Pescador, pescador porque é que no mar não tem jacaré,
Pescador, pescador porque foi que no mar não tem peixe-boi
Eu quero saber a razão que no mar não tem tubarão
Eu quero saber porque é que no mar não tem jacaré
(Coro)
Ah! Como é bom pescar à beira mar,
Em noite de luar
(Pescador, pescador – de autoria de Mestre Lucindo/Canarinhos)
Referência de identidade paraense mais em voga na atualidade, o carimbó é uma forma de expressão marcada pelo ritmo e pela dança. O toque do curimbó, o chocalhar dos maracás, o acorde do banjo e, em algumas localidades, o som da flauta são acompanhados por pares de dançarinos, as mulheres com saias rodadas e floridas e os homens com calças curtas, como as de pescadores. Com maior ocorrência na região atlântica do estado, denominada de salgado paraense, e na região metropolitana de Belém, não se sabe ao certo onde nem quando surgiu, apesar de alguns municípios se intitularem como “berço do carimbó”.
Por meio de relatos dos mais antigos, sabe-se que a reunião para tocar o curimbó, instrumento que deu nome à forma de expressão, ocorria após as pescarias e o plantio. Segundo tocadores mais velhos, o carimbó já foi considerado “festa de preto” e foi coagido pelas forças policiais. Atualmente o carimbó está tanto associado a festividades religiosas, notadamente no período que compreende o final do ano até o dia de reis, a exemplo da louvação de São Benedito, quanto a celebrações profanas como aniversários e confraternizações (IPHAN, 2013). Os festivais, a exemplo do Festival de Carimbó de Marapanim, também são importantes para a difusão e continuidade da manifestação, pois além de ser um momento de encontro e troca entre grupos, os estimulam a produzir novas composições a fim de participar das competições (quando é a proposta do festival). Durante as festas, é comum haver um barracão, uma estrutura coberta, temporária ou não, onde há a apresentação dos conjuntos de carimbó e espaço para a dança.
Para se tocar carimbó são necessários um, dois, ou até três (raramente) curimbós, tambores feitos artesanalmente a partir da escavação de um tronco de árvore e encoberto com couro de animal. Do Tupi Korimbó, o nome vem da junção de curi (pau oco) e m’bó (furado, escavado), significando “pau que produz som”. (IPHAN, 2013, p. 15). Os tocadores, ou batedores, sentam sobre o instrumento e tocam com as duas mãos. Completam o grupo instrumental do carimbó (com variações), banjo, pandeiro, maracás, milheiros, reco-reco, flauta (ou outro instrumento de sopro) e onça. A inserção de guitarras no conjunto de instrumentos – o que não é comum – trouxe uma variante considerada mais “moderna” em contraponto ao que os tocadores chamam de carimbó de pau e corda, mais “tradicional”, ou seja, aquele cujos grupos que não usam instrumentos elétricos, apenas artesanais. As letras das músicas falam majoritariamente da flora, da fauna e do trabalho, uma vez que a maioria dos compositores são pescadores ou agricultores.
O aprendizado, tanto da música quanto da dança, se dá pela participação e pela observação. Em alguns grupos, percebe-se a criação de projetos voltados para crianças, nos quais estas são ensinadas a fazer o que se aprendia na prática: o toque dos instrumentos e os passos da dança. São exemplos dessa iniciativa o Projeto Espaço Cidadão Tio Milico, na comunidade de Fortalezinha, na Ilha de Maiandeua (ou Algodoal), o grupo Uirapuru Mirim, no município de Marapanim, e o Trica Ferro Mirim, no município de Santarém Novo
Inicialmente fruto de um encontro entre amigos, familiares e/ou vizinhos, o fazer carimbó foi se modificando e deu início a grupos que passaram a ter nome e formação específica. Nas décadas de 1960 e 1970, o carimbó tornou-se mais popular, comum nas rádios e nos bailes. Muitos artistas gravaram LPs, a exemplo de Pinduca, Cupijó e Verequete e seu conjunto O Uirapuru. Neste período, “pesquisadores e artistas se envolveram em projetos de divulgação nacional da manifestação, como gênero de música e dança, em instância nacional, com a promoção de circuitos de shows para os conjuntos de carimbó”. (IPHAN, 2013, p. 97).
Em 2008, a Irmandade de Carimbó de São Benedito de Santarém Novo e os grupos Raízes da Terra, Japiim e Uirapurí solicitaram o reconhecimento do Carimbó como Patrimônio Cultural do Brasil. Desde então a Campanha Carimbó Patrimônio Cultural mobiliza grupos e simpatizantes no processo de patrimonialização da manifestação, o qual está em vias de finalização.
