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Carlos de Lima Cavalcanti

Data Nasc.:
07/07/1892
Data de falecimento.:
19/09/1967
Ocupação:
Usineiro, Político
Formação:
Direito

Carlos de Lima Cavalcanti

Artigo disponível em: ENG ESP

Última atualização: 23/11/2022

Por: Virginia Barbosa - Bibliotecária da Fundação Joaquim Nabuco - Especialista em Biblioteconomia e História

O usineiro e político pernambucano Carlos de Lima Cavalcanti nasceu no Engenho Caeté, na cidade de Amaraji, município da Zona da Mata de Pernambuco, aos sete dias do mês de julho de 1892.

Diplomou-se em Direito pela Faculdade de São Paulo (1915), embora tenha iniciado o curso em 1910, na Faculdade de Direito do Recife.

Ainda jovem, abraçou a vida política filiando-se ao Partido Republicano Democrata (PRD), comandado pelo governador Manoel Borba (1915-1919) a quem se manteve aliado mesmo depois que o Partido sofreu profunda divisão.

Em 1918, seu pai faleceu e Carlos de Lima assumiu a direção da Usina Pedrosa, no município de Cortês, na Mata Sul de Pernambuco, de propriedade de sua família.

Elegeu-se deputado estadual em 1922, pela coligação Paz e Concórdia e renovou o mandato em 1925.

Engajado no rumo político do País e, principalmente, no de Pernambuco, apoiou a candidatura de José Rufino Bezerra Cavalcanti, correligionário de Manoel Borba, para governo estadual. Quando José Rufino faleceu, em 1922, grupos de políticos pernambucanos, entre eles Carlos de Lima Cavalcanti, escolheram e apoiaram para governar o estado, o juiz federal Sérgio Loreto (1922-1926). No primeiro ano de governo, Loreto decreta o fechamento das organizações sindicais, o que resultou no rompimento das relações políticas com boa parte dos políticos que o apoiavam. Inclusive, em 1926, Carlos de Lima Cavalcanti publicou o livro Pernambuco saqueado: reminiscências de um desgoverno, onde reúne entrevista, artigos e declarações com denúncias e acusações ao governador Sérgio Loreto, secretários e assessores.

A partir de então, ocorreram campanhas jornalísticas, lideradas por Carlos de Lima e seu irmão Caio de Lima, contra a oligarquia pernambucana e a política econômica do governo federal, representado pelo presidente Arthur da Silva Bernardes (1922-1926). Tais campanhas se intensificaram por volta de 1927 quando os irmãos passaram a se dedicar ao jornalismo e fundaram, no Recife, o Diário da Manhã e, logo depois, o Diário da Tarde, nos quais defendiam o ideário tenentista e atacavam o governador do estado de Pernambuco, Estácio Coimbra (1926-1930).

No Brasil, o período de 1930 a 1937 foi politicamente conturbado, uma vez que envolveu fatos que agregaram e romperam forças governamentais quer nacionais quer estaduais. Em março de 1930, Carlos de Lima apoiou o candidato Getúlio Vargas que concorria com Washington Luís à presidência da República. Como Getúlio saiu derrotado da campanha, em outubro de 1930, Lima Cavalcanti articulou, em Pernambuco, o movimento armado que deporia o presidente Washington Luís. Com o golpe, Vargas tornou-se presidente do Brasil e, como “prêmio” pelo apoio político, nomeou Carlos de Lima Cavalcanti interventor federal em Pernambuco (1930-1935).

Nos primeiros anos do novo regime de governo, o então interventor do estado de Pernambuco marcou sua atuação política pela defesa da sindicalização da classe operária, pelo incentivo às manifestações das forças populares e pelo combate às propostas de reconstitucionalização do País. Em paralelo, teve de administrar, em outubro de 1931, um levante armado deflagrado no 21º Batalhão de Caçadores, no Recife, que se rebelara contra o seu governo e que, com a ocupação de quartéis e delegacias, abalou o Recife por três dias. No final, os participantes do movimento foram presos e exilados em Fernando de Noronha, onde sofreram maus tratos e perseguições. Em 1932, deflagrada a Revolução Constitucionalista de São Paulo, Lima Cavalcanti enviou seis mil homens para auxiliar o governo federal no combate aos paulistas. Julgou que, com este ato recuperaria o seu prestígio em nível nacional, enfraquecido com a rebelião de 1931, no Recife. Também em 1932, iniciou as articulações que formalizaram a criação do Partido Social Democrático (PSD).

