[...] Um metro e noventa, cento e tantos quilos, eciano de primeira, acadêmico, culto, afável, carismático, boêmio, exímio conversador, anfitrião e gastrônomo famoso, Jordão era estimadíssimo no Recife. Os jantares e saraus literários de sua casa, de excelente biblioteca, no Rosarinho, no pé da ponte da Avenida Norte que ele denominou "ponte do jacaré", marcaram época nesta província, com a presença constante dos inseparáveis Mauro Mota, Paulo do Couto Malta e Marcel Morin, nosso cônsul da França, o popular Marcelo Amorim. [...]
Artur Carvalho, O príncipe Jordão, 1999.
Severino Jordão Emerenciano nasceu no município pernambucano de Catende, no dia 14 de fevereiro de 1919, filho de Afonso Elísio Emerenciano e Irene Jordão Emerenciano.
Fez o curso secundário no Colégio Manuel da Nóbrega, no Recife, e o curso pré-vestibular no Ginásio Pernambucano, onde obteve o primeiro lugar geral
Cursou a Faculdade de Direito do Recife, bacharelando-se em 1944, como o aluno laureado e o orador da turma.
Seu primeiro livro, A retirada para o Brasil, foi publicado no ano seguinte a sua formatura e, logo depois foi nomeado Promotor de Justiça na capital do Estado.
Bacharelou-se também em Biblioteconomia, em 1951, sendo aluno da primeira turma do Curso da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), cujo paraninfo foi o professor Edson Nery da Fonseca.
Idealizador e um dos responsáveis pela criação do Arquivo Público Estadual de Pernambuco – reestruturado na administração do governador José Neves Filho, em 1945 – foi seu primeiro diretor, ocupando o cargo com algumas interrupções, de 1945 a 1972, ano da sua morte.
Exerceu alguns cargos políticos, entre os quais, o de Secretário Geral do governo de Fernando de Noronha; o de Juiz do Tribunal Eleitoral e o de Chefe da Casa Civil, do Governo Cid Sampaio.
Foi também professor de História da Literatura Portuguesa, na Faculdade de Filosofia da Universidade do Recife, onde criou, em 1954, o Instituto de Estudos Portugueses.
Membro da Academia Pernambucana de Letras foi secretário do órgão durante a gestão de Valdemar de Oliveira, que no seu livro de memórias Mundo submerso traz um trecho com o seguinte depoimento:
[...] Não esqueço os muitos outros colaboradores que, em doze anos de Presidência, tive. Mas, se destaco Jordão Emerenciano é que nele encontrei, mais que um simples redator de atas e de ofícios, um grande animador de iniciativas culturais do mesmo modo que um lúcido Chefe de Cerimonial, de que, parece-me, deveriam prover-se todas as Academias, tão letradas devem elas ser quanto mundanas, seguindo a linha fidalga de Jordão.
Escritor e jornalista, colaborador do Jornal Pequeno, Jordão Emerenciano é autor de vários livros e artigos de periódicos, entre os quais podem ser destacados:
Livros e folhetos:
A retirada para o Brasil (1945);
Apontamentos para a narrativa feliz da empresa da 2ª Batalha dos Guararapes (1949);
Edgar Allan Poe o homem, o temperamento (1950);
Jose Mariano ou o elogio da tribuna (1953);
Silvino Lopes: o homem e a obra (1959);
Três instrumentos de trabalho: fontes básicas para estudos portugueses (1965);
A conjuntura açucareira em Pernambuco (1965);
Contribuição bibliográfica para estudantes brasileiros de literatura portuguesa (1966);
Artigos de revistas: Notas à margem da interpretação marxista da história (1946);
Interpretação de Pernambuco flamengo (1947);
Plano de altos estudos (1947);
Vauthier no Arquivo Público (1948);
Joaquim Nabuco e a igreja (1949);
Centenário de Pereira da Costa (1952);
Guararapes e a unidade brasileira (1971);
Francisco do Rego Barros, Conde da Boa Vista (1972).
Foi agraciado com várias condecorações, entre as quais a de Comendador da Ordem Militar de Cristo (Governo Português, 1948); a da Ordem do Mérito da Áustria (1950) e a Comenda do Mérito, concedida pelo governo argentino, em 1962.
Era membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro; do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano e do Instituto de Cultura de Coimbra, Portugal.
Jordão Emerenciano morreu no Recife, em 17 de fevereiro de 1972.
Recebeu diversas homenagens póstumas, entre as quais da Prefeitura do Recife, que instituiu, em 1972, o Prêmio Jordão Emerenciano, destinado ao melhor livro de ensaio; o Instituto de Estudos Portugueses e o Arquivo Público Estadual de Pernambuco passaram a denominar-se Associação de Estudos Portugueses Jordão Emerenciano e Arquivo Público Estadual Jordão Emerenciano. A turma de bacharéis em Direito da UFPE do ano de 1972, também foi denominada Turma Jordão Emerenciano.
Recife, 29 de março de 2010.
Fontes consultadas
O mestre Jordão Emerenciano. Disponível em: <http://www.diariodepernambuco.com.br/2009/06/07/urbana9_0.asp>. Acesso em: 25 mar. 2010.
CARVALHO, Arthur. O príncipe Jordão. Disponível em: <http://www2.uol.com.br/JC/_1999/2403/art2403.htm>. Acesso em: 25 mar. 2010.
OLIVEIRA, Valdemar. Mundo submerso: memórias. 3. ed. Recife: Fundação de Cultura Cidade do Recife, 1985. p. 227-231.
PERÉA, Romeu. Jordão Emerenciano: homem de vida interior. Caderno Moinho Recife, Recife, n. 10, p. 31-34, dez. 1972.
SILVA, Jorge Fernandes da. Vidas que não morrem. Recife: Gráfica J. Luiz Vasconcelos, 2000. v. 2, p. 135-137.
Como citar este texto
GASPAR, Lúcia. Jordão Emerenciano. In: PESQUISA Escolar. Recife: Fundação Joaquim Nabuco, 2010. Disponível em: https://pesquisaescolar.fundaj.gov.br/pt-br/artigo/jordao-emerenciano/. Acesso em: dia mês ano. (Ex.: 6 ago. 2020.)