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André Vidal de Negreiros

Data Nasc.:
--/--/1606
Data de falecimento.:
03/02/1680
Ocupação:
Militar, Governador colonical
 

André Vidal de Negreiros

Artigo disponível em: ENG ESP

Última atualização: 28/07/2022

Por: Virginia Barbosa - Bibliotecária da Fundação Joaquim Nabuco - Especialista em Biblioteconomia e História

Vidal foi a alma da restauração, o homem que nunca se curvou ao mêdo, nem a conveniências, nem se sobressaltou frente ao poderio inimigo, de muitas vêses quase esmagado (PINTO citado por SILVA, 2006, p. 160).

André Vidal de Negreiros, um dos líderes da luta pela restauração das capitanias do Brasil que ficaram sob o domínio holandês, nasceu no ano de 1606, na província da Paraíba. Era filho de Francisco Vidal, natural de Lisboa, e de D. Catarina Ferreira, natural de Porto Santo.

A invasão holandesa no Brasil ocorreu entre os anos de 1624 e 1654. Nesse período, os batavos ocuparam a Bahia (Salvador, 1624-1625), Pernambuco (Olinda e Recife, 1630-1654) e o Maranhão (1641-1644).

Em 1624, então com 18 anos, Vidal de Negreiros apresentou-se como voluntário nas tropas organizadas na Paraíba para a libertação da Bahia. Por ter se destacado como militante da resistência, recebeu condecorações e foi promovido ao posto de alferes (patente de oficial abaixo de tenente).

A partir de então, a sua participação na luta contra os batavos foi intensa, principalmente nas duas Batalhas dos Guararapes, em Pernambuco, que teve como resultado a expulsão dos neerlandeses da região Nordeste do Brasil.

Segundo Evaldo Cabral de Mello, citado por Silva (2006, p. 169), André Vidal participara de todos os grandes momentos de ambas as fases da guerra: as lutas em torno do Recife, a retirada para o sul, as incursões campanhistas contra o Brasil holandês, a expedição de Luis Barbalho através do interior do Nordeste, da baía de Touros a Salvador (1640), as articulações e intrigas urdidas na Bahia e em Pernambuco com vistas ao levante de 1645, a invasão da capitania em apoio aos insurretos à frente do seu próprio terço de veteranos, a governação, partilhada com Vieira, da Guerra da Liberdade Divina, a recusa a acatar a ordem régia de retirar-se com suas tropas para a Bahia, Casa Forte e as duas batalhas dos Guararapes, a capitulação holandesa no Recife, a missão que lhe confiara Barreto de comunicar oficialmente a D. João IV a restauração de Pernambuco - em resumo, a mais longa, densa e brilhante folha de serviços de que se poderia gabar um oficial luso-brasileiro que militasse nas guerras holandesas.

Com a restauração do Maranhão, foi nomeado por Carta patente de D. João, de 11 de agosto de 1644, governador e capitão-geral daquela capitania.

Demorou pouco por aquelas terras, pois com o objetivo de expulsar os holandeses de Pernambuco fez várias incursões à Paraíba e ao Recife em busca de adeptos para articular a revolução. Voltou para o Recife e, em conjunto com João Fernandes Vieira, proprietário de engenho da Várzea, um dos elementos nucleares do movimento libertário – os outros foram Henrique Dias e Felipe Camarão –, pôs em prática seus planos de ataque aos flamengos.

Em Pernambuco, o governador Maurício de Nassau estava voltando para a Europa por discordar da determinação do governo holandês no que se refere ao imediato pagamento dos empréstimos concedidos aos senhores de terras nordestinos. Desde sua chegada àquela capitania, em 1637, Vidal de Negreiros não o tolerava, “não reconhecia os seus proclamados méritos [...] tinha-o apenas como um déspota ocupador de terras alheias”. Sua saída do Brasil favorecia os planos traçados por Vidal.

A resistência ao domínio holandês em Pernambuco durou de 1630 a 1654. As batalhas dos Guararapes ocorreram nos anos de 1648 e 1649 e os últimos navios holandeses em direção à Europa partiram do Recife, em 1654.

Depois de vários anos de negociações, em 6 de agosto de 1661, um acordo de paz foi assinado entre Portugal e Holanda, o chamado Tratado de Paz de Haia, no qual os holandeses receberiam dos portugueses uma indenização de quatro milhões de florins, equivalente a 63 toneladas de ouro, além das ilhas Molucas (Indonésia) e do Ceilão (atual Sri Lanka). Esse fato, segundo Pinto citado por Silva (2006, p. 165), “desvirtuou o sentido da vitória, conquistada pela valentia dos brasileiros, e que lhes custou vidas e imensas fortunas”.

