Natural da cidade de Canhotinho, no Agreste de Pernambuco, Porfírio Faustino foi um dos primeiros ceramistas populares vistos como artista em todo o país. Nos anos 1940, antes mesmo de Vitalino, ele já era bastante conhecido por suas pequenas esculturas, brancas com detalhes coloridos, que representavam cenas cotidianas e, em sua maioria, figuras típicas de folguedos e do carnaval do interior do estado.
Casado com Ana Faustino, Porfírio teve dois filhos, Israel e Vastir, que eram, na realidade, os verdadeiros autores daquelas esculturas que acabaram por dar um novo panorama ao vocabulário cerâmico de Pernambuco, como ficou provado, anos depois, numa pesquisa realizada por Hermilo Borba Filho e Abelardo Rodrigues. Porfírio, segundo as entrevistas realizadas com os seus filhos, trabalhava apenas com cerâmica utilitária e alguns brinquedos, como cavalos e bois, atuando também como intermediador na venda das peças elaboradas por seus filhos adolescentes.
Israel, depois de adulto, seguiu como ceramista utilitário, abandonando as esculturas figurativas, e retornou à antiga atividade apenas para atender a uma encomenda de Abelardo Rodrigues. No entanto, as esculturas já não apresentavam mais as características daquelas que levaram o nome de Porfírio ao reconhecimento. Já Vastir, depois de casar-se aos 21 anos, mudou-se para o Recife e largou o ofício de ceramista.
A Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) possui hoje o maior acervo relacionado à família Faustino, com 223 peças, entre cerâmicas figurativas e utilitárias de autoria de Porfírio, Vastir e Israel, doado ao Museu do Homem do Nordeste pelo fotógrafo Benício Dias, autor de uma série de imagens que mostra o atelier da família e os locais de produção das peças, e que está disponível para consulta no setor de iconografia do Centro de Estudos da História Brasileira (Cehibra) da Fundaj.
Recife, 16 de dezembro de 2013.
Fontes consultadas
ENEIDA: A amiga do folclore. Revista Brasileira de Folclore, Rio de Janeiro, ano 11, n. 29, p. 108-110, jan./abr. 1971.
FILHO, Hermilo Borba; RODRIGUES, Abelardo. Cerâmica popular no Nordeste. Rio de Janeiro: Ministério da Educação e Cultura, 1969.
FROTA, Lélia Coelho. Pequeno dicionário da arte do povo brasileiro. Rio de Janeiro: Aeroplano. 2005.
Como citar este texto
CANTARELLI, Rodrigo. Porfírio Faustino. In: Pesquisa Escolar. Recife: Fundação Joaquim Nabuco, 2013. Disponível em: https://pesquisaescolar.fundaj.gov.br/pt-br/artigo/porfirio-faustino/. Acesso em: dia mês ano. (Ex.: 6 ago. 2009.)