O pintor pernambucano Murillo La Greca, registrado como Vicente La Greca, nasceu no dia 3 de agosto de 1899 na cidade de Palmares. Seus pais, Vicenzo La Greca e Teresa Carlomagno, eram italianos que vieram para o Brasil no final do Século XIX, quando a Itália atravessava sérias crises em todas as áreas. Conheceram-se no Recife, casaram e tiveram doze filhos, sendo Vicente o mais novo.
Provavelmente, seu interesse pela pintura tenha sido despertado aos doze anos quando aluno do Colégio Salesiano. Ali, acompanhou os trabalhos do Padre Solari que pintava grandes painéis de cenários para as peças teatrais encenadas pelos alunos.
Sua trajetória artística foi influenciada por diversos pintores. Aos quatorze anos, foi pupilo, por um mês, do pintor italiano Carlo di Servi que estava de passagem no Recife para inaugurar sua exposição. A admiração que, desde cedo, Murillo tinha pelo pintor sevilhano seiscentista Bartolomé Esteban de Murillo fez com que, aos dezessete anos, ele realizasse uma cópia de um quadro de Bartolomé intitulado Mendigo; e, em 1953, incorporou o nome daquele pintor à sua identidade e passou a ser conhecido por Vicente Murillo La Greca.
Ainda aos dezessete anos, Murillo, incentivado por seu irmão mais velho, José La Greca, seguiu para o Rio de Janeiro onde, por oito meses, estudou pintura no atelier dos irmãos Bernardelli (Rodolfo, escultor, e Henrique, pintor). A partir de então, Murillo passou a conviver com bons pintores – inclusive foi amigo de Cândido Portinari -, dentre os quais o italiano Pietro Brugo, que facilitou sua viagem à Itália. Em Roma (1920), matriculou-se no Real Instituto de Belas Artes, na Associação Artística Internacional e na Academia do Nu. Foi um período de intenso aprendizado e aprimoramento no qual se dedicou ao desenho de modelo vivo. São destaque os desenhos Estudos de Cabeça de Mulher, Sírio, Velho Modelo e Nu Feminino (ou Velha Sentada); e as pinturas A Fonte de Castália e Os Últimos Fanáticos de Canudos.
Retornou ao Recife em 1925 e, no ano seguinte, no mês de abril, realizou uma exposição com 53 trabalhos (desenhos e pinturas) no Clube Internacional. Teve o aplauso da crítica e do público. Foi para o Rio de Janeiro, em 1927, e expôs cinco telas no Salão Nacional de Belas Artes. Uma delas, Os Últimos Fanáticos de Canudos, recebeu a Medalha de Prata. Seguiram-se outras exposições: no Palacete Santa Helena, localizado na Praça da Sé (São Paulo, 1928); no Teatro de Santa Isabel (Recife, 1929); e na Casa Canetti, no centro do Rio de Janeiro (1930).
Na década de 1930, Murillo, atendendo convite do seu irmão mais velho, José La Greca, foi para Natal (RN) onde foi bem acolhido nos meios artísticos e sociais.
Ainda nessa década, participou, desde o início, do movimento de artistas e intelectuais para a criação a Escola de Belas Artes de Pernambuco. Essa iniciativa nasceu da necessidade de se ter, no Nordeste brasileiro, um centro de ensino voltado às vocações artísticas. Quando a Escola iniciou suas atividades, Murillo foi pioneiro no Nordeste ao implantar e ministrar a disciplina Desenho de Modelo Vivo bem como a modalidade de curso livre, o qual aceitava a participação de qualquer pessoa, mesmo sem vínculo com a Escola.
Em 1933 e 1934 foi intensa a sua atividade artística quando então participou de exposições de Pintura e Escultura, em Natal (RN), onde recebeu o primeiro prêmio; no Recife, nos salões da Casa Laubitsch Hirth além de, por solicitação do Exército, produziu uma série de retratos de personalidades da República.
