O escritor pernambucano Osman da Costa Lins, filho de Teófanes da Costa Lins e de Maria da Paz de Mello Lins, nasceu na cidade de Vitória de Santo Antão, no dia 5 de julho de 1924. Sua mãe faleceu em conseqüência das complicações do parto quando Osman tinha apenas 16 dias de nascido. Com a perda da mãe, Osman foi morar com parentes próximos: Joana Carolina, avó paterna, sua tia Laura e esposo, Antonio Figueiredo, comerciante, de quem Osman ouviu estórias que despertou nele o gosto de narrar. O incentivo para escrever veio através do seu tutor no Ginásio de Vitória, José Aragão. Todos tiveram papel importante na formação do ilustre escritor, inclusive na construção dos vários personagens de sua obra.
No período de 1932 a 1940, realizou seus primeiros estudos no Colégio Santo Antão e no Ginásio de Vitória. Parte desse período dedicou-se à datilografia, o que muito o ajudou no seu primeiro emprego, em 1941, como escriturário, no Ginásio do Recife, cidade para a qual ele mudou-se, pois oferecia maiores possibilidades de estudo. Nesse mesmo ano, nos suplementos de jornais da cidade surgem seus primeiros trabalhos no campo da ficção: Menino mau e Fantasmas.
Por concurso, ingressou no Banco do Brasil (1943). No período de 1944 a1946, fez o curso de Finanças da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade do Recife.
Contraiu matrimônio com Dona Maria do Carmo e com ela teve três filhas: Litânia, Letícia e Ângela.
A década de 1950 é um marco na vida de Osman Lins. Suas atividades literária e cultural prosperaram. Ganhou vários prêmios em concursos literários: Minas-Brasil (1950); Jornal de Letras (1950); Concurso Livro de ContosTentativa [jornal literário] (1951), em Atibaia, São Paulo, com os contos A doação, O Eco e Os sós, respectivamente. Sua peça teatral O vale sem solobtém destaque especial no Concurso Cia. Tônia-Celi-Autran (1957). Muitas de suas obras foram reconhecidas e premiadas pela crítica, a exemplo do romance O visitante (1955, Prêmio Fábio Prado) e o livro de contos Os gestos (1957, Prêmio Monteiro Lobato, em São Paulo).
Fez parte do corpo de redação da revista Memorandum, órgão da Associação Atlética do Banco do Brasil (1951); foi colaborador, com publicação de contos, no Suplemento Cultural do Diario de Pernambuco (1951), e com críticas no jornal O Estado de São Paulo (1957).
Osman Lins envolveu-se também na direção e produção de programas radiofônicos culturais na Rádio Jornal do Commercio, do Recife (1951), publicou diversas poesias em periódicos entre os anos de 1953 a 1959: Instante,Lamentação tranviária, A corola, A imagem, Sonetinho ingênuo, Poema sobre a melhor maneira de amar, Serenata recifense para Cacilda Becker, Soneto do oferecimento, Soneto arquitetônico, e inaugurou a coluna “Carta do Recife” que logo passou a ser “Crônica do Recife”.
Na década de 1960, a sua produção literária intensificou-se e, paralelamente, várias mudanças ocorreram na sua vida: suas viagens ao Rio de Janeiro e a São Paulo; conclusão do curso de Dramaturgia (1960) pela Escola de Belas Artes de Pernambuco; estágio na França (1961), como bolsista da Aliança Francesa (lá atuou como correspondente teatral crítico da França para o Jornal do Commercio); e sua transferência para São Paulo.
Importante salientar que, com a ditadura militar no Brasil, a partir da década de 1960, Osman Lins engajou-se na defesa dos direitos humanos, da liberdade de expressão e da justiça social. Tais preocupações foram abordadas nos seus textos de intervenção publicados em periódicos e, implicitamente, na sua obra ficcional.
O ano de 1961 destaca-se na biografia de Osman Lins não apenas pelo reconhecimento de suas qualidades literárias mas, principalmente, por sua obra atingir um público maior.
Em 1965, dois prêmios lhe foram concedidos: Anchieta e Narizinho, ambos da Comissão Estadual de Teatro de São Paulo, pelas peças Guerra do cansa-cavalo e Capa verde e o Natal (infantil), respectivamente.
