Imagem card

Maestro Forró

Data Nasc.:
14/10/1974

Ocupação:
Músico, Maestro, Ator de teatro

 

Maestro Forró

Última atualização: 29/06/2022

Por: Cláudia Verardi - Bibliotecária da Fundação Joaquim Nabuco - Doutora em Biblioteconomia e Documentação

Francisco Amâncio da Silva nasceu em Recife no dia 14 de outubro de 1974. Filho de José Amâncio da Silva, conhecido como Zé Amâncio do Coco e da professora Maria da Penha, aos cinco anos já tocava zabumba.

Com suas vestimentas extravagantes e espalhafatosos óculos de sol o Maestro Forró, como é conhecido dirige o mais polêmico grupo do cenário musical pernambucano dos últimos tempos, a “Orquestra Popular da Bomba do Hemetério”.

E a música que Maestro Forró faz com a Orquestra Popular da Bomba do Hemetério é irrotulável, deliciosamente permissiva. Um aglomerado dos mais variados gêneros, estilos, ritmos regionais, enxertados com o que vier na cabeça do maestro. De um coral num frevo-de-rua a um blues num frevo-de-bloco; do maracatu ao samba de gafieira.(TELES,  2007, p. 75).

Segundo o próprio maestro ele teve a sorte de ter crescido vendo manifestações culturais na própria rua onde morava: reisados, macumba, Caboclinhos da Tribo Canindé, Maracatu Leão Coroado, repentistas amigos do pai dele, o próprio pai que fazia forró e alguns sanfoneiros bons como Manga rosa, Galeno da Sanfona e Pedro Coruja.

Atuou como arranjador e diretor musical em vários grupos, mesclando estilos e ritmos. Seu trabalho ganhou projeção quando passou a fazer turnês nacionais e internacionais com o Maracatu Nação Pernambuco. Esteve na Europa, China e Estados Unidos com o Nação Pernambuco. Foi então convidado a fazer arranjos para vários artistas pernambucanos, entre eles, Veio Mangaba, Banda Mundo Livre S/A, DJ Dolores e outros (MAESTRO, 2018, p. 1).
 
A performance cheia de gestos e pulos com que Maestro Forró rege a Orquestra Popular da Bomba do Hemetério fez com que o músico ganhasse notoriedade, se destacando sobretudo na época do carnaval.

Aprendeu a gostar de música com o pai que por sua vez aprendeu a tocar coco de roda com a mãe, se inspirou também no seu irmão Givanildo Amâncio que toca tuba, trompete e fagote. Foi por causa de seu irmão que o Maestro se apaixonou pelo trompete. 
O apelido veio da época em que ainda muito jovem demonstrava ter muito conhecimento sobre músicas de forró, fruto de sua convivência com seu pai.

No início dos anos 1990 foi convidado a encenar como ator de teatro, fato que foi fundamental para fortalecer sua experiência com a música e a dança já que, segundo o próprio Maestro trabalhar com ótimos atores e diretores melhorou sua performance. A experiência com o teatro, porém, durou pouco tempo segundo Nascimento (2010, p. 19) e a partir de meados do mesmo ano passou a dar aulas de música e a viajar pela Europa.

Seu contato com a música na Europa fez com que ele visse conexões com a música do Nordeste do Brasil.

Sentindo a necessidade de transformar essas misturas rítmicas em som, abriu sua casa para os ensaios em 2002, foi quando surgiu a Orquestra Popular da Bomba do Hemetério. Esse grupo começou a trabalhar com o Maestro Forró continuando o trabalho que ele começou na Europa de pesquisa, releitura e interação dos ritmos relacionando as novas expressões culturais com as questões de cidadania, autoformação e profissionalização. Em menos de um ano, de forma independente, conseguiram lançar dois CDS e um DVD que é vendido na barraca da mãe de Forró.

A Orquestra toca ritmos variados como o coco, valsa, rock, samba de gafieira, cavalo-marinho, xaxado, maracatu e foxtrote. Apesar de ter ficado conhecida por se apresentar na época carnavalesca, toca durante todo o ano e criou um espetáculo para o período junino: o Fole assoprado.

O artista que aprofundou os seus conhecimentos musicais na Universidade Federal da Paraíba, pretendia desmistificar a figura do maestro que usa fraque e mantém certa distância do público e até mesmo dos próprios músicos, no entanto, reconhece que faz parte da cultura deste meio artístico. Razão pela qual o maestro tem uma interação direta com os músicos e se veste com roupas coloridas e alegres.

Em entrevista Forró afirmou “Para mim a verdadeira globalização acontece através da cultura, da arte, da ação” (ASSIS, REZENDE; TAVARES, 2013, p.12).

No dia 5 de novembro de 2012, quarenta e um artistas brasileiros como Alceu Valença, por exemplo, receberam a Medalha da Ordem do Mérito Cultural no Palácio do Planalto em Brasília, entre eles estava também o Maestro Forró que recebeu a Medalha das mãos da própria ex-presidente do Brasil Dilma Rousseff.

O Maestro Forró tendo seu trabalho reconhecido nacionalmente recebeu recentemente (dia 23/03/2018) a maior comanda da Câmara do Recife, a Medalha do Mérito José Mariano, uma homenagem do então Vereador Almir Fernando, em reconhecimento à sua inegável contribuição para a arte e cultura não apenas da cidade do Recife como de todo o Estado de Pernambuco e do Brasil, por unir o erudito ao popular e dar maior expressividade às apresentações com suas performances criativas e inusitadas.

O Vereador Almir Fernando ressaltou também que já recebeu diversas honrarias como a Medalha Leão do Norte em 2011, a Ordem do Mérito Cultural em 2012 e o Prêmio da Música Brasileira, na Categoria regional com o CD #CabeçaNoMundo.
 
 
 
Recife, 30 de setembro de 2018.

Fontes consultadas

ASSIS, Luiza; RESENDE, Maria Paula; TAVARES, Roberto. A Alegria do Maestro Forró. Algomais, a. 7, n. 82, jan. 2013.

MAESTRO Forró [Foto neste texto]. Disponível em: <http://www.claudionorcavalcante.com.br/2017/02/maestro-forro-leva-frevo-mundo-atracao-da-4-noite-folia/> . Acesso em: 30 set. 2018.

MAESTRO Forró recebe Medalha do Mérito. 2018. Disponível em: <http://www.recife.pe.leg.br/noticias_antigas/maestro-forro-recebe-medalha-de-merito>. Acesso em: 30 set. 2018.

NASCIMENTO, Débora. Maestro Forró: da Bomba do Hemetério para o mundo. Continente, a. 10, p. 16-19, fev. 2010.

TELES, José. A música teatral do maestro Forró. Revista Continente Multicultural, a. 7, n. 76, p. 74-78, abr. 2007.

_____. Uma Orquestra herética. Revista Continente Multicultural, a. 7, n. 76, p. 79, abr. 2007.

VOZES da Zona Norte. 2012. Disponível em: <http://vozesdazonanorte.blogspot.com/2012/12/maestro-forro-recebe-em-brasilia.html>. Acesso em: 30 set. 2018.

Como citar este texto

VERARDI, Cláudia Albuquerque. Maestro Forró: músico, compositor e arranjador. In: PESQUISA Escolar. Recife: Fundação Joaquim Nabuco, 2018. Disponível em: https://pesquisaescolar.fundaj.gov.br/pt-br/artigo/maestro-forro-musico-compositor-e-arranjador/. Acesso em: dia mês ano. (Ex.: 6.ago.2020.)