Mandacaru é uma denominação genérica que designa plantas da família Cactáceas, caracterizadas por se apresentarem como cacto de grande porte, arbóreo, de tronco grosso ramificado de base lenhosa, com flores que se abrem à noite e com frutos quase sempre comestíveis.
Típico das caatingas áridas do Nordeste brasileiro tornou-se símbolo da seca e pode ser facilmente visto na paisagem do sertão. Essa arborescente pode ser classificada basicamente em duas grandes espécies: Cereus Peruvianus, nativa do Peru e do Brasil, e Cereus Jamacaru, encontrada apenas no Brasil. As duas espécies, que atingem cerca de cinco metros de altura, também são conhecidas pelos nomes: jamacaru, cardeiro, cardeiro-rajado e mandacaru-de-boi.
O Cereus Peruvianus tem flores afuniladas que medem até vinte centímetros de comprimento, são brancas por dentro e castanho-avermelhadas por fora. O Cereus Jamacaru tem flores brancas estriadas de verde, medindo em torno de 12cm.
As flores geralmente aparecem no meio da primavera e cada flor dura apenas um único período noturno, ou seja, desabrocham ao anoitecer e ao amanhecer já começam a murchar. São escamosas com pétalas brancas, tornando-se róseas ao murcharem, depois da fecundação.
Os frutos do mandacaru (das duas espécies) são comestíveis, têm formato oval e podem alcançar vinte centímetros de comprimento por 12 de diâmetro. Possuem uma cor violeta forte e sua polpa é branca, adocicada, com sementes pretas minúsculas, que servem de alimento para diversas aves típicas da caatinga, como a gralha-cancã e o periquito-da-caatinga. Em épocas de escassez, os frutos são comidos crus, depois de extraída a casca. Do caule, cortado em pedaços, se produz um apreciado doce. O caule também fornece fécula.
O tronco principal do mandacaru pode alcançar 50 cm de diâmetro. Diz o ditado popular que “mandacaru não dá sombra nem encosto”, mas é ao mandacaru que o vaqueiro recorre quando a seca castiga a região e não restam alternativas para alimentação do gado, pois o mandacaru é muito resistente ao clima semi-árido tendo a capacidade de acumular muita água em seus ramos que servem ao mesmo tempo para alimentar e amenizar a sede do gado. Quando é da espécie espinhenta, se faz necessário não apenas cortá-lo em pedaços, mas também cortar ou queimar seus espinhos com uma espécie de maçarico acoplado com um botijão de gás. Essa técnica é relativamente recente e vem sendo utilizada por vaqueiros de praticamente todo o sertão nordestino.
O mandacaru é tão representativo da região Nordeste que quando se vê sua imagem em qualquer lugar logo se associa à seca e ao sertão nordestino. Curiosamente, o nome e a imagem do mandacaru são cada vez mais divulgados nos meios de comunicação. Hoje mandacaru é nome de projeto, de restaurantes, de jornal, de novela, de prêmios, de banda, e, claro, segue imortalizado na música de Luiz Gonzaga:
O Xote Das Meninas
Luiz Gonzaga
Mandacaru
Quando fulora na seca
É o sinal que a chuva chega
No sertão
Toda menina que enjôa
Da boneca
É sinal que o amor
Já chegou no coração...
Recife, 29 de abril de 2013.
Fontes consultadas
GRANDE Enciclopédia Barsa. 3.ed. São Paulo: Barsa Planeta Internacional, 2005.
MASCARENHAS, Raimundo. Direito sempre: mandacaru vem sendo a última alternativa para alimentação do gado. Disponível em: <http://www.jzoura.blogspot.com.br/p/mandacaru-vem-sendo-ultima-aternativa.html>. Acesso em: 19 abr. 2013.
PEIXOTO, Aristeu Mendes. (Coord.). Enciclopédia agrícola brasileira. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2002. v.4.
SOUSA, Gabriel Soares de. Tratado descritivo do Brasil em 1587. 3. ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1938. ( Brasiliana, v. 117).
Como citar este texto
ANDRADE, Maria do Carmo. Mandacaru. In: PESQUISA Escolar. Recife: Fundação Joaquim Nabuco, 2013. Disponível em: https://pesquisaescolar.fundaj.gov.br/pt-br/artigo/mandacaru/. Acesso em: dia mês ano. (Ex.: 6 ago. 2020.)