No Brasil, o plantio da cana-de-açúcar (matéria prima das usinas) se iniciou em São Vicente, no ano de 1522, trazida da Ilha da Madeira, por Martim Afonso de Souza. Foi em Pernambuco, porém, que ela floresceu, encontrando condições ideais para seu desenvolvimento nas terras úmidas em massapê. Em 1553, Duarte Coelho Pereira trouxe também da Ilha da Madeira, a chamada cana crioula, que durante três séculos, foi a variedade dominante cultivada em Pernambuco. Há indicações que já havia anteriormente, cultura de cana-de-açúcar nas terras de Itamaracá.
No início do século XIX, a cana crioula foi substituída pela cana caiana, quando os portugueses trouxeram essa variedade da Guiana Francesa e a introduziram aqui. Só depois foram sendo introduzidas variedades híbridas, oriundas das Antilhas, da Índia e da Indonésia.
A cana-de-açúcar é plantada na zona da mata de Pernambuco, na chamada zona canavieira há quase 5 séculos. A área cultivada tem cerca de 12 mil km2, fica situada próxima ao Oceano Atlântico, possui solos ricos para a agricultura, onde não há ameaças de secas e os rios são perenes.
No início, os engenhos de açúcar devem ter sido movidos à tração humana, como as casas de farinha. Depois evoluíram para a tração animal (bois e éguas) e para os engenhos d`água. Só a partir do século XIX é que seriam introduzidos em Pernambuco os engenhos movidos a vapor e haveria uma revolução no comércio e indústria do açúcar, uma vez que na Europa, a beterraba passou a ser utilizada na produção de açúcar, oferecendo-se um produto de melhor qualidade ao mercado consumidor.
O Brasil precisou fazer modificações na sua produção, construindo ferrovias e implantando modernos engenhos de açúcar.
Nas últimas décadas do século XIX, alguns proprietários mais ricos e empreendedores, melhoraram as condições técnicas dos seus engenhos, com a implantação de máquinas para a produção do açúcar cristal. Esses engenhos modernos seriam chamados de engenhos centrais e usinas.
Os engenhos centrais não tinham diferença do ponto de vista técnico das usinas, mas sim do ponto de vista econômico: geralmente pertenciam a uma sociedade, não possuíam terras e não desenvolviam atividades agrícolas..
A partir de 1871, houve uma mudança gradual na agroindústria açucareira em Pernambuco, com a decadência dos antigos engenhos banguês (que produziam um açúcar de cor escura, mascavo) e sua substituição pelos engenhos centrais e usinas. Foram poucos os engenhos banguês que conseguiram sobreviver até a segunda metade do século XX.
A zona canavieira pernambucana já teve uma boa malha ferroviária, composta pelas ferrovias da antiga Great Western e pelos ramais construídos pelas usinas para o transporte da cana. No entanto, a partir da metade da década de 1960, as ferrovias ficaram abandonadas sendo substituídas pelas rodovias.
A primeira usina implantada em Pernambuco foi a de São Francisco da Várzea, cuja primeira moagem aconteceu em 1875. Pernambuco já chegou a ter mais de cem usinas. Atualmente, no entanto, existem apenas cerca de 38, algumas, inclusive, encontram-se paralisadas ou desativadas.
RELAÇÃO ALFABÉTICA DE USINAS EM PERNAMBUCO
Água Branca*
Aliança*
Aripibú*
Bamburral*
Bananal*
Barão de Suassuna
Barra*
Beltrão*
Bom Destino*
Bom Dia
Bom Jesus
Bosque*
Brasil*
Brejo*
Bulhões
Cabeça de Negro*
Cachoeira Lisa*
Camurim Grande (Santa Inês)*
Capibaribe*
Carassú (depois Central Barreiros)
Catende
Caxangá
Central Barreiros
Central Nossa Senhora de Lourdes*
Central Olho D´Água
Coelhas*
Colégio*
Conceição dos Milagres*
Condado*
Crauatá*
Cruangi (antes Genipapo)
Cucaú
Cursay*
Cuyambuca (MoçaBonita)
Desespero*
Desterro
Dois Irmãos*
Engenho do Meio*
Espírito Santo*
Estreliana
Firmeza*
Floresta (Usina Pinto)*
Frei Caneca
Freixeiras*
Gigantes*
Goiana
Gravatá*
Ipojuca
Jaboatão*
Jaguaré*
Javunda*
José da Costa*
José Rufino*
Laranjeiras
Liberato Marques*
Limoeirinho*
Lustosa*
Mameluco*
Manoel Borba*
Maria das Mercês*
Massauassu*
Matary
Moreno*
Muribeca*
Mussú*
Mussumbú*
Mussupe*
Mussurepe*
Nossa Senhora Auxiliadora*
Nossa Senhora da Vitória*
Nossa Senhora das Maravilhas
Nossa Senhora do Carmo (antes Sta. Pânfila)
Nossa Senhora do Desterro
Nova Conceição*
Pedroza
Penderama*
Peri-Peri*
Perserverança*
Petribú
Pirajá*
Pirangi*
Pocinho*
Porto Alegre*
Progresso Colonial (depois Jaboatão)*
Pumaty (antes Central Bom Gosto)
Regalia*
Ribeirão*
Rio Una*
Roçadinho*
Salgado
Sant`Anna d`Aguiar*
Santa Filonila*
Santa Flora*
Santa Rita*
Santa Teresa
Santa Terezinha
Santa Terezinha de Jesus*
Santo André
Santo Inácio*
São Félix*
São Francisco da Várzea*
São João da Várzea*
São José (antiga Coelho)
São Salvador*
Serra-Azul*
Serro-Azul*
Sibéria*
Sibiró Grande*
Timbó*
Timbó-Assú*
Tinoco*
Tiúma*
Trapiche
Trapiche do Cabo*
Três Marias*
Treze de Maio*
Trincheiras*
Ubaquinha*
União e Indústria
Uruaé*
Vicente Campelo
* Usina desativada, paralisada ou incorporada por outra.
Recife, 3 de julho de 2003.
Fontes consultadas
ANDRADE, Manuel Correia de. História das usinas de açúcar de Pernambuco. Recife: FJN. Ed. Massangana, 1989. 114 p. (República, v.1)
GONÇALVES & SILVA. O assucar e o algodão em Pernambuco. Recife: [s.n.], 1929. 90 p.
MOURA, Severino. Senhores de engenho e usineiros, a nobreza de Pernambuco. Recife: Fiam, CEHM, Sindaçúcar, 1998. 320 p. (Tempo municipal, 17).
Como citar este texto
GASPAR, Lúcia. Usina de Açúcar em Pernambuco. In: PESQUISA Escolar. Recife: Fundação Joaquim Nabuco, 2003. Disponível em: https://pesquisaescolar.fundaj.gov.br/pt-br/artigo/usinas-de-acucar-em-pernambuco/. Acesso em: dia mês ano. (Ex.: 6 ago. 2020.)