canonizou após vários relatos de milagres atribuídos a ele e passou a ser conhecido como São Nicolau. Inicialmente, Papai Noel era representado com uma roupa de inverno marrom ou verde escura, isso ocorreu até o final do século XIX. Apenas em 1886, o cartunista alemão Thomas Nast criou uma nova imagem para o bom velhinho com roupa nas cores vermelha e branca e cinto preto. Essa imagem se consolidou. Em 1931, uma campanha publicitária da Coca-Cola mostrou Papai Noel com o figurino criado por Nast, que coincidiam com as cores do refrigerante. O sucesso da campanha publicitária fez com que se espalhasse e se fixasse a imagem do bom velhinho pelo mundo que permanece até hoje. O Papai Noel na atualidade ainda ronda o imaginário infantil estando associado, no entanto, ao incentivo para a compra de produtos.
O Natal movimenta em grande escala a economia mundial pois as vendas aumentam consideravelmente em quase todas as áreas do comércio com ofertas de diversos produtos diferenciados entre presentes, brindes, decoração, alimentos e suprimentos.
Muito antes do Natal, os comerciantes se empenham em campanhas publicitárias para aumentar as vendas. Nos Estados Unidos, por exemplo, foi calculado que um quarto de todos os gastos pessoais acontece durante a “temporada de compras de Natal” que já começa em outubro.
Todas as manifestações do período de Natal como a iluminação, a decoração, a troca de presentes e o clima festivo nos envolve numa atmosfera de paz e alegria. O apelo consumista da época, no entanto, pode nos distanciar um pouco do verdadeiro sentido da celebração: o Natal do Menino Jesus!
CURIOSIDADES:
1- De acordo com a pesquisadora Ribeiro (2015?), no Brasil, o Natal começou a ser comemorado no século XVII com uma espécie de “barraca de Natal” montada à frente da capela dos engenhos com doces e salgados feitos pelas cozinheiras escravas. Tanto os escravos quanto os senhores armavam o presépio de figuras de barro misturando a tradição do Reino de Portugal com as coisas “tupiniquins” (expressão usada para indicar os costumes indígenas).
2- Qual o nome do Papai Noel em outros países? Vejamos alguns deles:
- Alemanha: Weihnachtsmann (Homem do Natal)
- Argentina, Espanha, Colômbia, Paraguai e Uruguai: Papá Noel (Papai Noel)
- Chile: Viejito Pascuero (Velhinho do Natal –No Chile o Natal se chama Pascua)
- França: Père Noël (Papai Noel)
- Itália: Babbo Natale (Papai Noel)
- México e Estados Unidos: Santa Claus (São Nicolau)
- Holanda: Sinterklass (São Nicolau)
- Portugal: Pai Natal (Pai do natal)
- Inglaterra: Father Christmas (Papai Noel)
3- Em muitos países da Europa a tradição de receber presentes acontece no Dia de Reis (6 de janeiro). Na Espanha, por exemplo, existe uma tradição que incentiva as crianças a deixar sapatos na janela com capim antes de dormirem para alimentar os camelos dos Reis Magos para que possam seguir viagem. Os Reis magos em retribuição deixam doces e presentes que elas encontram ao acordar.
Recife, 20 de outubro de 2015.
Fontes consultadas
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BÍBLIA, Português. A Bíblia Sagrada: Antigo e Novo Testamento. Tradução de João Ferreira de Almeida. ed. rev. e atual. no Brasil. Brasília: Sociedade Bíblica do Brasil, 1969.
DUTRA, Émerson Garcia (Pr.). O Natal cristão. 2008. Disponível em: <http://www.iprb.org.br/artigos/textos/art151_199/art171.htm>. Acesso em: 14 out. 2015.
LEITE, Leni Ribeiro. Satunália – Tempo de Presentes. In: SEMANA DE ESTUDOS CLÁSSICOS, 25., 2006, Rio de Janeiro. Anais..: intertextualidade e pensamento clássico. Rio de Janeiro: Serviço de Publicações/FL-UFRJ, 2006. p. 103-108. Disponível em: <http://www.letras.ufrj.br/pgclassicas/SEC-Textos-2005.pdf>. Acesso em: 16 out. 2015.
LINHARES, Thelma Regina Siqueira. Natal. 2008. Disponível em: <http://thelmaregina.blogspot.com.br/2008/12/natal.html>. Acesso em: 15 out. 2015
LINHARES, Thelma Regina Siqueira. Natal. Folclore, Recife, n. 117, dez. 1981.
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RIBEIRO, Fátima. A comemoração do Natal pelo mundo. Disponível em: <http://fae.br/portal/a-comemoracao-do-natal-pelo-mundo/>. Acesso em: 20 out. 2015.
25 DE DEZEMBRO – Natal de Jesus. In: PAULINAS. 2015? Disponível em: <https://www.paulinas.org.br/diafeliz/?system=santo&id=544>. Acesso em: 19 out. 2015.
Como citar este texto
VERARDI, Cláudia Albuquerque. Natal do Menino Jesus. In: PESQUISA Escolar. Recife: Fundação Joaquim Nabuco, 2015. Disponível em:https://pesquisaescolar.fundaj.gov.br/pt-br/artigo/natal-do-menino-jesus/. Acesso em: dia mês ano. (Ex.: 6 ago. 2020.)