Apesar da influência portuguesa, primeiramente, da francesa e outras mais tarde verificadas, os habitantes da região não perderam o hábito geral de consumir alimentos e bebidas regionais, conservando, principalmente no interior, uma linha de tradição muito viva.
Os pratos essenciais, de longa tradição, são o peixe e a caça (quadrúpedes e aves) aos quais se juntam os quelônios, sáurios e cetáceos. O peixe, das espécies mais comuns – jaraqui, pacu, sardinha, acará e outros de menor porte –, podem ser consumidos na hora ou conservados em invólucros de folhas de pacova-sararaca, arumã, depois de moqueados ou assados na brasa. Servem para o café da manhã à falta de beiju ou de macaxeira.
Seguem-se peixes maiores – tucunaré, tambaqui, dourado, matrinchã e outros –, tratados da maneira precedente, ou servidos à européia, estufados, com recheios de condimentos, ou ainda desfiados. O pirarucu pode ser conservado seco em mantas (piraém). Usa-se comê-lo desfiado e cozido com leite de castanha.
PRATOS REGIONAIS
Caldeirada - o indígena e o caboclo usavam-na nas grandes festas comunais, empregando de uma só vez toda sorte de peixes pequenos ou grandes, cortados em postas.
Peixada - diz-se do preparo de determinada espécie de peixe, à maneira regional, por cozimento ou assadura.
Tartarugada - não só a tartaruga verdadeira mas os quelônios amazônicos, todos entram no cardápio com maior ou menor insistência dependendo de determinadas épocas do ano. Uma tartarugada pode render várias qualidades de pratos: casco, paxicá, peito, sarapatel, guisado, mujanguê, arabu, abunã e variedades improvisadas outras.
Tacacá - entram na composição farinha de tapioca com água quente, do que resulta o "grude" esbranquiçado, também chamado "goma". Adiciona-se boa porção de jambu e salsa e algum sal. O camarão e as folhas vem depois, na hora de servir-se. O tacacá original de procedência indígena não aceitava o marisco, mas peixe cozido ou tassalhos de carne.
AS REGIONAIS
Guereré - guisado feito com as vértebras dorsais e a tripa grossa do pirarucu.
Quibebe - prato composto de massa de jerimum cozido e leite de gado ou do tocari (noz do Brasil), farinha de mandioca seca ou d’água.
Roupa Velha - alimento muito comum entre seringueiros e trabalhadores rurais, preparada com a carne sobrada de véspera migada e temperada a que se junta farinha.
Arubé - feito com o sumo da mandioca exposta ao sol, grossado com a fécula e temperado com tucupi.
Tucupi - extraído do sumo venenoso da mandioca, que é misturado com água e fervido para perder o teor do veneno. Deixa-se azedar de um dia para o outro, depois acrescenta-se salsa, alho, uns pedacinhos de folha de pimenta malagueta, fragmentos de folha de mandioca, leva -se ao fogo para cozer, eliminando-se assim o princípio venenoso.
Chibé - alimento de circunstância muito divulgado entre as populações indígenas e caboclas, preparado simplesmente com farinha de mandioca, água fresca e mel de abelha ou açúcar.
Mojica - alimento típico de Roraima, peixe cozido com temperos.
Damorida - alimento usado em Roraima, consiste de peixe cozido por inteiro até desmanchar depois passa na peneira, põe-se pimenta e come-se com beiju.
Piracuí - farinha de peixe. Assa o peixe, desossa, espreme na rensa ou tipiti, tempera com sal e leva ao forno para secar.
Recife, 22 de julho de 2003.
Fontes consultadas
ALIMENTAÇÂO Amazônica. Foto nesse texto. Disponível em: <http://www.amazonas.am.gov.br/o-amazonas/gastronomia/>. Acesso em: 21 jul. 2003.
Como citar este texto
Biblioteca Blanche Knopf. Alimentação Amazônica. In: PESQUISA Escolar. Recife: Fundação Joaquim Nabuco, 2003. Disponível em:https://pesquisaescolar.fundaj.gov.br/pt-br/artigo/alimentacao-amazonica-ver-tambem-cozinha-amazonica/. Acesso em: dia mês ano. (Ex.: 6 ago. 2020.)