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Estandartes de agremiações carnavalescas

O estandarte carnavalesco é uma bandeira, normalmente retangular de pano sustentado por uma haste horizontal denominada travessa e por uma outra vertical chamada varão, desenhado e bordado decorativamente, representando alegorias e símbolos das agremiações.

Estandartes de agremiações carnavalescas

Artigo disponível em: ENG ESP

Última atualização: 22/11/2023

Por: Lúcia Gaspar - Bibliotecária da Fundação Joaquim Nabuco - Especialista em Documentação Científica

O estandarte carnavalesco é uma bandeira, normalmente retangular de pano sustentado por uma haste horizontal denominada travessa e por uma outra vertical chamada varão, desenhado e bordado decorativamente, representando alegorias e símbolos das agremiações.

É geralmente feito de veludo ou tafetá, com forro de cetim. Suas dimensões são variadas e chegam a pesar de quarenta a cinqüenta quilos, atingindo uma altura superior a quatro metros, quando levado pelo seu condutor, o chamado porta-estandarte.

O material utilizado consta, normalmente, de fios dourados, vidrilhos, miçangas, aljôfares (pérolas miúdas), pinturas e bordados.

Traz sempre no centro, o símbolo da agremiação, tanto nos clubes de frevo, como nos maracatus, caboclinhos, reisado imperial e nas troças.

O Vassourinhas tem como símbolo um anjo tocando trombeta; o Clube das Pás Douradas, uma boneca; o Galo da Madrugada, um galo cantando em um poleiro; O Prato Misterioso, um prato de metal; a Troça Pitombeira dos Quatro Cantos, um trecho da rua Prudente de Morais, nos Quatro Cantos, em Olinda; A Turma da Jaqueira Segurando o Talo, uma jaca.

O estandarte é considerado o elemento sagrado de todo o conjunto, o símbolo da honra e a bandeira de integração do grupo. Sua localização no desfile é previamente definida: na frente ou próximo à orquestra, sendo sempre protegido por uma “guarda de honra”.

É com o estandarte que a agremiação presta reverência às autoridades, aos seus protetores e saúda outras agremiações amigas quando há um encontro durante os desfiles.

É visto como um elemento onde está o valor e a imponência do grupo carnavalesco por ele representado, sendo confeccionado com muito cuidado, pois precisa representar bem o grupo com arte, beleza e riqueza.

Os estandartes das agremiações carnavalescas de Pernambuco possuem elementos comuns aos usados em procissões religiosas, tendo incorporado, principalmente, aqueles que haviam sido proibidos pela Igreja, nas procissões de Cinzas e Fogaréus: cordões de lanceiros, diabos, morcegos, damas de frente, bobos e mascarados.

Após a Abolição da escravatura, em 1888, os clubes carnavalescos surgiram em grande quantidade nos bairros recifenses de Santo Antônio, São José e Boa Vista, a exemplo do Clube das Pás Douradas (1888); Vassourinhas(1889); Lenhadores do Recife (1897), e outros no início do século XX, Toureiros de Santo Antônio (1914); Pão Duro (1916); Prato Misterioso (1919).

Um das mais antigas agremiações, o Lenhadores do Recife, conseguiu autorização por decreto do então governador de Pernambuco, Sigismundo Gonçalves (1899-1900), para usar as armas do Estado de Pernambuco no seu estandarte.

O porta-estandarte é o responsável pela condução, a coreografia e a guarda do estandarte. Tem orgulho da posição que ocupa, pois desfruta de umstatus elevado na agremiação. Conduz o estandarte apoiado num dos ombros, com o talabarte, um cinto de couro cruzado no peito, que termina numa cacheta de metal onde é encaixado o varão do estandarte.

Geralmente, seu traje é composto por uma peruca branca ou loira, camisa com babados e punhos de renda, jaqueta de cetim bordada com fios dourados e pedrarias, calça tipo pantalona, presa no joelho, meias de seda e sapatos de verniz com fivela dourada.

Sua coreografia, no compasso do frevo, lembra o minueto, a valsa e outras danças de salão do século XIX.

 

 

 

Recife, 27 de novembro de 2006.
 

Fontes consultadas

SILVA, Leonardo Dantas. Porta-estandarte, presença medieval no carnaval de Pernambuco. In: SOUTO MAIOR, Mário; VALENTE, Waldemar (Org.). Antologia pernambucana de folclore. Recife: Fundaj, Ed. Massangana, 1988.  p.165-169.

VALENTE, Waldemar. Gonfalões, bandeiras e estandartes. In: SOUTO MAIOR, Mário; VALENTE, Waldemar (Org.). Antologia do carnaval do Recife. Recife: Fundaj, Ed. Massangana, 1991. p.377-379.

Como citar este texto

GASPAR, Lúcia. Estandarte de agremiações carnavalescas. In: Pesquisa Escolar. Recife: Fundação Joaquim Nabuco, 2006. Disponível em: https://pesquisaescolar.fundaj.gov.br/pt-br/artigo/estandartes-de-agremiacoes-carnavalescas/. Acesso em: dia mês ano. (Ex.: 6 ago. 2020.)