Referência de identidade paraense mais em voga na atualidade, o carimbó é uma forma de expressão marcada pelo ritmo e pela dança. O toque do curimbó, o chocalhar dos maracás, o acorde do banjo e, em algumas localidades, o som da flauta são acompanhados por pares de dançarinos, as mulheres com saias rodadas e floridas e os homens com calças curtas, como as de pescadores. Com maior ocorrência na região atlântica do estado, denominada de salgado paraense, e na região metropolitana de Belém, não se sabe ao certo onde nem quando surgiu, apesar de alguns municípios se intitularem como “berço do carimbó”.
Por meio de relatos dos mais antigos, sabe-se que a reunião para tocar o curimbó, instrumento que deu nome à forma de expressão, ocorria após as pescarias e o plantio. Segundo tocadores mais velhos, o carimbó já foi considerado “festa de preto” e foi coagido pelas forças policiais. Atualmente o carimbó está tanto associado a festividades religiosas, notadamente no período que compreende o final do ano até o dia de reis, a exemplo da louvação de São Benedito, quanto a celebrações profanas como aniversários e confraternizações (IPHAN, 2013). Os festivais, a exemplo do Festival de Carimbó de Marapanim, também são importantes para a difusão e continuidade da manifestação, pois além de ser um momento de encontro e troca entre grupos, os estimulam a produzir novas composições a fim de participar das competições (quando é a proposta do festival). Durante as festas, é comum haver um barracão, uma estrutura coberta, temporária ou não, onde há a apresentação dos conjuntos de carimbó e espaço para a dança.
Para se tocar carimbó são necessários um, dois, ou até três (raramente) curimbós, tambores feitos artesanalmente a partir da escavação de um tronco de árvore e encoberto com couro de animal. Do Tupi Korimbó, o nome vem da junção de curi (pau oco) e m’bó (furado, escavado), significando “pau que produz som”. (IPHAN, 2013, p. 15). Os tocadores, ou batedores, sentam sobre o instrumento e tocam com as duas mãos. Completam o grupo instrumental do carimbó (com variações), banjo, pandeiro, maracás, milheiros, reco-reco, flauta (ou outro instrumento de sopro) e onça. A inserção de guitarras no conjunto de instrumentos – o que não é comum – trouxe uma variante considerada mais “moderna” em contraponto ao que os tocadores chamam de carimbó de pau e corda, mais “tradicional”, ou seja, aquele cujos grupos que não usam instrumentos elétricos, apenas artesanais. As letras das músicas falam majoritariamente da flora, da fauna e do trabalho, uma vez que a maioria dos compositores são pescadores ou agricultores.
O aprendizado, tanto da música quanto da dança, se dá pela participação e pela observação. Em alguns grupos, percebe-se a criação de projetos voltados para crianças, nos quais estas são ensinadas a fazer o que se aprendia na prática: o toque dos instrumentos e os passos da dança. São exemplos dessa iniciativa o Projeto Espaço Cidadão Tio Milico, na comunidade de Fortalezinha, na Ilha de Maiandeua (ou Algodoal), o grupo Uirapuru Mirim, no município de Marapanim, e o Trica Ferro Mirim, no município de Santarém Novo
Inicialmente fruto de um encontro entre amigos, familiares e/ou vizinhos, o fazer carimbó foi se modificando e deu início a grupos que passaram a ter nome e formação específica. Nas décadas de 1960 e 1970, o carimbó tornou-se mais popular, comum nas rádios e nos bailes. Muitos artistas gravaram LPs, a exemplo de Pinduca, Cupijó e Verequete e seu conjunto O Uirapuru. Neste período, “pesquisadores e artistas se envolveram em projetos de divulgação nacional da manifestação, como gênero de música e dança, em instância nacional, com a promoção de circuitos de shows para os conjuntos de carimbó”. (IPHAN, 2013, p. 97).
Em 2008, a Irmandade de Carimbó de São Benedito de Santarém Novo e os grupos Raízes da Terra, Japiim e Uirapurí solicitaram o reconhecimento do Carimbó como Patrimônio Cultural do Brasil. Desde então a Campanha Carimbó Patrimônio Cultural mobiliza grupos e simpatizantes no processo de patrimonialização da manifestação, o qual está em vias de finalização.
Recife, 29 de maio de 2014.
Fontes consultadas
CARIMBÓ–Patrimônio Cultural Brasileiro. Disponível em: <http://campanhacarimbo.blogspot.com.br/>. Acesso em: 28 maio 2014.
CARIMBÓ. Imagem nesse texto. Disponível em: <http://www.agenciapara.com.br/noticia.asp?id_ver=104932>. Acesso em: 20 set. 2016.
IPHAN. Dossiê Carimbó (versão preliminar). Belém, 2013.
Como citar este texto
MORIM, Júlia. Carimbó. In: Pesquisa Escolar. Recife: Fundação Joaquim Nabuco, 2014. Disponível em:https://pesquisaescolar.fundaj.gov.br/pt-br/artigo/carimbo/. Acesso em: dia mês ano. (Ex.: 6 ago. 2020.)