Separou-se de Dona Maria do Carmo, em 1963, que retornou ao Recife com as filhas. Neste mesmo ano, publicou contos nas revistas Cláudia, Senhor e Vogue, e sua peça teatral Idade dos homens foi encenada no Teatro Bela Vista, de São Paulo.
Quatro anos depois, casou-se com a escritora Julieta de Godoy Ladeira a quem Osman Lins considerou cúmplice de seus trabalhos. O livro La Paz existe? (1977), por exemplo, foi escrito a quatro mãos, resultado de uma curta viagem que Osman Lins fez com Julieta para a Bolívia e o Peru. No romance Avalovara (1973), ele a reconheceu como co-autora pelas inúmeras idéias trocadas entre eles.
Quando Lins aposentou-se do Banco do Brasil, em 1970, tornou-se professor universitário da cadeira de Literatura Brasileira, na Faculdade de Filosofia de Marília, em São Paulo. Depois de seis anos de atuação, afastou-se, desiludido, do ensino universitário, ao perceber que nem os professores nem os alunos tinham vínculos sólidos com a literatura.
Osman da Costa Lins faleceu na cidade de São Paulo no dia 8 de julho de 1978.
PRODUÇÃO LITERÁRIA:
• Coletânea (organização e participação): Missa do Galo, variações sobre o mesmo tema (1977).
• Conto: Os gestos (1957).
• Ensaios: Um mundo estagnado (1966, primeira parte Do ideal e da glória,publicada como plaquete pela Ed. Universitária) Guerra sem testemunhas – o escritor, sua condição e a realidade social (1969); Do ideal e da glória – problemas inculturais brasileiros (1977, coletânea); Evangelho na taba – outros problemas inculturais brasileiros (1979, coletânea de artigos, ensaios e entrevistas).
• Literatura de viagem: Marinheiro de primeira viagem (1963); La Paz existe?(1977), em parceria com Julieta de Godoy Ladeira.
• Literatura infantil: O diabo na noite de Natal (1977).
• Narrativas: Domingo de Páscoa (inédita em livro); e Nove, novena (1966, conjunto de nove narrativas), traduzida para o francês em 1971.
• Novela: Casos especiais de Osman Lins, composto por três novelas: A ilha no espaço, Quem era Shirley Temple?, e Marcha fúnebre (1978); Domingo de Páscoa (1978, último texto escrito por Osman Lins, publicado em 1996 na revista de literatura Travessia).
• Romances: O visitante (1955); O fiel e a pedra (1961), premiada pela União Brasileira de Escritores; Avalovara (1973); A rainha dos cárceres da Grécia (1977).
• Teatro: Lisbela e o prisioneiro (1961, estréia da peça no Rio de Janeiro, publicada em 1964); A idade dos homens (1963); Guerra do cansa-cavalo(1967); Santa, automóvel e soldado (1975); e a peça infantil Capa verde e o Natal (1967).
• Tese de doutoramento: Lima Barreto e o espaço romanesco (1975, publicada como ensaio em 1976).
Recife, 23 de abril de 2007.
Fontes consultadas
LINS (Osman da Costa). In: Grande Enciclopédia Larousse Cultural. São Paulo: Nova Cultural, 1998. p. 3616.
MENEZES, Eugênia. O duplo registro em Osman Lins: trajeto do real ao imaginário. 1995. 125 f. Dissertação (Mestrado em Letras e Linguística) – Centro de Artes e Comunicação, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 1995.
OSMAN Lins. [Foto neste texto]. Disponivel em: http://educacao.uol.com.br/biografias/osman-lins.htm. Acesso em: 18 abr. 2007.
OSMAN Lins: vida e obra. Disponível em: http://www.osman.lins.nom.br/home.htm. Acesso em: 16 abr. 2007.
Como citar este texto
BARBOSA, Virgínia. Osman Lins. In: PESQUISA Escolar. Recife: Fundação Joaquim Nabuco, 2007. Disponível em: https://pesquisaescolar.fundaj.gov.br/pt-br/artigo/osman-lins/. Acesso em: dia mês ano. (Ex.: 6 ago. 2020.)