A beleza dos detalhes do Mercado dos Pinhões, os adornos de sua fachada, a delicadeza dos ferros que suportam as lâminas de vidro colorido, em rosa e amarelo, a leveza das colunas e recortes, a semelhança mantida com uma pequena gaiola de pássaros raros, que houvesse pousado, inesperadamente, em meio a casas e comércio, tudo isso é que deve ter conseguido o milagre de harmonizar as amenidades e o trabalho, a arte e a realidade, o feijão e o sonho – permitindo ao Mercado conservar-se mais vivo do que nunca. (LEAL, 2012, p. 53).
A pedra fundamental do antigo Mercado da Carne de Fortaleza, que deu origem ao atual Mercado dos Pinhões, foi lançada no dia 18 de abril de 1896. Exatamente um ano depois, no dia 18 de abril de 1897, o mercado público foi inaugurado e entregue à população da capital cearense.
Construído em ferro, com estruturas pré-fabricadas na França – especificamente nas oficinas Guillot Pelletier, em Orleáns – tinha 40 m de comprimento de cada lado e uma área de 1.600 metros quadrados, com 48 colunas internas e 44 externas, que apoiavam sua cobertura de zinco. Tinha uma altura máxima de 12m e dispunha de seis para-raios para proteção contra descargas elétricas sobre suas 210 toneladas de estruturas metálicas. A obra foi realizada na gestão de Guilherme César Rocha, intendente municipal de Fortaleza, sob a direção do engenheiro Antonio Teodorico da Costa Filho e a administração do artista Manoel de Vila Nova.
Característica do século XIX, a técnica de pré-fabricação de estruturas de ferro, desenvolvida principalmente na Inglaterra e na França, trazia a vantagem da portabilidade, além da construção de edifícios mais leves. As estruturas do Mercado da Carne de Fortaleza quando chegaram da França estavam numeradas uma a uma e acompanhadas de uma maquete de madeira, com o objetivo de facilitar o trabalho de montagem.
Localizado na então Praça José de Alencar (anteriormente Praça da Carolina e hoje Waldemar Falcão), o prédio do Mercado era dividido em três grandes seções, uma central, com 5m de largura por 40m de comprimento, e outras duas iguais, com aproximadamente 700 metros quadrados cada, destinadas ao comércio de carnes, linguiças, vísceras e peixes. Uma dessas seções, com 700 metros quadrados, deu origem 41 anos depois, ao Mercado dos Pinhões.
Além de servir de entrada geral, o vão central também era o local para a venda de verduras e hortaliças. O edifício, com oito entradas, três em cada uma das frentes e duas nas laterais, foi dotado de condições satisfatórias para a higiene pública da época.
A arquitetura do prédio, com grandes espaços abertos para a entrada da luz natural e de ventilação, era adequada à temperatura dos trópicos.
No seu entorno, como mostram as fotografias e cartões postais de então, floresciam vendedores ambulantes e pequenos comerciantes, tonando-se também um ponto de encontro na cidade.
Apesar do impacto positivo que causou a construção do Mercado da Carne, depois de apenas onze anos, em 1908, a imprensa cearense já denunciava a sua degradação e decadência, fruto de descaso administrativo.
Em 1937, na gestão do prefeito Raimundo Alencar de Araripe, foi assinado um decreto autorizando o seu desmonte. Suas antigas estruturas de ferro foram desmontadas e guardadas em depósitos da administração municipal.
Um ano depois, em 1938, o antigo Mercado da Carne transformou-se em dois mercados distintos: um dos seus antigos pavilhões foi para o bairro do Otávio Bonfim, mudando-se depois para o bairro Aerolândia, e o outro seguiu para o bairro da Aldeota, situado no lado leste da cidade, dando origem ao hoje conhecido Mercado dos Pinhões.
Foi inaugurado oficialmente no dia 12 de julho de 1938, na Praça Visconde de Pelotas, entre as ruas Gonçalves Ledo e Nogueira Acioly, conhecida popularmente como Praça dos Pinhões, devido a grande quantidade de pinheiros existentes no local.
Em dezembro de 1998, por meio de um convênio entre a Prefeitura de Fortaleza, o extinto Instituto de Planejamento Municipal e a Embratur, começaram as obras de recuperação da estrutura do Mercado, ampliando posteriormente seu uso para fins culturais e turísticos.
A partir de 11 de janeiro de 2006, tornou-se um bem cultural da cidade, sendo tombado pela Prefeitura Municipal de Fortaleza, através do Decreto nº 11.962.
Atualmente, reformado, preservado e administrado pela Prefeitura, o Mercado dos Pinhões é um local de difusão e valorização da cultura regional.
Do lado de dentro oferece gratuitamente diversas apresentações artísticas e culturais, palestras, oficinas, exposições, feiras de artesanato, desfiles de moda, entre outros eventos, sendo uma opção de lazer para a população e os turistas.
Na sua parte externa, voltada para a Rua Nogueira Acioly, toda sexta-feira é realizada uma feira, onde é possível comprar frutas, legumes, verduras e produtos apreciados pela culinária regional, como o queijo do sertão, o mel de abelha, ovos de galinha caipira, feijão verde.
Recife, 19 de julho de 2012.
Fontes consultadas
KESIA, Karísia. Fortaleza cultural: Mercado dos Pinhões: palco de cultura e lazer. 10 de dezembro de 2011. Disponível em: <http://outrosroteiros.wordpress.com/2011/12/10/fortaleza-cultural-mercado-dos-pinhoes-um-palco-de-cultura-e-lazer/>. Acesso em: 18 jul. 2012.
LEAL, Ângela Barros. Mercado dos Pinhões Fortaleza-1938: um pedaço da França em Fortaleza. In: MERCADOS de ferro do Brasil, aromas e sabores. Brasília, D.F: Instituto Terceiro Setor, 2011. p. 131-151.
MERCADO dos Pinhões é bem cultural de Fortaleza. Disponível em: <http://www.vemprafortaleza.com.br/index.php/destaque/mercado-dos-pinhoes-e-bem-cultural-de-fortaleza/>. Acesso em: 17 jul. 2012.
Como citar este texto
GASPAR, Lúcia. Mercado dos Pinhões (Fortaleza, CE). In: PESQUISA Escolar. Recife: Fundação Joaquim Nabuco, 2012. Disponível em: https://pesquisaescolar.fundaj.gov.br/pt-br/artigo/mercado-dos-pinhoes-fortaleza-ce/. Acesso em: dia mês ano. (Ex.: 6 ago. 2020.)