Foi também professor da Escola de Belas Artes do Rio de Janeiro, local onde conheceu a aluna Sílvia Luísa Decusati, de origem italiana, com quem contraiu matrimônio em 1936. Sílvia se tornou a companheira constante, o apoio e o estímulo do artista. Após o casamento, seguiram para Roma, onde Murillo dedicou-se ao estudo de afrescos (“aplicação das cores simplesmente manipuladas e diluídas em água sobre uma superfície de reboco aplicado na hora – fresco – e ainda úmido de cal”). Para dominar essa técnica de origem milenar, fez estágio com o pintor italiano Emílio Notte, catedrático de arte decorativa na Academia de Belas Artes de Nápoles, e conheceu os afrescos de Pompeia, das Catacumbas, em Roma, e os trabalhos de Pietro Perugino, Michelangelo, Giovanni Battista Tiépollo, mestres da pintura italiana.
Às vésperas da Segunda Guerra Mundial, Murillo e Sílvia voltaram para o Brasil, ocasião em que foi convidado pelos frades Capuchinhos para pintar os afrescos da Basílica de Nossa Senhora da Penha, no bairro de São José, cidade do Recife. Pintou Os Quatro Evangelistas nos pendentes da cúpula do altar-mor (1939/1940). Cada afresco traz a imagem de um santo evangelista (Marcos, Mateus, Lucas e João) e medem cerca de três metros de altura, enquanto cada painel tem vinte metros de área pintada. A elaboração desses afrescos exigiu que Murillo – que contou também com ajuda de sua mulher Sílvia – trabalhasse doze horas ininterruptas para aproveitar a argamassa úmida. Foi muito esforço físico e muitas horas inalando cal o que lhe custou uma lesão no pulmão. Esse trabalho mereceu vários elogios de críticos de arte e da imprensa.
Na década de 1940, foi convidado pelo reitor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Joaquim Amazonas, para pintar um quadro de grandes dimensões (7m x 3,50cm) cuja tema era Hipócrates e o enfoque seria uma cena clássica da primeira aula de medicina. A obra foi iniciada na década de 1950, período de muita atribulação na vida de Murillo: ocupava a função de diretor da Escola de Belas Artes de Pernambuco e foi surpreendido com a doença de sua esposa que veio a falecer em 1967. Este último fato levou Murillo a interromper, por diversas vezes, o trabalho.
Provavelmente, seu interesse pela pintura tenha sido despertado aos doze anos quando aluno do Colégio Salesiano. Ali, acompanhou os trabalhos do Padre Solari que pintava grandes painéis de cenários para as peças teatrais encenadas pelos alunos.
Sua trajetória artística foi influenciada por diversos pintores. Aos quatorze anos, foi pupilo, por um mês, do pintor italiano Carlo di Servi que estava de passagem no Recife para inaugurar sua exposição. A admiração que, desde cedo, Murillo tinha pelo pintor sevilhano seiscentista Bartolomé Esteban de Murillo fez com que, aos dezessete anos, ele realizasse uma cópia de um quadro de Bartolomé intitulado Mendigo; e, em 1953, incorporou o nome daquele pintor à sua identidade e passou a ser conhecido por Vicente Murillo La Greca.
Ainda aos dezessete anos, Murillo, incentivado por seu irmão mais velho, José La Greca, seguiu para o Rio de Janeiro onde, por oito meses, estudou pintura no atelier dos irmãos Bernardelli (Rodolfo, escultor, e Henrique, pintor). A partir de então, Murillo passou a conviver com bons pintores – inclusive foi amigo de Cândido Portinari -, dentre os quais o italiano Pietro Brugo, que facilitou sua viagem à Itália. Em Roma (1920), matriculou-se no Real Instituto de Belas Artes, na Associação Artística Internacional e na Academia do Nu. Foi um período de intenso aprendizado e aprimoramento no qual se dedicou ao desenho de modelo vivo. São destaque os desenhos Estudos de Cabeça de Mulher, Sírio, Velho Modelo e Nu Feminino (ou Velha Sentada); e as pinturas A Fonte de Castália e Os Últimos Fanáticos de Canudos.
