Basílica de Nossa Senhora de Nazaré (Belém, PA)
Última atualização: 22/11/2022
A única Basílica da Amazônia brasileira tem sua história atrelada à descoberta da imagem de Nossa Senhora de Nazaré pelo caboclo Plácido, em Belém do Pará, às margens do igarapé Murucutu, área que corresponde, atualmente, aos fundos da Basílica.
Essa imagem, independente do lugar para onde era levada, desaparecia e ressurgia no mesmo local onde Plácido a tinha encontrado. Interpretando o fato como sinal divino, a devoção à santa adquiriu caráter oficial e foi erguida uma capela naquele local em sua homenagem, hoje a Basílica de Nossa Senhora de Nazaré.
No período entre 1700 – ano da descoberta da imagem – e 1909 – ano do lançamento da pedra fundamental da Basílica – alguns fatos concorreram para sua edificação.
Em 1700, Plácido construiu uma palhoça, que se tornou centro de devoção, de orações e de milagres. Vinte e um anos depois, uma ermida de taipa e palha foi erguida por sugestão do bispo do Pará, Dom Bartolomeu do Pilar com a colaboração do político e devoto Antonio Agostinho. A essa ermida, em setembro de 1793, chegou o primeiro Círio. De acordo com as regras eclesiásticas, em 1861 foi criada, agora em alvenaria, a Paróquia de Nossa Senhora de Nazaré do Desterro que passou a ser administrada pelos padres Barnabitas (ordem religiosa de clérigos mais antiga na história da Igreja).
Em visita à cidade de Belém, o padre italiano barnabita Luis Zoia conheceu a pequena igreja e propôs a construção de um grande templo que representasse a fé do povo na Virgem de Nazaré.
O projeto, inspirado na Igreja de São Paulo, em Roma, foi dos arquitetos italianos Gino Coppede e Giuseppe Predasso. Coppede, artista do art-noveau, provavelmente fez da Basílica sua única obra sacra, onde, pela profusão de estilos, se deduz que ele reuniu “tudo de mais bonito que encontrou nas outras igrejas para colocar na sua, especialmente na decoração do templo”. Nunca esteve em Belém do Pará e coordenava os trabalhos à distância, na Itália, “enviando plantas coloridas e, na época da decoração, desenhos com suas diversas partes numeradas para que as peças, vindas do exterior, fossem afixadas nos seus exatos lugares”. (UMA IGREJA...). Padre Luis Zoia ficou como intermediário entre o projetista e os construtores e não chegou a ver a igreja pronta.
Sua construção foi iniciada em 1909, no final do ciclo da borracha (1879-1912), e atravessou os dois períodos de guerras mundiais, quando houve crise econômica e o comércio foi interrompido. As dificuldades foram muitas e envolvia, principalmente, o material necessário para a sua construção que vinha da Europa – mármores de carrara, vitrais franceses, mosaicos venezianos, estátuas de Antonio Bozzano e seu filho, Augusto – e que, ao chegar ao porto de Belém, era taxado pela alfândega. “Para liberá-lo, o padre Di Giorgio percorria gabinetes e a Câmara, recorrendo a todos os meios até conseguir isenção parcial ou total do imposto”. (UMA IGREJA...). Deve-se ao vigário da Igreja, padre Emilio Richert, que administrou financeiramente a obra e ao padre Afonso Di Giorgio a incansável batalha de pedir doações para que os trabalhos fossem desenvolvidos progressivamente.
A Basílica tem 5 naves, 62 metros de comprimento, 24 metros de largura e 20 metros de altura, 2 torres com 42 metros de altura, 36 colunas de granito maciço, 54 vitrais (de Paris), 32 medalhões em mosaico de 1,5 metro de diâmetro, 19 estátuas do mais puro mármore de Carrara, 9 sinos eletrônicos, um órgão com três teclados e 1.100 tubos. (BASÍLICA..., 19--?].
Na Basílica, todos os pontos convergem para o altar, onde está a imagem de Nossa Senhora. E é de lá, iniciando pela direita, que os vitrais contam histórias da bíblia e os mosaicos rezam a Salve Rainha, através de anjos. Nas naves laterais encontram-se ainda, os mosaicos das mulheres que estão na Bíblia e guardam virtudes que serão encontradas na Virgem Maria. [...] Foram os padre franceses que definiram os temas dos vitrais, assim como as imagens das estátuas que ornariam os altares laterais. (UMA IGREJA...).
Todo esse conjunto arquitetônico, considerado como obra de arte e de devoção, só foi realizado porque houve a fé de um povo, a coragem e a decisão dos padres barnabitas e das autoridades. Em 31 de maio de 2006 foi elevada à categoria de Santuário Mariano Arquidiocesano pelo então Arcebi¬spo Metropolitano de Belém Dom Orani João Tempesta, e teve como reitor o barnabita padre José Ramos das Mercês. Dessa forma, passou a denominar-se Basílica-Santuário de Nossa Senhora de Nazaré por receber romeiros e peregrinos que se dirigem a Belém para agradecer as várias graças alcançadas ou fazer um pedido à santa, principalmente durante o Círio de Nazaré, a maior procissão religiosa brasileira.
Recife, 23 de dezembro de 2013.
Fontes consultadas
BASÍLICA N. S. de Nazaré, Belém–Pará. [São Paulo]: Basílica de Nazaré, [19--?]. [32]p.
UMA IGREJA italiana no Pará. Disponível em:<http://www.orm.com.br/tvliberal/revistas/npara/edicao7/italiana.htm> . Acesso em: 17 dez. 2013.
PEREIRA, Edenice. Basílica de Nazaré. In: _____. Vem Círio! [Belém, PA], [200_?]. Disponível em:< http://edenice.wordpress.com/basilica-de-nazare/> . Acesso em: 17 dez. 2013.
Como citar este texto
BARBOSA, Virginia. Basílica de Nossa Senhora de Nazaré (Belém, PA). In: PESQUISA Escolar. Recife: Fundação Joaquim Nabuco, 2013. Disponível em: https://pesquisaescolar.fundaj.gov.br/pt-br/artigo/basilica-nossa-senhora-de-nazare/. Acesso em: dia mês ano. (Ex.: 6 ago. 2020.)