Celso Monteiro Furtado nasceu no dia 26 de julho de 1920, na cidade de Pombal, na Paraíba, filho de Maurício Medeiros Furtado e Maria Alice Monteiro Furtado.
Em 1927, a família mudou-se para a cidade de Parayba (atual João Pessoa), capital do Estado.
Iniciou seu curso secundário no Liceu Paraibano, em 1932, concluindo-o no Ginásio Pernambucano, no Recife, PE.
Em 1939, foi morar no Rio de Janeiro, ingressando, em 1940, na Faculdade de Direito da Universidade do Brasil, hoje Universidade Federal do Rio de Janeiro, indo trabalhar como jornalista na Revista da Semana.
Aprovado em concurso do Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP), em 1943, como assistente de organização, exerceu suas atividades nas cidades do Rio de Janeiro e Niterói, publicando seus primeiros artigos na Revista do Serviço Público.
Bacharelou-se em Direito, em 1944, e ingressou no Centro de Preparação de Oficiais da Reserva (CPOR), sendo convocado no mesmo ano para a Força Expedicionária Brasileira (FEB), seguindo para a Itália, em 1945, como aspirante a oficial.
Estudou na London School of Economics (1947) e concluiu seu doutorado na Universidade de Paris-Sorbonne, em 1948.
De volta ao Brasil, retomou seu trabalho no DASP e junto com economistas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), passou a trabalhar na revista Conjuntura Econômica.
Casou-se com Lucia Tosi e, em 1949, mudou-se para Santiago do Chile como integrante da Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL), órgão vinculado à Organização das Nações Unidas (ONU).
Em 1954, publicou A economia brasileira: contribuição à análise de seu desenvolvimento, seu primeiro livro na área econômica.
Até 1957, cumpriu várias missões técnicas da CEPAL, como Diretor da Divisão de Desenvolvimento, em diversos países, como Argentina, México, Venezuela, Equador, Peru e Costa Rica, visitando também universidades norte-americanas para debater aspectos teóricos do desenvolvimento.
Passou o ano letivo de 1957-1958 no King’s College, da Universidade de Cambridge, Inglaterra, onde escreveu sua obra mais conhecida Formação econômica do Brasil.
De volta ao Brasil, desligou-se da CEPAL, assumindo uma diretoria do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE) e, em 1959, elaborou o Plano de Desenvolvimento do Nordeste, que deu origem a criação da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), com sede no Recife, órgão do qual foi o primeiro superintendente.
Em 1962, foi nomeado ministro do Planejamento do governo João Goulart, deixando porém o cargo no ano seguinte e retornando à superintendência da Sudene.
Com o Golpe Militar de 1964, teve seus direitos políticos cassados por dez anos, através do Ato Institucional nº 5, conhecido como AI-5.
Exilado, realizou seminários em Santiago do Chile, foi pesquisador do Instituto de Estudos do Desenvolvimento da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, e fez conferências em diversas universidades norte-americanas, indo morar na França, em 1965, a convite da Universidade de Paris-Sorbonne, onde foi professor durante vinte anos. Foi o primeiro estrangeiro nomeado por decreto presidencial para uma universidade francesa.
A partir de 1979, quando foi votada a Lei de Anistia, retornou ao Brasil com freqüência, casando-se, pela segunda vez, com a jornalista Rosa Freire d’Aguiar.
Filiou-se, em agosto de 1981, ao Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB),que havia sido criado em novembro de 1979.
Nomeado ministro da Cultura do governo José Sarney, em março de 1986, conseguiu aprovar a primeira lei de incentivos fiscais à cultura no Brasil, conhecida como Lei Sarney.
Em 1988, no entanto, pediu demissão do cargo de ministro e voltou às suas atividades acadêmicas no País e no exterior, integrando diversas comissões técnicas internacionais.
Recebeu o título de Doutor Honoris Causa das seguintes universidades: Técnica de Lisboa (1987); Estadual de Campinas (Unicamp, 1990); Federal de Brasília (1991); Federal do Rio Grande do Sul (1994); Federal da Paraíba (1996); Université Pierre Mendès-France, de Grenoble, na França (1996); Estadual do Ceará (2001); Estadual de São Paulo (Unesp, 2002); Federal do Rio de Janeiro (2002).
Em agosto de 1997, foi eleito para a Academia Brasileira de Letras, ocupando a cadeira nº 11 e, no mesmo ano, foi criado pela Academia de Ciências do Terceiro Mundo, sediada em Triestre, Itália, o Prêmio Celso Furtadoa ser concedido, de dois em dois anos, a um cientista social do Terceiro Mundo.
Em 2001, a Fundação Carlos Chagas de Apoio à Pesquisa, do Rio de Janeiro instituiu também um outro prêmio, o Celso Furtado de desenvolvimento.
Em 2003, teve o seu nome indicado para receber o Prêmio Nobel de Economia e, em 2004, foi homenageado na reunião da United Nations Conference on Trade and Development (UNCTAD )=Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento).
Celso Furtado é autor, entre outras, das seguiintes obras: Contos da vida expedicionária: de Nápoles a Paris (ficção, 1946); A economia brasileira: contribuição à análise de seu desenvolvimento (1954); Uma economia dependente (1956); Formação econômica do Brasil (1959); Uma política para o desenvolvimento econômico do Nordeste (1959); Desenvolvimento e subdesenvolvimento (1961); A pré-revolução brasileira (1965);Subdesenvolvimento e estagnação na América Latina (1966); Teoria e política do desenvolvimento econômico (1967); Formação econômica da América Latina (1969); Um projeto para o Brasil (1970); O mito do desenvolvimento econômico (1974); O Brasil pós-”milagre” (1981); Não à recessão e ao desemprego (1983); A nova dependência, dívida externa e monetarismo(1985); A fantasia organizada (1985); Transformação e crise na economia mundial (1987); ABC da dívida externa (1989); A fantasia desfeita (1989); Os ares do mundo (1991); Brasil, a construção interrompida (1995); Seca e poder(1998); O capitalismo global (1999).
Celso Furtado morreu na manhã do dia 20 de novembro de 2004, de um enfarte, aos 84 anos de idade, na sua residência no bairro de Copacabana, Rio de Janeiro. Seu corpo foi velado na Academia Brasileira de Letras.
Recife, 26 de novembro de 2004.
Fontes consultadas
ACADEMIA Brasileira de Letras: os acadêmicos. Disponível em: <http://www.academia.org.br>. Acesso em: 25 nov. 2004.
BLOCH, Israel; ABREU, Alzira Alves de (Coord.). Dicionário histórico-biográfico brasileiro: 1930-1983. Rio de janeiro: Forense Universitária; FGV/CPDOC; Finep, 1984. v. 2.
CELSO Furtado [Foto neste texto]. Disponível em: <http://www.academia.org.br/academicos/celso-furtado/bibliografia>. Acesso em: 19 jul. 2017.
Como citar este texto
GASPAR, Lúcia. Celso Furtado. In: Pesquisa Escolar. Recife: Fundação Joaquim Nabuco, 2004. Disponível em: https://pesquisaescolar.fundaj.gov.br/pt-br/artigo/celso-furtado/. Acesso em: dia mês ano. (Ex.: 6 ago. 2020.)