João Cabral de Melo Neto nasceu no dia 9 de janeiro de 1920, no Recife, Pernambuco, filho de Luiz Antonio Cabral de Melo e Carmem Carneiro Leão.
Era primo pelo lado paterno do poeta Manuel Bandeira e de Gilberto Freyre pelo lado materno.
Seus primeiros dez anos de vida foram passados nos engenhos de açúcar pernambucanos Poço do Aleixo, em São Lourenço da Mata, Pacoval e Dois Irmãos, no município de Moreno.
Em 1930, a família voltou a morar no Recife, onde João cursou o secundário no Colégio de Ponte d'Uchoa, dos Irmãos Maristas.
Aficcionado do futebol, foi jogador pelo time juvenil do Santa Cruz Futebol Clube, do Recife, conseguindo o título de campeão em 1935.
Seus primeiros empregos foram na Associação Comercial de Pernambuco e no Departamento de Estatística do Estado de Pernambuco.
Em 1938, aos 18 anos de idade, começou a freqüentar o Café Lafayette,reduto da intelectualidade recifense, onde conviveu com vários escritores e o pintor Vicente do Rego Monteiro, recém-chegado de Paris.
Em 1940, foi morar com a família no Rio de Janeiro, onde conheceu Murilo Mendes, Carlos Drummond de Andrade, Jorge de Lima e outros intelectuais da época.
Lançou, em 1940, seu primeiro livro de poesia Pedra do sono, em edição custeada por ele próprio, com tiragem de 340 exemplares.
Ingressou, por concurso, no Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP), em 1943, e começou a freqüentar rodas literárias cariocas. Em 1945, fez novo concurso para ingressar no Itamaraty, conseguindo ser aprovado e nomeado em dezembro.
Casou-se, em fevereiro de 1946, com Stella Maria Barbosa de Oliveira, com a qual teve cinco filhos: Rodrigo (1946), Inês (1948), Luiz (1949), Isabel (1955) e João (1964).
Durante sua carreira diplomática, de 1946 a 1990, quando se aposentou como embaixador, foi indicado para exercer diversos cargos em consulados de várias locais, entre os quais Barcelona, Sevilha, Madri, Londres, Marselha, Genebra, Berna, Dacar, Mauritânia, Mali, Quito, Porto, sendo também nomeado embaixador do Brasil em Honduras (1981).
Em 1956, a editora José Olympio lançou sua obra mais conhecida Morte e vida Severina: auto de Natal pernambucano, 1954-1955, com a qual recebeu o prêmio de Melhor Autor Vivo, no Festival de Nancy. Ganhou diversos outros prêmios por suas obras: Criadores de Cultura, da Prefeitura do Recife; Luis de Camões, concedido pelos governos de Portugal e do Brasil e considerado o mais importante prêmio para escritores de língua portuguesa; Pedro Nava; Casa das Américas, concedido pelo Estado de São Paulo; o Jabuti, pela Câmara Brasileira do Livro e o Neustadt International Prize for Literature, da Universidade de Oklahoma, nos Estados Unidos.
Em 1968, é eleito para a vaga de Assis Chateaubriand na Academia Brasileira de Letras, tomando posse em 1969.
Recebeu inúmeros títulos honoríficos, entre os quais a Grã-Cruz da Ordem de Rio Branco (1974); a comenda de Grande Oficial da Ordem do Mérito do Senegal (1976); a Grã-Cruz da Ordem Zila Mamede (1980); os títulos de DoutorHonoris Causa das Universidades Federal do Rio Grande do Norte (1982) e Federal de Pernambuco (1986).
Em 1986, após a morte de sua mulher, casou-se com a poetisa Marly de Oliveira.
Em 1990, aposentou-se como embaixador e, no mesmo ano, foi eleito para a Academia Pernambucana de Letras, no Recife.
É autor, entre outras, das seguintes obras: Considerações sobre o poeta dormindo (1941); Pedra do sono (1942); Os três mal-amados (1943); O engenheiro (1945); Psicologia da composição com a fábula de Anfion e Antiode(1947); Joan Miró (1950); O rio ou Relação da viagem que faz o Capibaribe de sua nascente à cidade do Recife (1954); Morte e vida Severina: auto de natal pernambucano, 1954-1955 (1956); Quaderna (1960); Dois parlamentos (1961);A educação pela pedra (1966); O Arquivo das Índias e o Brasil (1966); Museu de tudo (1975); A escola das facas, poesias, 1975-1980 (1980); Auto do frade(1984); Crime da Calle Relator (1987); Primeiros poemas (1990); Sevilha andando (1990).
Algumas das suas obras foram traduzidas para o francês, o espanhol, o alemão, o inglês, o italiano e o holandês.
Tinha uma dor de cabeça constante e descobriu que sofria de uma doença degenerativa incurável, que causaria, aos poucos, a perda da visão, fazendo-o parar de escrever e ficar depressivo.
Morreu no Rio de Janeiro, aos 79 anos de idade, no dia 9 de outubro de 1999.
Recife, 21 de dezembro de 2004.
Fontes consultadas
JOÃO Cabral de Melo Neto. São Paulo: Instituto Moreira Salles, 1996. 131 p. (Cadernos de literatura brasileira, 1).
Como citar este texto
GASPAR, Lúcia. João Cabral de Melo Neto. In: PESQUISA Escolar. Recife: Fundação Joaquim Nabuco, 2004. Disponível em: https://pesquisaescolar.fundaj.gov.br/pt-br/artigo/joao-cabral-de-mello-neto/. Acesso em: dia mês ano. (Ex.: 6 ago. 2020.)