O namoro pode ser considerado como manifestação inicial da tendência biológica a formação de pares heterossexuais por atração sexual que se desenvolve no homem a partir das mudanças orgânicas da adolescência e da puberdade. A tomada de consciência das diferenças de físico e de personalidade entre as pessoas de um e outro sexo ocasiona as primeiras tentativas de sedução e de estimulação afetiva recíproca (AZEVEDO, 1975, p.11).
Talvez pela importância do ritual do namoro, um dia em especial é dedicado aos apaixonados e comemorado com muitos presentes e juras de amor. Nesse dia, o comércio oferece e sugere inúmeras opções de presentes acessíveis a diferentes níveis de poder aquisitivo. Para marcar a data, alguns namorados aproveitam a ocasião para oficializar o namoro ou o noivado, enquanto muitos casados renovam os votos de compromisso mútuo.
Porém, a origem do dia dos namorados é controversa. Há várias versões. Uma delas nos remete a Roma antiga e a Lupercália, festa pagã em homenagem a Juno, deusa da fertilidade e do casamento. Nesta festa, os rapazes sorteavam o nome da moça que seria sua companheira durante o tempo que durasse o festival, geralmente um mês. Essa celebração ocorreu durante 800 anos, até que em 496 d.C., o Papa Gelásio I, proibiu e condenou oficialmente a festa pagã. Numa tentativa de cristianizá-la, substituiu-a pelo 14 de fevereiro, dia dedicado a São Valentim.
Outra versão diz que a data é em homenagem ao Bispo Valentim, mártir cristão que viveu na antiga Roma. Acredita-se que o bispo Valentim lutou contra as ordens do Imperador romano Claudio II, cuja determinação proibia o casamento durante as guerras acreditando que os solteiros eram melhores combatentes.
Conta-se que o Bispo Valentim, contrariando as ordens do Imperador, continuou celebrando os casamentos de jovens que o procuravam, por isso foi preso e condenado a morte. Durante o cumprimento de sua pena, Valentim se apaixonou pela filha de um carcereiro que o visitava regularmente e com quem se casou em segredo.
Valentim foi executado no dia 14 de fevereiro por volta do ano 270 d.C. e, antes de morrer, escreveu uma mensagem de adeus para sua amada, na qual assinava como “Seu Namorado” ou “De seu Valentim”. Valentim tornou-se um mártir para os cristãos e uma referência para os amantes. A partir dessa época, muitos jovens começaram a oferecer flores e bilhetes revelando que ainda acreditavam no amor, podendo daí ter surgido o costume da troca de mensagens e presentes no dia de São Valentim.
Outra teoria afirma que, na Idade Média, o dia 14 de fevereiro era o primeiro dia de acasalamento dos pássaros e por isso os namorados da Idade Média usavam esta ocasião para deixar mensagens de amor na soleira da porta da amada.
Diz-se também que no século XVII, ingleses e franceses passaram celebrar o dia de São Valentim como o dia de união dos apaixonados. A data foi adotada um século depois nos Estados Unidos como o hoje popular Valentine's Day.
Atualmente, esta data é muito associada com a troca mútua de recados de amor em forma de objetos simbólicos. Símbolos modernos incluem a silhueta de um coração e a figura de um cupido com asas. Iniciada no século XIX, a prática de recados manuscritos deu lugar à troca de cartões de felicitação produzidos em massa. Estima-se que mundo afora, aproximadamente um bilhão de cartões com mensagens românticas são enviados a cada ano, tornando este dia um dos mais lucrativos do ano para o comércio. O dia de São Valentim era, até algumas décadas, uma festa comemorada principalmente em países anglo-saxões. No entanto, ao longo do século XX, o hábito estendeu-se a muitos outros países.
No Brasil, a data é comemorada no dia 12 de junho, por ser véspera do dia do Santo Antonio. O santo português ficou conhecido como santo casamenteiro provavelmente em decorrência de suas campanhas favoráveis à família, que era combatida pelo Catarismo (movimento cristão iniciado no sul da França e no norte da Itália no século XI até meados do século XIV, considerado pela Igreja Católica uma perigosa heresia). Mesmo com o casamento em baixa na Idade Média, eram gerados filhos que o Catarismo condenava por acreditar que o mundo era impuro, mau e corrupto. Seus seguidores procuravam viver castos, puros e isolados do mundo, negando a validação do casamento.
Santo Antonio entrou definitivamente para o folclore brasileiro como o santo casamenteiro, preferido entre solteiros em busca de parceiro, e protetor dos namorados. Há muitas orações e simpatias criadas pelos devotos e principalmente pelos namorados de todo o Brasil. Dentre as várias orações dedicadas a Santo Antonio, destaca-se a seguinte:
Oração dos Namorados
Grande amigo Santo Antonio, tu que és o protetor dos namorados, olha para mim, para minha vida, para os meus anseios. Defende-me dos perigos, afasta de mim os fracassos, as desilusões, os desencantos. Faze que eu seja realista, confiante, digno (a) e alegre. Que eu saiba caminhar para o futuro e para a vida a dois com vocação sagrada para formar uma família. Que meu namoro seja feliz e meu amor sem medidas. Que todos os namorados busquem a mútua compreensão, a comunhão de vida e o crescimento na fé. Assim seja.
A data foi adotada por todo o comércio brasileiro a partir da iniciativa do publicitário João Dória que trouxe a idéia do exterior e a apresentou, inicialmente, aos comerciantes paulistas. A intenção era estimular a troca de presentes entre os apaixonados, reproduzindo assim o mesmo efeito das comemorações do Dia de São Valentim, equivalente simbólico dos países do hemisfério norte.
Recife, 28 de setembro de 2010.
Fontes consultadas
AZEVEDO, Thales de. Namoro à antiga: tradição e mudança. Salvador, 1975.
DIA dos namorados. Disponível em: <http://diadosnamorados.kazulo.pt/5832/fotos.htm>. Acesso em: 3 set. 2010.
ENCICLOPEDIA Brasileira Mérito. São Paulo: Ed. Mérito, 1964. v.20.
SÃO Valentim VS Lupercália. Disponível em: <http://pt.shvoong.com/humanities/485472-s%C3%A3o-valentim-vs-lupercalia/>. Acesso em: 3 set. 2010.
Como citar este texto
ANDRADE, Maria do Carmo. Dia dos Namorados. In: Pesquisa Escolar. Recife: Fundação Joaquim Nabuco, 2010. Disponível em: https://pesquisaescolar.fundaj.gov.br/pt-br/artigo/dia-dos-namorados/. Acesso em: dia mês ano. (Ex.: 6 ago. 2020.)