Retornou ao Recife em 1925 e, no ano seguinte, no mês de abril, realizou uma exposição com 53 trabalhos (desenhos e pinturas) no Clube Internacional. Teve o aplauso da crítica e do público. Foi para o Rio de Janeiro, em 1927, e expôs cinco telas no Salão Nacional de Belas Artes. Uma delas, Os Últimos Fanáticos de Canudos, recebeu a Medalha de Prata. Seguiram-se outras exposições: no Palacete Santa Helena, localizado na Praça da Sé (São Paulo, 1928); no Teatro de Santa Isabel (Recife, 1929); e na Casa Canetti, no centro do Rio de Janeiro (1930).
Na década de 1930, Murillo, atendendo convite do seu irmão mais velho, José La Greca, foi para Natal (RN) onde foi bem acolhido nos meios artísticos e sociais.
Ainda nessa década, participou, desde o início, do movimento de artistas e intelectuais para a criação a Escola de Belas Artes de Pernambuco. Essa iniciativa nasceu da necessidade de se ter, no Nordeste brasileiro, um centro de ensino voltado às vocações artísticas. Quando a Escola iniciou suas atividades, Murillo foi pioneiro no Nordeste ao implantar e ministrar a disciplina Desenho de Modelo Vivo bem como a modalidade de curso livre, o qual aceitava a participação de qualquer pessoa, mesmo sem vínculo com a Escola.
Em 1933 e 1934 foi intensa a sua atividade artística quando então participou de exposições de Pintura e Escultura, em Natal (RN), onde recebeu o primeiro prêmio; no Recife, nos salões da Casa Laubitsch Hirth além de, por solicitação do Exército, produziu uma série de retratos de personalidades da República.
Foi também professor da Escola de Belas Artes do Rio de Janeiro, local onde conheceu a aluna Sílvia Luísa Decusati, de origem italiana, com quem contraiu matrimônio em 1936. Sílvia se tornou a companheira constante, o apoio e o estímulo do artista. Após o casamento, seguiram para Roma, onde Murillo dedicou-se ao estudo de afrescos (“aplicação das cores simplesmente manipuladas e diluídas em água sobre uma superfície de reboco aplicado na hora – fresco – e ainda úmido de cal”). Para dominar essa técnica de origem milenar, fez estágio com o pintor italiano Emílio Notte, catedrático de arte decorativa na Academia de Belas Artes de Nápoles, e conheceu os afrescos de Pompeia, das Catacumbas, em Roma, e os trabalhos de Pietro Perugino, Michelangelo, Giovanni Battista Tiépollo, mestres da pintura italiana.
Às vésperas da Segunda Guerra Mundial, Murillo e Sílvia voltaram para o Brasil, ocasião em que foi convidado pelos frades Capuchinhos para pintar os afrescos da Basílica de Nossa Senhora da Penha, no bairro de São José, cidade do Recife. Pintou Os Quatro Evangelistas nos pendentes da cúpula do altar-mor (1939/1940). Cada afresco traz a imagem de um santo evangelista (Marcos, Mateus, Lucas e João) e medem cerca de três metros de altura, enquanto cada painel tem vinte metros de área pintada. A elaboração desses afrescos exigiu que Murillo – que contou também com ajuda de sua mulher Sílvia – trabalhasse doze horas ininterruptas para aproveitar a argamassa úmida. Foi muito esforço físico e muitas horas inalando cal o que lhe custou uma lesão no pulmão. Esse trabalho mereceu vários elogios de críticos de arte e da imprensa.
Na década de 1940, foi convidado pelo reitor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Joaquim Amazonas, para pintar um quadro de grandes dimensões (7m x 3,50cm) cuja tema era Hipócrates e o enfoque seria uma cena clássica da primeira aula de medicina. A obra foi iniciada na década de 1950, período de muita atribulação na vida de Murillo: ocupava a função de diretor da Escola de Belas Artes de Pernambuco e foi surpreendido com a doença de sua esposa que veio a falecer em 1967. Este último fato levou Murillo a interromper, por diversas vezes, o trabalho.