Em 1935, foi eleito pela Assembléia Legislativa governador constitucional de Pernambuco, cargo que ocupou até 1937. Formou um novo secretariado e, nesse período, tomou medidas consideradas como avanços sociais para a época: merenda escolar, escolas rurais, políticas urbanísticas e financeiras, melhorias nos hospitais, criou o Departamento de Assistência a Psicopatas, o Serviço de Higiene Mental; na área de educação criou as Escolas de Aperfeiçoamento, a Experimental, a Normal Modelo e a de Educação Física; incentivou a instrução rural nas escolas do interior, o ensino dos trabalhos manuais; oficializou as Escolas de Engenharia, de Medicina e a Superior de Agronomia; organizou a Brigada Militar.

Liderado por setores da Aliança Nacional Libertadora (ANL), em novembro de 1935, aconteceu o levante esquerdista contra o governo federal. Alguns membros do secretariado de Carlos de Lima, acusados de participar daquele movimento, foram afastados de seus cargos.

O prestígio de Lima Cavalcanti junto ao Presidente Getúlio Vargas, conquistado desde que fora interventor federal em Pernambuco, começou a diminuir. Alguns alegam que seus adversários políticos e ex-aliados, como Agamenon Magalhães, o acusaram de apoiar os revolucionários; outros, alegam o desapontamento do presidente Vargas ao saber do provável apoio de Lima Cavalcanti à candidatura de José Américo de Almeida à Presidência da República (1937). O fato é que, em novembro de 1937, após a decretação do Estado Novo (1937-1945), Carlos de Lima Cavalcanti foi deposto do governo pernambucano.

Getúlio Vargas o convida para assumir as embaixadas brasileiras na Colômbia (1938), no México (1939-1945) e em Cuba (1945).

Encerrada a ditadura e Getúlio Vargas deposto, Lima Cavalcanti voltou ao Brasil e retomou sua vida política: deputado constituinte (1945), eleito pela União Democrática Nacional (UDN) e deputado federal (1946-1954/1956-1959). Em 1954, o presidente Café Filho o nomeia presidente do Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA), função que exerceu até dezembro de 1955.

Carlos de Lima Cavalcanti faleceu em 19 de setembro de 1967, no Rio de Janeiro.

 

 

 
Recife, 20 de novembro de 2006.
 

Fontes consultadas

ANDRADE, Manuel Correia de. Revolução ou simples rebelião? In: ______. Pernambuco imortal: uma revolução se aproxima. Recife: Jornal do Commercio, 1995. Fascículo 11.

BORBA, Andréa de Miranda. Elites políticas nos anos trinta. Revista do Arquivo Público: 1930, 60 anos depois, Recife, v. 40, n. 43, p. 24-36, out. 1990.

CARLOS de Lima Cavalcanti. Disponível em: <http://www.cpdoc.fgv.br/nav_história/htm/biografias/ev_bio_carlosdelimacavalcanti.htm>. Acesso em: 23 out. 2006.

CARLOS de Lima Cavalcanti. Disponível em: <http://www.pe.gov.br/governo_galeria_carlos_cavalcanti.htm>. Acesso em: 23 out. 2006.

MACIEL, Ayrton. Carlos de Lima Cavalcanti: todo poder ao rei. Recife: Assembléia Legislativa do Estado, 2001. (Perfil parlamentar. Século XX, v. 5).

CARLOS de Lima Cavalcanti [Foto neste texto]. Disponível em: <http://www.pe.gov.br/governo/galeria-de-governadores/carlos-de-lima-cavalcanti/>. Acesso em: 19 jul. 2017.

SILVA, Jorge Fernandes da. Carlos de Lima Cavalcanti. In: ______. Vidas que não morrem. Recife: Secretaria de Educação do Estado/Departamento de Cultura, 1982. p. 115-120.

Como citar este texto

BARBOSA, Virginia. Carlos de Lima Cavalcanti. In: Pesquisa Escolar. Recife: Fundação Joaquim Nabuco, 2006. Disponível em:https://pesquisaescolar.fundaj.gov.br/pt-br/artigo/carlos-de-lima-cavalcanti/. Acesso em: dia mês ano. (Ex.: 6 ago. 2020.)