Igreja do Divino Espírito Santo (Recife, PE)
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Última atualização: 04/05/2022
A história da Igreja do Divino Espírito Santo se inicia em meados do século XV. Ao longo dos anos, teve duas denominações até se chamar como hoje a conhecemos. Antes de 1654, era a Igreja Calvinista dos Franceses; após 1654, Igreja de Nossa Senhora do Ó; e a partir de 1855, Igreja do Divino Espírito Santo.
No período da dominação holandesa em Pernambuco (1630-1654), na localidade onde hoje existe o templo do Divino Espírito Santo, havia uma Igreja Calvinista dos Franceses que foi construída numa ação conjunta do Conde Maurício de Nassau com o Conselho dos XIX a pedido dos reverendos francesesLa Riviere e Auton. Este Conselho fazia parte da administração da Companhia das Índias Ocidentais e era composto por dezenove diretores, representado por 18 conselheiros regionais e um representante dos Estados Gerais, que se reuniam em Amsterdã e Midelburg, alternativamente.
Com o fim da invasão holandesa, na mesma área onde existiu a Igreja Calvinista dos Franceses, os padres da Companhia de Jesus, que anteriormente administravam o Colégio de Olinda, quase destruído pelos flamengos, solicitaram ao rei a instalação de um colégio no Recife. Por ordem régia de D. João VI a fundação do colégio é homologada para funcionar em local doado pelo mestre de campo Francisco Barreto que compreendia “duas moradas de caza [sic] de sobrado, fabricadas por Flamengos com suas lojas e da igreja dos franceses que os mesmos flamengos tinham feito por detraz daquellas cazas [sic]”. O Colégio dos Jesuítas foi construído anexo à Igreja e funcionou até 1760, ano em que o Marquês do Pombal extinguiu a ordem dos jesuítas do território do Brasil.
A segunda denominação, Igreja de Nossa Senhora do Ó, deveu-se a data em que o capitão Antonio Fernandes de Mattos lançou a pedra fundamental da Igreja, 18 de dezembro de 1886, dia dedicado àquela Santa. A inauguração foi em 17 de dezembro de 1690, sob a administração dos padres jesuítas. A construção da Igreja
[...] teve início a partir da sacristia com as capelas e a nave central. Além da capela-mor, havia quatro laterais, duas no cruzeiro e duas no corpo da igreja, possuindo o templo 60 palmos de largura por 120 palmos de comprimento. A fachada da igreja dos jesuítas era diversa da de hoje, avançada em relação às torres, formando assim um pórtico, ou nártex, [...] (SILVA, 2002, p. ...).
Com a expulsão dos jesuítas, a Igreja e o Colégio ficaram abandonados e sujeitos a muitos usos que não o religioso e o educacional. Têm-se notícias que naquelas dependências funcionou uma estrebaria onde os oficiais da guarda do Palácio do Governo acomodavam seus cavalos; uma
[...] série incontável de repartições oficiais: Tribunal de Relação, Sala de Audiências; Repartição de Vacina; Faculdade de Direito; Correios; depósito do Arsenal de Guerra e até Teatro daSociedade Dramática Natalense, servindo de palco a própria capela-mor [...]; e, em 1816, o Colégio dos Jesuítas, depois de saqueado, serviu para nele guardarem, por algum tempo, um imenso elefante [...] (PIO, 1960, p. 24).
Na gestão do presidente da província de Pernambuco, José Bento da Cunha e Figueiredo (1852-1856), a Irmandade do Divino Espírito Santo, ciente de que o presidente tinha interesse em restaurar a abandonada igreja do antigo Colégio dos Jesuítas a ele se dirigiu através de ofício para solicitar a entrega daquele templo à Irmandade. O pedido enumerava algumas condições, entre elas restaurar a Igreja com a invocação e título do Divino Espírito Santo.
Em 10 de julho de 1855, José Bento despachou o ofício concordando com a solicitação desde que as instalações do segundo andar do Colégio, onde funcionara a cadeia, fossem reformadas para abrigar o Tribunal da Relação. A Irmandade concordou e, em 27 de julho de 1855, o presidente da província ordenou ao presidente da Comissão de Higiene Pública a entrega das chaves da Igreja do antigo Colégio à Irmandade do Divino Espírito Santo.
Dessa forma, e realizados os consertos mais urgentes, em 8 de setembro de 1855 “transladou a Irmandade do Divino Espírito Santo da Igreja da Conceição dos Militares para a sua própria, o seu divino padroeiro, em solene procissão, conduzido o S.S. (Santíssimo) sob o palio e exposto no trono do Espírito Santo durante o Te Deum, ao recolher da procissão” (PIO, 1960, p. 33).
As obras de restauração atravessaram vários anos. A Irmandade conseguiu suportar e vencer os imprevistos revezes para a conclusão das obras. E a Igreja, ao longo desses anos, presenciou e fez parte de muitos fatos dignos de registro que o Recife viveu: a visita do Imperador D. Pedro II (1859); a procissão de penitência durante a epidemia de peste (1860); a festa abolicionista, com celebração de missa, promovida pela Sociedade Patriótica Bahiana Dous de Julho, em 2 de julho de 1870; a recepção a Bispos; e a cerimônia fúnebre de Joaquim Nabuco, em 18 de abril de 1910.
Recife, 29 de janeiro de 2010.
Fontes consultadas
PIO, Fernando. Igreja do Divino Espírito Santo. Recife: Arquivo Público Estadual, 1960.
SILVA, Leonardo Dantas. Pernambuco preservado: histórico dos bens tombados no Estado de Pernambuco. Recife: [s. n.], 2002. 266 p.
UM RECIFE sem mistérios, ao alcance de todos nós. Disponível em:>. Acesso em: 4 out. 2009.
Como citar este texto
BARBOSA, Virgínia. Igreja do Divino Espírito Santo (Recife, PE). In: PESQUISA Escolar. Recife: Fundação Joaquim Nabuco, 2010. Disponível em: https://pesquisaescolar.fundaj.gov.br/pt-br/artigo/igreja-do-divino-espirito-santo-recife-pe/. Acesso em: dia mês ano. (Ex.: 6 ago. 2020.)