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Rachel de Queiroz

Data Nasc.:
17/11/1910
Data de falecimento.:
04/11/2003
Ocupação:
Professora, escritora

Rachel de Queiroz

Artigo disponível em: ENG ESP

Última atualização: 13/05/2021

Por: Lúcia Gaspar - Bibliotecária da Fundação Joaquim Nabuco - Especialista em Documentação Científica

Nasceu no dia 17 de novembro de 1910, na casa número 86 da Rua Senador Pompeo, em Fortaleza, Ceará, filha de Daniel de Queiroz e Clotilde Franflin. Pelo lado materno, descendia dos Alencar, sendo parente do escritor José de Alencar.

 

Após 45 dias do seu nascimento, a família volta para Quixadá, a 170 quilômetros de Fortaleza, local onde o pai de Rachel era Juiz de Direito. Até os três anos, viveu entre Quixadá e a Fazenda Junco, de propriedade da família.

 

Em 1913, retornam a Fortaleza, devido à nomeação de Daniel de Queiroz para o cargo de promotor. Entretanto, transcorrido um ano, seu pai pede demissão e começa a ensinar Geografia no Liceu. Com mais tempo para ficar com a família, passa a cuidar da formação da filha, ensinando-a montar a cavalo, nadar e ler.

 

O enfrentamento das conseqüências da grande seca de 1915 tornou-se um fato essencial para a obra de Rachel de Queiroz. Em julho de 1917, os Queiroz mudam-se para o Rio de Janeiro, transferindo-se em novembro para Belém, no Estado do Pará, onde permanecem por dois anos, até retornarem ao Ceará.

 

Em 1921, o pai de Rachel a matricula no Colégio Imaculada Conceição, em Fortaleza. Rachel fez o curso normal e, com apenas 15 anos de idade, recebeu o diploma de professora. De volta à fazenda de Quixadá , em 1925, e orientada pela mãe, dedica-se a leitura de autores nacionais e estrangeiros. Estimulada pela leitura intensiva, escreve os primeiros contos. Mas, por vergonha, não os mostra a ninguém.

 

Usando o pseudônimo de Rita de Queluz, ironiza o concurso Rainha dos Estudantes, em 1927, enviando uma carta para o jornal O Ceará, promotor do evento. Por conta do sucesso da carta, é convidada para ser colaboradora do veículo. Por ironia, acaba sendo eleita Rainha dos Estudantes três anos depois. Professora substituta de História na escola onde terminara o curso normal era, curiosamente, mais jovem que a maior parte das alunas. Morando novamente em Fortaleza, passa a colaborar regularmente com O Ceará, organizando a página literária do jornal. Publica o folhetimHistória de um nome.

 

Problemas de saúde (uma congestão pulmonar e uma suspeita de tuberculose) obrigam Rachel de Queiroz a passar por um rígido tratamento, em 1930. Nessa época começa a escrever O quinze, seu primeiro romance e que fala da seca. Foi publicado no mês de agosto, com uma tiragem de mil exemplares. Ao contrário das críticas reticentes publicadas em jornais cearenses, o livro teve grande repercussão no Rio de Janeiro, então capital do país, recebendo elogios de Augusto Frederico Schmidt e Mário de Andrade.

 

Em março de 1931, Rachel de Queiroz recebeu, no Rio de Janeiro, o prêmio na categoria romance da Fundação Graça Aranha, mantida pelo escritor. Lá conhece integrantes do Partido Comunista e, ao retornar a Fortaleza, participa da sua implantação no Nordeste, sofrendo perseguição por parte de direitistas.

 

Casa-se, em 1932, com o poeta bissexto José Auto da Cruz Oliveira. Um incidente provoca o seu rompimento com o Partido Comunista. Convocada para uma reunião é informada que o seu segundo romance João Miguel não fora aprovado, por conta de uma passagem onde um operário mata outro. Rachel recolhe os originais, declara não reconhecer autoridade no Partido para censurar a sua obra e foge do local. Acaba publicando a obra pela Editora Schmidt, no Rio de Janeiro, e muda-se para São Paulo, travando contato com grupo trotskista..

 

No ano seguinte, já novamente em Fortaleza, nasce sua filha Clotilde. Em 1935, transfere-se para Maceió, onde faz amizade com os escritores Graciliano Ramos, Jorge de Lima e José Lins do Rego. Vitimada por septicemia, Clotilde morre aos dezoito meses.

 

O seu terceiro romance Caminho de pedras é publicado em 1937 pela Editora José Olympio. Seus romances são queimados, em pleno Estado Novo, juntamente com os de Jorge Amado, José Lins do Rego e Graciliano Ramos, por serem considerados subversivos. Devido as suas atividades políticas é presa por três meses. Em 1939, separa-se de José Auto e publica o seu quarto romance As três Marias.

