O Boi Corre Campo surgiu em primeiro de março de 1942, no bairro da Cachoeirinha, graças ao entusiasmo dos jovens Astrogildo Pereira dos Santos, Miro Santos, Antônio Altino da Silva, Dionízio Gomes, Mauro Cruz e outros que àquela altura brincavam no garrote ‘Tira Teima’.
Apesar das dificuldades, a garotada não esmoreceu e começou a ensaiar na Ajuricaba canto com a Borba. Dançavam no curral e nas casas onde eram solicitados.
Com o desaparecimento dos bumbás ‘Caprichoso’ e ‘Vencedor’, o Corre Campos passou a dividir com o ‘Mina de Ouro’ a admiração e os aplausos do público.
Em 1952, o Fast Club promoveu um festival no antigo campo do Ipiranga e o Corre Campo tirou o 1° lugar. O mesmo aconteceu em 1957, quando foi promovido o 1° Festival Folclórico no Estádio General Osório.
O primeiro boi era armado de pernamanca, cipó e coberto de flanela. Em 1945 encomendou-se a Lauro Chibé, um boi que durou até 1970, quando então Miro desmanchou e fez outro mais moderno, introduzindo modificações como mexer a orelha, o rabo e mostrar a língua. Atualmente foi confeccionado um boi mais moderno pelo artista plástico Jair Mendes. Os figurinistas Custódio, João e José Luiz, são responsáveis pela beleza policrômica das fantasias.
ENREDO DO BOI BUMBÁ
"PAI FRANCISCO", velho caipira, cultiva o seu roçado e, em seguida, volta à sua palhoça para seu repouso com sua amada esposa "CATIRINA" que se achava em estado gestante. Em dado momento, olha para fora de sua palhoça e vê o boi comendo sua plantação. Enfurecido e atendendo e desejo de sua esposa de comer carne, pega a espingarda e junta-se ao compadre "CAZUMBÁ" e atira a queima roupa. Supondo ter morto o boi de estimação do "AMO", foge atemorizado e refugia-se em sua palhoça.
O "AMO" sentindo falta do seu boi de estimação, chama seus vaqueiros e manda procurá-lo. Saem à procura e o encontram caído na malhada à beira de um bebedouro. Os vaqueiros voltam dando a triste notícia.
O "AMO" manda chamar o seu "RAPAZ DE CONFIANÇA" para dar a notícia de quem poderia ter morto seu boi. O "RAPAZ" por boatos, soube que tinha sido o "PAI FRANCISCO". O "AMO" então, manda o "RAPAZ" prendê-lo.
Este chega à casa do "PAI FRANCISCO" e é recebido a bala, volta então a seu "AMO" e conta como foi recebido.
Manda então o "AMO" levar uma carta ao "DIRETOR DOS ÍNDIOS", pedindo-lhe para prender o "PAI FRANCISCO", "CATIRINA" e seu compadre "CAZUMBÁ".
O "DIRETOR DOS ÍNDIOS" exige um "PADRE" para batizar seus caboclos, antes de prender o "PAI FRANCISCO" e os outros. Preso e levado amarrado à presença do "AMO", "PAI FRANCISCO" confessa ser autor da morte do boi.
Como último recurso, o "AMO" sugere ao "PAI FRANCISCO" procurar o "DR. DA VIDA", famoso curador da região para tentar curar o boi.
Chega o "Dr. DA VIDA" e constata que o boi não está morto e depois de passar a receita o boi levanta-se para alegria do "AMO" e de toda rapaziada. Aí a festa continua com o "AMO" cantando toadas de exaltação.
Recife, 22 de julho de 2003.
Fontes consultadas
Como citar este texto
Biblioteca Blanche Knopf. Boi-Bumbá Corre Campo. In: PESQUISA Escolar. Recife: Fundação Joaquim Nabuco, 2003. Disponível em:https://pesquisaescolar.fundaj.gov.br/pt-br/artigo/boi-bumba-corre-campo/. Acesso em: dia mês ano. (Ex.: 6 ago. 2021.)