Para a Igreja Católica e algumas comunidades cristãs, a Quaresma é a preparação para a acolhida do Cristo Vivo ressuscitado na Páscoa. Essa preparação é feita no período de 40 dias, começando na Quarta-Feira de Cinzas e terminando no Domingo de Ramos, quando tem início a Semana Santa. É um tempo de reflexão, de penitência, de conversão espiritual; tempo e preparação para o mistério pascal.
A data varia de ano para ano uma vez que está atrelada à comemoração da Páscoa que é celebrada no primeiro domingo após a primeira lua cheia do início do outono. Definida essa data, se pode estabelecer a Semana Santa. Por exemplo: no ano de 2012, a Páscoa foi no domingo 8 de abril porque o outono teve início no dia 20 de março e a primeira lua cheia foi em 6 de abril. O Papa Gregório XIII, responsável pela criação do Calendário Gregoriano, decretou essas regras em 1582.
Os dias da Quaresma devem lembrar os 40 anos da travessia do deserto pelo povo de Israel e dos 40 dias que Jesus ficou no deserto. Nessas passagens bíblicas, as dificuldades enfrentadas, as provações, as tentações e a sua superação servem como pontos de reflexão e são um convite à conversão.
Na Quarta-Feira de Cinzas, os fieis que vão à igreja recebem do celebrante, na fronte, cinzas feitas de ramos de palmeira bentos no Domingo de Ramos do ano anterior. As cinzas simbolizam a transitória e efêmera fragilidade da vida humana – “Lembra-te, homem, de que és pó e ao pó hás de voltar” –, é um chamado para que os cristãos busquem, por intermédio de ações, cumprir os ensinamentos de Jesus Cristo e, para os que crêem, alcançar a vida eterna. Para isso, o catolicismo orienta que os seus seguidores pratiquem obras de caridade, oração e jejum como formas de ajuda para trilhar o caminho quaresmal.
Nessa Quarta-Feira, a Igreja Católica, no Brasil, inicia, desde o ano de 1964, a Campanha da Fraternidade que tem a missão de despertar o espírito comunitário e cristão, educar para a vida em fraternidade e renovar a consciência da responsabilidade social. Assim, a Igreja, por intermédio dessa Campanha, ajuda na tarefa de colocar em prática a caridade ao próximo e atribui ao tempo quaresmal a dimensão de compromisso com questões que permeiam a vida do povo.
Passada a Quaresma, tem início a Semana Santa, quando se celebra a Paixão de Cristo, sua morte e ressurreição. São dias de orações, hinos e procissões. Começa solenemente no Domingo de Ramos, exatamente a uma semana da Páscoa. Nesse dia, os fiéis relembram a entrada triunfal de Jesus Cristo em Jerusalém. Naquela ocasião, ele foi aclamado com ramos de palmeira e a maior parte da multidão estendeu as suas vestes pelo caminho, e outros cortavam ramos de árvores, espalhando-os pela estrada (Mt 21, 8).
Nos dias seguintes (segunda, terça e quarta), a Igreja Católica celebra missas e são lidos trechos bíblicos sobre a salvação. Na quinta-feira, há a realização de missa solene alusiva à última ceia de Jesus com os 12 discípulos. Nesse dia, a Igreja recorda a instituição da Eucaristia. Na sexta-feira, à tarde, os fieis se reúnem na igreja para relembrar a paixão e morte. No sábado, acontece a Vigília Pascal, e no Domingo de Páscoa se celebra a ressurreição de Cristo.
Paralelas às solenidades da Semana Santa, existem as tradições religiosas trazidas de Portugal e Espanha e, por muito tempo, acolhidas pela sociedade brasileira (algumas continuam até os nossos dias), especialmente nas cidades interioranas do Nordeste. Destacam-se as proibições de:
Olhar-se no espelho, usar maquiagem e qualquer perfume, por serem sinais de vaidade;
tomar banho. Vendo o próprio corpo nu, acreditava-se que o fiel poderia ter pensamentos pecaminosos;
namorar, dançar, assobiar, por serem sinais de alegria, uma vez que Jesus passou o período inteiro sofrendo;
manter relações sexuais, principalmente da Sexta-Feira da Paixão. Se procedesse dessa forma, o homem, solteiro ou casado, ficaria impotente; e a mulher, incapacitada de gerar filhos. Os filhos gerados nesse dia nasceriam com o “cão no couro” e seria infeliz até a morte.
E a tradição da Malhação do Judas (ou a Queimação ou a Farra do Judas), que teve início na Idade Média. Da Sexta-Feira Santa para o Sábado de Aleluia (Sábado Santo) um boneco de tamanho de um homem adulto, confecionado com enchimento de palha ou pano, pendurado em árvores ou postes, é surrado, rasgado e queimado representando o castigo por Judas ter traído Jesus.
Recife, 21 de fevereiro de 2013.
Fontes consultadas
BARROS, Jussara de. Origem da Semana Santa. In: Brasil Escola. Disponível em: http://www.brasilescola.com/historia/origem-da-semana-santa.htm. Acesso em: 21 mar. 2013.
CARPEGGIANI, Schneider. O ciclo da Quaresma. Suplemento Cultural [do] Diário Oficial do Estado de Pernambuco, Recife, ano 15, p. 3-4, abril 2001.
CONHEÇA o significado da Quaresma. Por que a Igreja utiliza a cor roxa nesse tempo? Disponível em: http://www.cancaonova.com/portal/canais/formacao/internas.php?id=&e=4701. Acesso em: 11 fev. 2013.
ENTENDA o significado das missas da Semana Santa. G1, São Paulo, 31 mar. 2012. Disponível em: http://g1.globo.com/brasil/noticia/2012/03/entenda-o-significado-das-missas-da-semana-santa.html. Acesso em: 21 fev. 2013.
LUZA, Nilo. O caminho da Quaresma. O Domingo: semanário litúrgico-catéquico, São Paulo, ano 81, n. 9, remessa 3, p. 4, 17 fev. 2013.
PORTUGAL, Wagner Augusto. O significado da Quaresma. Disponível em: http://www.portalum.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=3875:o-significado-da-quaresma&catid=293:presbiteros&Itemid=415. Acesso em: 11 fev. 2013.
RASMUSSEN, Bruna. O que a Páscoa tem a ver com a lua? In: Mega Curioso, 07 abr. 2012. Disponível em: http://megacurioso.com.br/datas-comemorativas/21813-o-que-a-pascoa-tem-a-ver-com-a-lua-.htm. Acesso em: 21 fev. 2013.
TEMPO da Quaresma 2013. Disponível em: http://arquidiocesecampinas.com/liturgia/tempo-da-quaresma-2013. Acesso em: 11 fev. 2013.
Como citar este texto
BARBOSA, Virgínia. Quaresma. In: Pesquisa Escolar. Recife: Fundação Joaquim Nabuco, 2013. Disponível em: https://pesquisaescolar.fundaj.gov.br/pt-br/artigo/quaresma/. Acesso em: dia mês ano. (Ex.: 6 ago. 2009.)