 

Conhece, em 1940, o médico Oyama de Macedo, com quem viveria até 1982, quando falece seu segundo marido. Ao tomar conhecimento da morte de Trótski, por ordem de Stalin, decide afastar-se da esquerda e se declara socialista e anarquista. Colabora com o Correio da Manhã, O Jornal e o Diário da Tarde, tornando-se cronista exclusiva da revista O Cruzeiro. Mudou-se, em 1945, para a Ilha do Governador, no Rio de Janeiro.

 

Publica, em 1948, a coletânea de crônicas A donzela e a moura torta, ano em que morre o seu pai. Em 1953, é montada no Teatro Municipal do Rio de Janeiro e no Teatro Leopoldo Fróes, em São Paulo, a peça Lampião. Rachel ganha o Prêmio Saci, do jornal O Estado de São Paulo, pela produção paulista.

 

Pelo conjunto de sua obra a Academia Brasileira de Letras lhe concede, em 1957, o Prêmio Machado de Assis. Dez anos após editar o seu primeiro livro de crônicas lança, em 1958, 100 crônicas escolhidas, publicando também a peça A beata Maria do Egito.

 

Em 1964, envolve-se com os conspiradores que derrubaram o presidente João Goulart – em sua casa realizaram-se diversas reuniões preparatórias do golpe de 1964 – perdendo a simpatia de parte da melhor crítica literária.

 

É nomeada, em 1966, pelo conterrâneo e aparentado presidente Humberto de Alencar Castelo Branco, delegada do Brasil na 21ª sessão da Assembléia Geral da ONU, trabalhando na Comissão dos Direitos do Homem. Um ano depois, integra o Conselho Federal de Cultura. Com o Menino mágico, estréia na literatura infanto-juvenil, em 1969. Somente em 1975, publica um novo romance Dôra, Doralina.

 

Eleita em 4 de agosto e tomando posse no dia 4 de novembro de 1977, torna-se a primeira mulher a ingressar na Academia Brasileira de Letras, ao vencer por 23 votos a 15, o jurista Francisco Cavalcanti Pontes de Miranda, ocupando a cadeira número 5.

 

Em 1978, o romance O quinze é publicado no Japão e na Alemanha.Dôra, Doralina é editado na França em 1980, ano de estréia da novela As três Marias, na rede Globo, baseada no seu livro. Em 1981, Dôra, Doralina também foi adaptado para o cinema e, em 1985, é publicado em livro O galo de ouro, folhetim que escrevera em quarenta edições da revista O Cruzeiro na década de 50.

 

Em 1986, lança o livro de litaratura infantil Cafute & Pena-de-Patra,com ilustrações de Ziraldo. Permanentemente atraída pelo jornalismo, começa a escrever crônicas para o jornal O Estado de São Paulo, em 1988.

 

Todos os seus livros destinados ao público adulto foram lançados pela Editora José Olympio, em 1989, em cinco volumes, com o títuloObra reunida. Em 1992, a Editora Siciliano, que vencera leilão pelo direito de publicação da obra completa de Rachel de Queiroz, edita o romance Memorial de Maria Moura, que é novamente adaptado para a TV, sendo lançado pela Rede Globo em minissérie, em 1994. Com a participação da irmã Maria Luiza inicia, em 1995, o seu livro de memórias.

 

Rachel de Queiroz não foi só escritora. Tradutora respeitada, verteu para o português mais de quarenta livros de textos nos idioma francês, inglês, italiano e espanhol. Rachel projetou-se nacionalmente com um romance de fundo social, retratando de forma realista a luta de um povo contra a miséria e a seca. Consolidou, literariamente, a figura da sertaneja. Renovou o romance com base em raízes populares, e garantiu um lugar de destaque na literatura brasileira.

 

Aos 92 anos, faleceu no dia 4 de novembro de 2003, em sua casa no Rio de Janeiro, dormindo.

 

 

Recife, 22 de março de 2004.

 

Fontes consultadas

ADEUS a Rachel, pioneira e feminista. Jornal do Commercio, Recife, 5 nov. 2003. Caderno C, p.1

 

RACHEL de Queiroz. Disponível em: http://www.geocities.com/~rebra/autoras/1port.html1port.html. Acesso em: 4 nov. 2003.

 

RACHEL de Queiroz. [Foto neste texto]. Disponível em: goo.gl/NuJJGJ. Acesso em: 20 mar. 2004.

 

RACHEL de Queiroz. São Paulo: Instituto Moreira Salles, 1997. 127p. (Cadernos de literatura brasileira, v. 4).

 

Como citar este texto

GASPAR, Lúcia. Rachel de Queiroz. In: Pesquisa Escolar. Recife: Fundação Joaquim Nabuco, 2004.  Disponível em: https://pesquisaescolar.fundaj.gov.br/pt-br/artigo/rachel-de-queiroz/. Acesso em: dia mês ano. (Ex.: 6 ago. 2009.)