"A vida é tudo o que tenho.
A vida e somente a vida.
É sobre ela que estou
construindo a minha obra."
Um artista vivido na mítica Escola de Paris, na vanguarda cubista, que assimilou o que de melhor havia e soube manter-se pessoal e brasileiro, Vicente do Rego Monteiro figurou na Semana de Arte Moderna de 1922 em São Paulo, ao lado de Anita Malfatti, Goeldi e Di Cavalcanti, entre outros. Entretanto, já era conhecido internacionalmente, visto que em 1913 ele expõe pela primeira vez no Salon des Indépendants em Paris, onde mantinha contato com artistas como Braque, Léger, Modigliani e Miró. Sua família mudara-se para Paris em 1911. Irmão mais novo dos também pintores Fédora e Joaquim do Rego Monteiro, Vicente, ainda adolescente, faz vários cursos de pintura.
Em 1914, com o início da Primeira Guerra Mundial, a família Monteiro deixa a França, estabelecendo-se no Rio de Janeiro. Alguns anos depois, Vicente organiza um grande espetáculo no Teatro Trianon, altamente elogiado pelo poeta e crítico Ronald de Carvalho, que sugeriu a Villa-Lobos que escrevesse música para o libreto. Nesse ano - 1921 - o pintor foi procurado por um comerciante de arte que lhe encomendou vários quadros. Ao procurá-lo, encontrou-o de partida para a Europa, pois havia tido prejuízos.
Decidiu, então, voltar para a França, não sem antes fazer presente dos trabalhos a Ronald de Carvalho. Entre eles, um nu cubista, selecionado pelo crítico para a Semana de 22. Passou por dificuldades mas manteve-se trabalhando como capista e ilustrador na imprensa. Em 1923 conhece o colecionador Felipe Leman, que atua para ele como um verdadeiro mecenas. Os críticos franceses chamam atenção para a qualidade do seu trabalho, destacando o vigor da concepção e a beleza da forma.
Além de talentoso, Vicente do Rego Monteiro era um homem conhecido pela disposição e alegria de viver. Venceu muitos concursos de dança de salão na Paris dos anos 20. Entre 1969 e 1970 fez várias viagens do Recife ao Rio de Janeiro, dirigindo um Gordini.
Fez seu nome na França não apenas como pintor, mas também como poeta. Sofisticado e racional, sua produção era tida em alta conta, a exemplo de Cartomancie, composto de pequenos poemas visuais editados em cartas de baralho. Grande nome do Modernismo, sua pintura elaborada não desprezava o entusiasmo por motivos populares.
Foi editor, automobilista, dançarino e ainda encontrou tempo para fabricar aguardente em Pernambuco, a famosa "Gravatá", citada em Morte e Vida Severina.
João Cabral de Melo Neto, lançado por ele na revista Renovação, recusa-se, no poema que leva o nome do artista, a chamá-lo de pintor ou professor. Palavras pobres, segundo ele, que não revelam seu caráter. Vicente é, diz o poeta, um inventor.
Recife, 25 de março de 2010.
Fontes consultadas
PIETÁ [Foto neste texto - Pintura Deposição - conhecida por Pietá]. Disponível em: https://virusdaarte.net/vicente-do-rego-monteiro-deposicao/. Acesso em: 04 fev. 2020.
Como citar este texto
Biblioteca Blanche Knopf. VICENTE, do Rego Monteiro. In: PESQUISA Escolar. Recife: Fundação Joaquim Nabuco, 2010. Disponível em: https://pesquisaescolar.fundaj.gov.br/pt-br/artigo/vicente-do-rego-monteiro/. Acesso em: dia mês ano. (Ex.: 6 ago. 2009.)