Após a expulsão dos holandeses, Vidal de Negreiros viajou, em 1655, para Lisboa e, na volta, assumiu o governo do Maranhão. Ficou por lá cerca de dois anos. Regressou ao Recife para assumir o governo da capitania de Pernambuco (26 março 1657 a 26 janeiro 1661), uma vez que Barreto de Menezes fora para o governo da Bahia. Vidal deixou Pernambuco para governar Angola. Foi uma época em que Portugal precisava recuperar seus entrepostos africanos escravistas, dominados pela Companhia das Índias Ocidentais.

Esse empreendimento era extremamente necessário para a recuperação de Pernambuco e para a manutenção e exploração da Bahia e do Rio de Janeiro. Antecederam Vidal no governo de Angola (1661): Salvador de Sá (1648-1652) e seus sucessores e João Fernandes Vieira (1658-1661), que restabeleceu o tráfico e articulou com as autoridades locais o apresamento de escravos. Vidal deu continuidade às atividades de Vieira.

Em 1667, Vidal retorna a Pernambuco e encontra um conflito político, onde o então governador Jerônimo de Mendonça Furtado foi deposto pela forte oposição da aristocracia açucareira, a qual escolhe Vidal para substitui-lo. Respondeu por esse cargo apenas por cinco meses.

Nos últimos anos de sua vida dedicou-se, segundo Pinto (19--), a obras filantrópicas e mandou construir a Igreja de N. S. do Desterro, entre Itambé e Pedras de Fogo, limite da Paraíba e Pernambuco. Solteiro, sem herdeiros, deixou, em testamento, grande parte dos seus bens para serem repartidos com pessoas de sua família, agregados e religiosos.

Depois de uma vida dedicada à luta, já com a idade avançada, deficiente de uma das pernas, recolheu-se ao Engenho Novo de Goiana, de sua propriedade, onde faleceu aos 75 anos, em 13 de fevereiro de 1681, e em cuja capela foi sepultado.

No dia 4 de agosto de 1942, por iniciativa do Arcebispado de Olinda e Recife, do Comando da Sétima Região Militar e Governo do Estado de Pernambuco, foi realizado o traslado dos restos mortais de André Vidal de Negreiros para a Igreja de Nossa Senhora dos Prazeres, nos históricos Montes Guararapes, município de Jaboatão dos Guararapes.
 

 

 
Recife, 16 de abril de 2013.

Fontes consultadas

ANDRÉ Vidal de Negreiros. Disponível em: <http://www.dec.ufcg.edu.br/biografias/AndrVidN.html>. Acesso em: 8 abr. 2013.

ANDRÉ Vidal de Negreiros. Disponível em: <http://www.e-biografias.net/andre_vidal_de_negreiros/>. Acesso em: 8 abr. 2013.

CULTO aos heróis dos Guararapes. Recife: Imprensa Oficial, 1942.

GUERRA, Flávio. André Vidal de Negreiros. Anuário de Olinda, Olinda, n. 15-16, p. 70-73, set. 1965.

MACHADO, Maximiano Lopes. História da Província da Parahyba. Parahyba: Imprensa Oficial, 1912.

PESSOA, Ângelo Emílio da Silva. Vidal de Negreiros: um homem do Atlântico no século XVII. In: SIMPÓSIO NACIONAL DE HISTÓRIA, 25., 2009, Fortaleza. Anais... Fortaleza: ANRUH, 2009. Disponível em: <http://anpuh.org/anais/wp-content/uploads/mp/pdf/ANPUH.S25.0619.pdf>. Acesso em: 16 abr. 2013.

PINTO , Luiz. Vidal de Negreiros. Rio de Janeiro: Panamericana, [19--].

SILVA, Ana Beatriz Ribeiro Barros. André Vidal de Negreiros: a necessidade de construção de um herói legitimamente paraibano. Saeculum: Revista de História, João Pessoa, n. 14, p. 159-171, jan./jun. 2006. <http://www.cchla.ufpb.br/saeculum/saeculum14_art01_silva.pdf>. Acesso em: 15 abr. 2013.

SILVA, Demócrito de Castro e. Retrato vivo de paraibanos mortos: André Vidal de Negreiros, Assis Chateaubriand, Américo Falcão. São Paulo: Saraiva, 1972. p. 11-24.

Como citar este texto

BARBOSA, Virginia. André Vidal de Negreiros. In: PESQUISA Escolar. Recife: Fundação Joaquim Nabuco, 2013. Disponível em:https://pesquisaescolar.fundaj.gov.br/pt-br/artigo/andre-vidal-de-negreiros/. Acesso em: dia mês ano. (Ex.: 6 ago. 2021.)