O Liceu de Artes e Ofícios, no Recife, foi construído entre os anos de 1871 e 1880 para funcionar como sede da Escola de Ofícios, mantida pela Sociedade dos Artistas Mecânicos e Liberais de Pernambuco, fundada em novembro de 1836 e inaugurada em 1841.
A pedra fundamental do prédio foi lançada no dia 23 de abril de 1871 e sua inauguração ocorreu em 21 de novembro de 1880, no 39º aniversário da Sociedade.
Localizado na Praça da República, n. 281, ao lado do Teatro Santa Isabel, é um projeto do engenheiro pernambucano José Tibúrcio Pereira de Magalhães, autor de outros importantes edifícios recifenses, como o da Assembléia Provincial, atual Assembléia Legislativa de Pernambuco.
Em estilo classicista imperial, inspirado no neoclassicismo francês, o prédio é composto de dois pavimentos. A fachada sofreu pequenas modificações durante a construção e também no século XX, mas não chegaram a causar uma grande desfiguração do projeto de Magalhães. A escadaria única, localizada no centro da fachada do projeto original, foi trocada por uma dupla e simétrica. Trabalhada em mármore e com guarda-corpo em ferro, leva ao pavimento superior onde existem dois grandes salões.
Semelhante a um porão, o térreo possui um pé direito muito baixo. Sua fachada é marcada por pilastras que vão até a platibanda (mureta de alvenaria que contorna o topo das paredes externas e se destina a proteger, camuflar ou ornamentar a fachada), que são arrematadas por pináculos (cumes) de cimento.
Como uma das instituições que prestava um serviço à educação popular no Recife, o Liceu ministrava aulas de desenho, música, pintura, marcenaria, arquitetura, aritmética, alfabetização. Possuía uma biblioteca com algumas obras raras e um museu com um bom acervo.
Em 1902, em uma de suas salas, aconteceu uma exposição de arte realizada pelo Grêmio Artístico Crispim do Amaral, onde foram expostos trabalhos a crayon, guache, nankim, óleo e aquarela.
O prédio, em bom estado de conservação e tombado pelo Estado de Pernabuco, faz parte do sítio histórico da Praça da República e possui um grande valor histórico, arquitetônico e cultural, tendo contribuído muito para a formação de diversas gerações de jovens na cidade.
Extinto em 1950, o edifício e o acervo do Liceu estão, atualmente, sob a responsabilidade da Universidade Católica de Pernambuco, que o utiliza como colégio.
Recife, 12 de abril de 2007.
Fontes consultadas
FRANCA, Rubem. Monumentos do Recife: estátuas e bustos, igrejas e prédios, lápides, placas e inscrições históricas do Recife. Recife: Governo de Pernambuco. Secretaria de Educação e Cultura, 1977.
GALVÃO, Sebastião de Vasconcellos. Lyceo de Artes e Officios. Almanach de Pernambuco, Recife, ano4, p.49-50, 1902.
LICEU de Artes e Ofícios. Disponível em:<http://www.pe-az.com.br/educacao/liceo_artes_oficios.htm> Acesso em: 2 abr. 2007.
LICEU de Artes e Ofícios. Disponível em: <http://www.cultura.pe.gov.br/patrimonio10_liceu.html> Acesso em:10 abr. 2007
LICEU de Artes e Ofícios. Disponível em: <http://www.cee.pe.gov.br/p06_118.doc> Acesso em : 11 abr. 2007.
SOUSA, Alberto. O classicismo arquitetônico no Recife imperial.João Pessoa: Ed. Da UFPB; Salvador; Fundação João Fernandes da Cunha, 2000.
Como citar este texto
GASPAR, Lúcia. Liceu de Artes e Ofícios (Recife, PE). In: PESQUISA Escolar. Recife: Fundação Joaquim Nabuco, 2007. Disponível em:https://pesquisaescolar.fundaj.gov.br/pt-br/artigo/liceu-de-artes-e-oficios-recife/. Acesso em: dia mês ano. (Ex.: 6 ago. 2020.)