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Graça Aranha

Data Nasc.:
21/06/1868
Data de falecimento.:
26/01/1931
Ocupação:
Escritor, tipógrafo, advogado e abolicionista
Formação:
Direito

Graça Aranha

Artigo disponível em: ENG

Última atualização: 09/03/2022

Por: Virgina Barbosa - Bibliotecária da Fundação Joaquim Nabuco - Especialista em Biblioteconomia e História

Ser brasileiro é tudo ver e tudo sentir como brasileiro, seja nossa vida, seja a civilização estrangeira, seja o presente, seja o passado. (GRAÇA ARANHA citado por FRANCOVICH, 1979, p. 71).

 

O escritor maranhense José Pereira da Graça Aranha nasceu na cidade de São Luís, no dia 21 de junho de 1868, filho de Temístocles da Silva Maciel Aranha e de Maria da Glória da Graça. Seu pai mantinha em sua casa a tipografia e a redação do jornal diário O Paiz e, nesse espaço, Graça Aranha aprendeu a ser tipógrafo. Sua mãe foi responsável pelo ensino das primeiras letras.

 

Os estudos primários foram realizados nos liceus do Maranhão. Em 1888, saiu de sua cidade natal para cursar Direito no Recife. Tornou-se bacharel, em 1886. Na Faculdade de Direito conheceu Tobias Barreto que teve influência predominante na sua formação pessoal e de escritor. Suas afinidades eram principalmente quanto à Abolição e à República.

 

Outra personalidade muito admirada por Graça foi o poeta republicano Martins Júnior a quem apoiara quando da eleição do representante dos acadêmicos da Faculdade de Direito do Recife. Sendo assim, Graça se autodefiniu: “Fui abolicionista, republicano, anarquista, aliado, modernista e revolucionário”. (ARANHA, 1968, p. 575).

 

Logo depois de formado dedicou-se à advocacia, ao magistério e à magistratura. Em 1899, seguiu para a Europa como secretário de Joaquim Nabuco quando das missões especiais do abolicionista em Londres e Roma.

 

Exerceu o cargo de secretário do tribunal boliviano-brasileiro que tinha a atribuição de tentar solucionar problemas de indenizações das terras do Acre, criado pelo Tratado de Petrópolis. Foi Ministro Plenipotenciário [agente diplomático investido de plenos poderes, em relação a uma missão especial] em Cuba e em Haia e membro fundador da Academia Brasileira de Letras, ocupante da Cadeira 39.

 

Considerado uma das grandes figuras da literatura brasileira, foi um dos defensores do Simbolismo, depois o precursor do romance de idéias e, em 1922, líder que influenciou e estimulou os jovens escritores a aderir ao movimento renovador em defesa do Modernismo. Demonstrou ser fiel a esta sua posição ao romper com a Academia Brasileira de Letras. Primeiro, declarou numa conferência, em 19 de junho de 1924, que “A fundação da Academia foi um equívoco e foi um erro”; depois, defendeu que a brasilidade fosse respeitada de maneira absoluta dentro da Academia e, para isso, apresentou, como membro fundador, o seguinte programa, que foi rejeitado:

 

1) O dicionário que a Academia deve fazer será um “Dicionário brasileiro da língua portuguesa”, conterá todos os brasileirismos e eliminará todos os portuguesismos;

 

2) a Academia não aceitará para os seus concursos: a) poesias parnasianas, arcádicas ou clássicas; b) nenhum trabalho de ficção sobre assunto mitológico que não seja do folclore brasileiro, tratado com espírito moderno; c) só aceitará obras de história brasileira tratada com critério moderno;

 

3) a Academia promoverá conferências sobre assuntos relacionados com temas brasileiros;

 

4) todo trabalho acadêmico será expurgado de arcaísmos ou classicismos verbais portugueses;

 

5) cada semestre será feito um estudo crítico da produção brasileira;

 

6) publicará trabalhos de escritores jovens dotados de originalidade e modernismo;

 

7) a Academia solicitará artigos de escritores modernos para sua revista.

 

Tanto sua declaração como suas propostas provocaram reações a favor da Academia, fato que não o intimidou a pedir o desligamento daquela Instituição, sob “ruidosas manifestações de seus admiradores”: "A Academia Brasileira morreu para mim, como também não existe para o pensamento e para a vida atual do Brasil. Se fui incoerente aí entrando e permanecendo, separo-me da Academia pela coerência. (FRANCOVICH, 1979, p. 71).

 

Um lado pouco conhecido e valorizado de Graça Aranha é o filosófico, o do pensador que é revelado em quatro de suas obras Canaan, Viagem Maravilhosa, Estética da Vida e Espírito Moderno. Neste último, publicado em 1921, suas ideias filosóficas foram aclamadas pela Revue de l’Amérique Latine, de Paris, como “o nascimento duma ‘metafísica brasileira’”. (FRANCOVICH, 1979, p. 67).

 

Graça Aranha não deixou obra abundante. Publicou artigos na Revista Brasileira e os seguintes livros:

 

Canaã, 1902 (traduzido para francês, inglês e espanhol);

 

Malazarte, 1911 (peça teatral, drama);

 

Estética da Vida, 1920;

 

Correspondência de Machado de Assis e Joaquim Nabuco, 1923;

 

Espírito Moderno, 1925 (recopilação de conferências e artigos escritos sob a motivação da campanha modernista);

 

Manifesto de Marinetti e seus companheiros, 1926;

 

A Viagem Maravilhosa, 1929;

 

O Meu Próprio Romance, 1931;

 

Obra Completa, org. Afrânio Coutinho, 1969.

 

Faleceu aos 63 anos, em 26 de janeiro de 1931, no Rio de Janeiro.

 

 

 

Recife, 27 de novembro de 2013.

Fontes consultadas

ARANHA, Graça. Biografia. Disponível em: . Acesso em: 21 nov. 2013.

ARANHA, José Pereira da Graça. Obra Completa. Organização de Afrânio Coutinho. Rio de Janeiro: INL, 1968. 903 p.

CARVALHO, Jose Lopes Pereira de. Os membros da Academia Brasileira em 1915: tracos bio-bibliographicos, acompanhados de excerptos de suas produccoes. Rio de Janeiro:[s.n.], [19--]. 630 p.

FRANCOVICH, Guillermo. Filósofos brasileiros. Rio de Janeiro: Presença, 1979. 126 p.

Como citar este texto

BARBOSA, Virgínia. Graça Aranha. In: Pesquisa Escolar. Recife: Fundação Joaquim Nabuco, 2013. Disponível em: https://pesquisaescolar.fundaj.gov.br/pt-br/artigo/graca-aranha/. Acesso em: dia mês ano. (Ex.: 6 ago. 2020.)