[...] o falecimento de Silvia desceu sobre Murillo como um imenso vazio. Todas as suas atividades foram paralisadas. Mudou-se mesmo de sua casa, em Apipucos, onde tudo lembrava a companheira querida. (MELO; BORBA, 1999, p. 96).
A conclusão do quadro deu-se na década de 1970 e foi entregue à UFPE, em sessão solene, no mês de setembro de 1975, no Salão Nobre da Faculdade de Medicina, com o título definitivo de A Primeira Aula de Medicina.
Viajou de novo para a Itália em 1976 para rever parentes, passear e foi muito bem recebido também pelo meio artístico e pela mídia.
De volta para o Brasil, continuou com suas atividades artísticas além de participar de bancas examinadoras e de fazer parte do júri de salões de arte. Recebeu, em 1983, a condecoração Ordine al Merito della Repubblica Italiana, no grau Cavaliere.
Dois anos depois, o sonho de criar, no Recife, um museu – Museu Murillo La Greca –, constituído com suas obras e as de sua esposa, foi concretizado por meio do Decreto Municipal n. 13.301, e inaugurado no dia 12 de dezembro de 1985. Murillo não chegou a vê-lo pronto: faleceu em 5 de julho de 1985. Teve apenas a oportunidade de visitar o local escolhido e participou dos acertos iniciais para levantamento e ordenação do acervo. O imóvel desapropriado pela Prefeitura da Cidade do Recife fica localizado na Rua Leonardo Cavalcanti, 366, bairro do Parnamirim, à margem do Rio Capibaribe. O Museu possui dez salas, realiza periodicamente exposições, cursos de desenho e pintura, promove palestras. O acervo é constituído por mais de mil obras – entre pinturas e desenhos – elaboradas em diferentes processos e técnicas o que faz da instituição uma fonte de estudos para professores, alunos e pesquisadores.
Recife, 24 de outubro de 2013.
Fontes consultadas
MELO, Carlos Alberto Barreto Campello de; BORBA, Fernando de Barros. Murillo LaGreca: sua arte, sua vida. Recife: Bagaço, 1999.
MURILLO LaGreca. Disponível em: . Acesso em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Murillo_La_Greca>. Acesso em: 16 out. 2013.
MURILLO LaGreca. Disponível em: <http://www.cyberartes.com.br/artigo/?i=1645&m=44>. Acesso em: 18 out. 2013.
QUADRO de Murillo LaGreca [Foto neste texto]. Disponível em: <goo.gl/DtvStU>. Acesso em: 05 set. 2017.
ROCHA, Raquel. Uma história de amor que conheci em um Museu do Recife. Disponível em: <http://www.recifestranho.com/2012/12/uma-historia-de-amor-que-conheci-em-um.html> . Acesso em: 16 out. 2013.
MURILLO LaGreca. Disponível em: . Acesso em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Murillo_La_Greca>. Acesso em: 16 out. 2013.
MURILLO LaGreca. Disponível em: <http://www.cyberartes.com.br/artigo/?i=1645&m=44>. Acesso em: 18 out. 2013.
QUADRO de Murillo LaGreca [Foto neste texto]. Disponível em: <goo.gl/DtvStU>. Acesso em: 05 set. 2017.
ROCHA, Raquel. Uma história de amor que conheci em um Museu do Recife. Disponível em: <http://www.recifestranho.com/2012/12/uma-historia-de-amor-que-conheci-em-um.html> . Acesso em: 16 out. 2013.
Como citar este texto
BARBOSA, Virgínia. Murillo La Greca. In: PESQUISA Escolar. Recife: Fundação Joaquim Nabuco, 2013. Disponível em:https://pesquisaescolar.fundaj.gov.br/pt-br/artigo/murillo-lagreca/. Acesso em: dia mês ano. (Ex.: 6 ago. 2020.)