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Procissão

O nome procissão é originário do latim processione, significa “marchar para frente”.
 

Procissão

Artigo disponível em: ENG ESP

Última atualização: 28/04/2021

Por: Maria do Carmo Gomes de Andrade - Bibliotecária da Fundação Joaquim Nabuco - Especialista em Biblioteconomia

O nome procissão é originário do latim processione, significa “marchar para frente”. Designa um ritual religioso, em que sacerdotes, irmandades e seguidores de um culto caminham, geralmente em filas, entoando ou recitando preces, levando expostas as imagens ou relíquias veneradas.

As procissões são realizadas pelos mais diversos cultos, destinam-se a expressar os sentimentos religiosos e a realçar a pompa das solenidades. Na antiguidade, entre os pagãos, realizavam-se procissões como as panatenéias, em Atenas, em que o povo conduzia pela via sagrada um manto ricamente bordado para a deusa Atenas até o Parténon. Na Babilônia, havia também uma via sagrada e procissões propiciatórias de Marduk, o dragão; Adad, o touro e Ishtar, o leão.

Quando a Igreja Cristã teve liberdade de expressão, essas manifestações passaram a ser praticadas. Algumas procissões foram instituídas para substituir antigos cortejos das práticas pagãs, outras porém originaram-se de datas essencialmente cristãs.

A procissão teve seu apogeu na Idade Média, quando era planejada como um grande acontecimento religioso e social, com rituais próprios e participação em massa de fiéis. As procissões medievais mais importantes foram realizadas na Península Ibérica. Entre as mais antigas que podem ter tido origem na adaptação de rituais pagãos, figuravam a das Rogatórias, para pedir boas colheitas, e a do Domingo de Ramos, que comemora a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém.

No Brasil, são famosas as procissões da Semana Santa em Ouro Preto, Minas Gerais. Entre as procissões mais populares no Brasil, destacam-se a dos Passos, na Quaresma; a do Enterro do Senhor, na Sexta-feira Santa, e a de Corpus Christi.
 

As procissões religiosas com desfiles de fiéis acompanhando o pálio, seguido pelos andores com imagens dos santos do dia, foram instituídas desde 1549, quando Tomé de Souza, o primeiro governador-geral do Brasil, desembarcou na Bahia desfilando em procissão com cerca de mil auxiliares, entre militares, burocratas e religiosos, com a finalidade de dar início à fundação da sede do governo da América portuguesa.
 

Os Jesuítas, então, adotaram e propagaram tais práticas de devoção, com a finalidade de atrair os índios para a catequese e edificar os colonos. A primeira solenidade realizada em caráter festivo e com muita pompa foi a procissão do Corpo de Deus.

Conhecida como a terra das procissões, a Bahia as divulgam por todas as outras capitanias. Na atualidade, a procissão do Senhor do Bonfim é uma das mais ricas em informações folclóricas e etnográficas, devido a processos de aculturação, que podem ser observadas nas convergências religiosas, sincretismo, etc.

A procissão de Nossa Senhora de Nazaré, em Belém do Pará, é considerada a maior manifestação religiosa do País. O Círio de Nazaré leva às ruas de Belém milhares de pessoas que percorrem quilômetros acompanhando o andor que transporta a imagem de Nossa Senhora de Nazaré, padroeira do Pará. Os fiéis entoam cânticos religiosos em homenagem à padroeira. São feitas ainda novenas e há manifestações culturais durante os festejos, o Círio acontece desde 1793 e foi declarado patrimônio imaterial cultural do Brasil. A festa é tão importante para os paraenses quanto o Natal.

As procissões dos oragos  (santo da invocação que dá o nome a um templo ou freguesia) são as mais típicas das procissões que encerram as novenas de festas tradicionais.

As procissões de penitência, com flagelantes e as procissões das almas para diminuir-lhes as penas no purgatório, continuaram até os últimos anos do século XIX. Esse tipo de procissão, que inclui flagelação, atravessava ruas escuras ao som de matracas e cânticos lúgubres em épocas de epidemias ou catástrofes ainda pode ser presenciado no Brasil.

Na cidade de Pilão Arcado, na Bahia, durante a noite de Sexta-Feira da Paixão, os penitentes, exclusivamente homens, reúnem-se no cemitério e seguem até o pátio da matriz, disciplinando-se, entoando rogatórias fúnebres com as cabeças envoltas em panos brancos, levando uma cruz de madeira. Todas as residências no trajeto conservam-se fechadas para evitar a identificação profanadora dos piedosos participantes. Os penitentes fazem algumas paradas durante o percurso para orar e flagelar-se, recolhendo-se  pela madrugada.

Em Goiás, acontece a Procissão do Fogaréu, única neste estilo realizada no Brasil. Dela participam personagens encapuzados, denominados farricocos. A procissão tem início por volta da meia-noite, com a iluminação pública apagada e ao som de tambores, saindo da praça principal da cidade, seguindo rapidamente até as escadarias da Igreja de N. S. do Rosário, onde os participantes encontrarão a mesa da última ceia já dispersa. Seguem em direção a Igreja de São Francisco de Paula, que no ato simboliza o Monte das Oliveiras, onde se dará a Paixão de Cristo, representada por estudantes. A cerimônia é rica em detalhes e beleza. A escuridão, as tochas, a rapidez e os encapuzados criam um clima medieval único.

No Recife, entre as já tradicionais procissões da Semana Santa, destaca-se também a Procissão de Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil, que leva milhares de fiéis às ruas do bairro do IPSEP na Zona Sul do município. Devotos da Santa, vindos de vários pontos da cidade, comparecem à procissão da padroeira da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição Aparecida para venerá-la.

 

Recife, 27 de dezembro de 2007.

 

Fontes consultadas

CASCUDO, Luis da Câmara. Dicionário do folclore brasileiro. Brasília: MEC/INL, 1972.

CÍRIO de Nazaré leva 2 milhões às ruas. Jornal do Commercio, Recife, 15 out. 2007. Brasil, p. 5.

ENCICLOPÉDIA Brasileira Mérito. São Paulo: Ed. Mérito, 1961.

GRANDE Enciclopédia Barsa. 3.ed. São Paulo: Barsa Planeta Internacional, 2005.

MAIA, Jaqueline. Padroeira do Brasil é homenageada. Diario de Pernambuco, Recife, 13 out. 2007. Vida Urbana, p. 6.

Como citar este texto

ANDRADE, Maria do Carmo. Procissão. In: Pesquisa Escolar. Recife: Fundação Joaquim Nabuco, 2007. Disponível em: https://pesquisaescolar.fundaj.gov.br/pt-br/artigo/procissao/. Acesso em: dia mês ano. (Ex.: 6 ago. 2009.)