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Aníbal Fernandes

Data Nasc.:
30/12/1894

Ocupação:
Professor, Jornalista, Oficial de gabinete do governo, Secretário de justiça e instrução, Político

Formação:
Direito

Aníbal Fernandes

Artigo disponível em: ENG ESP

Última atualização: 26/07/2021

Por: Maria do Carmo Gomes de Andrade - Bibliotecária da Fundação Joaquim Nabuco - Especialista em Biblioteconomia

Aníbal Gonçalves Fernandes foi professor, jornalista, oficial de gabinete do governo Sérgio Loreto, secretário de justiça e instrução, deputado estadual, mas sua maior paixão foi o jornalismo. Também foi membro da Academia Pernambucana de Letras e do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano.

Nasceu em Nazaré da Mata, Pernambuco, a 30 de dezembro de 1894. Fez os estudos secundários no Colégio Salesiano do Recife e no Seminário de Olinda. Em 1915, formou-se em Direito pela Faculdade de Direito do Recife.

Sua vida de jornalista começou muito cedo, quando ainda era estudante. Foi colaborador do jornal Pernambuco, do professor Henrique Milet, no final de 1912. Inicialmente, trabalhou na revisão, sendo posteriormente transferido para redação. Em 1º de janeiro de 1913, teve publicada sua primeira crônica “Ano Novo”. O jornal de Henrique Milet deixou de existir após a edição de 12 de dezembro de 1914.

No Diario de Pernambuco, em 1917, recebeu a incumbência de redigir uma seção especializada, que intitulou “Em Torno da Guerra”, onde fazia um resumo semanal comentado sobre os acontecimentos do Velho Mundo. Essa seção permaneceu até o final da guerra, quando passou a sair com o nome “Em Torno da Paz”.

Ainda em 1917, foi à Europa, onde estudou arte religiosa, passando pela França, Itália e Suiça. De volta, foi eleito deputado estadual, quando então apresentou à Câmara o projeto criando a Inspetoria de Monumentos Nacionais, para projetar, conservar e restaurar o patrimônio histórico, artístico e cultural do estado.

Em 1919, iniciou no Diario de Pernambuco a seção “De Um e de Outros”. Foi professor de Literatura e Francês do Ginásio Pernambucano, mas em decorrência de sua posição contrária à Revolução de 1930, foi afastado da cátedra, dedicando-se mais ao jornalismo.

Escreveu além de inúmeros artigos, estudos e conferências: Pernambuco no tempo do "Vice-Rei"...:cousas e fatos do governo revolucionário de Pernambuco a partir de 6 de outubro de 1930; Relatório da Inspetoria Estadual dos Monumentos Nacionais (dois relatórios, um publicado em 1929 e outro em 1930); Estudos Pernambucanos, dedicados a Ulysses Pernambucano.

Em 1931, escreveu O monumento internacional, mas não colocou sua assinatura. Aníbal Fernandes gostava de usar pseudônimos, tais como: Gyl, A., Antonio e A.F. Nesse mesmo ano, Francisco de Assis Chateubriand comprou o Diario de Pernambuco que passou para a cadeia dos Diários Associados.

Aníbal foi reintegrado, em 1934, à cadeira de Literatura no Ginásio Pernambucano e escolhido redator chefe dos Diários Associados.

A direção do jornal passou para Dário de Almeida Magalhães, que logo foi substituído por Carlos Rizzi, mas como este vivia no Rio de Janeiro, Aníbal Fernandes era de fato quem dirigia e escrevia todos os editais do Diario.

Durante a violenta campanha para Presidente da República, em 1945, o Jornal posicionou-se a favor de Eduardo Gomes para Presidente. Foram tempos difíceis, quando eram realizados comícios agressivos. No dia 3 de março, do mesmo ano, o acadêmico Demócrito de Souza Filho foi atingido por um tiro, quando discursava na sacada da sede do Diario de Pernambuco.

O jornal então acusou a polícia e o governo pela tragédia, principalmente o chefe de polícia Etelvino Lins. Como conseqüência, as autoridades estaduais suspenderam a sua circulação e prenderam Aníbal Fernandes, Antiógenes Chaves, Nehemias Gueiros, entre outros. Com um mandato de segurança, os presos conseguiram a liberdade.

O Diario de Pernambuco voltou a circular em 9 de abril e em maio Aníbal Fernandes é efetivado no cargo de diretor. Violência era a resposta aos artigos combativos dos jornalistas. Foi nessa onda de violência que Aníbal foi agredido e ferido, quando chegava em sua residência no bairro de Boa Viagem.

A ditadura já estava enfraquecendo e Getúlio Vargas foi deposto em 30 de outubro. Aníbal Fernandes resolveu aposentar-se e deixar a direção do jornal no final de 1949, exatamente quando Etelvino Lins tomava posse. Aníbal foi muito homenageado em reconhecimento pelos muitos anos de atividades naquele periódico.

Aníbal morreu no Recife, em 12 de janeiro de 1962, ano que o então prefeito Miguel Arraes, sancionou a lei que autorizava a Prefeitura do Recife a erguer um busto de bronze, na Praça da Independência, em homenagem ao jornalista, cujo nome estará sempre vinculado à história do Diario de Pernambuco.

Foi homenageado também pelo governo francês, com a suprema distinção da Legion d’Honneur. A Inglaterra também o distinguiu com a King’s Medal.

 

 

Recife, 23 de fevereiro de 2006.
 

Fontes consultadas

FRANCA, Rubem. Monumentos do Recife. Recife: Governo do Estado de Pernambuco, Secretaria de Educação e Cultura, 1977.

GOUVÊA, Fernando da Cruz (Org.). Jornalismo de combate: crônicas de Aníbal Fernandes. Recife: Diario de Pernambuco, 2000.

NASCIMENTO, Luiz do. Dicionário de pseudônimos de jornalistas pernambucanos. Recife: UFPE, Ed. Universitária, 1983.

PERNAMBUCO de A/Z. Disponível em: <http://www.pe-az.com.br>. Acesso em: 3 fev. 2006.

SILVA, Jorge Fernandes da. Vidas que não morrem. Recife: Governo do Estado de Pernambuco, Secretaria de Educação e Cultura, 1977.

Como citar este texto

ANDRADE, Maria do Carmo. Aníbal Fernandes. In: Pesquisa Escolar. Recife: Fundação Joaquim Nabuco, 2006. Disponível em:https://pesquisaescolar.fundaj.gov.br/pt-br/artigo/anibal-fernandes/. Acesso em: dia mês ano. (Ex.: 6 ago. 2020.)