Os Wajãpi do Amapá, grupo indígena composto por seiscentos e setenta indivíduos divididos em quarenta e oito aldeias (IPHAN, 2008, p. 13), estão estabelecidos no estado de mesmo nome, na Região Norte do Brasil. São remanescentes de um povo que chegou a ter, no início do século XIX, uma população de seis mil pessoas. Até a década de 1970, mantiveram pouco contato com não-indígenas. Diferenciam-se dos Wajãpi da Guiana Francesa pelo modo de vida nas serras, pela mitologia e pela iconografia.
A técnica de pintura e arte gráfica produzida pelos Wajãpi do Amapá, denominada de Kusiwa, conformam-se como um sistema de comunicação associado à oralidade que expressa o seu modo de ver e viver o mundo. Para ornamentar os corpos e os objetos e, atualmente, pintar papel e cerâmica, eles utilizam tinta vermelha do urucum, resinas perfumadas, gordura de macaco e suco de jenipapo verde. Os padrões gráficos são dinâmicos, ou seja, se transformam, e representam mais frequentemente peixes, borboletas, cobras, tartarugas e objetos. Para eles, as cores e os padrões gráficos têm origem com os primeiros homens, já que antes disso não havia cores e todos os habitantes do mundo eram iguais.
A decoração dos corpos é uma atividade cotidiana realizada pelo “prazer estético e pelo desafio criativo” (GALLOIS, 2002, p.8). Durante o processo, são associadas narrativas orais que transmitem a visão de mundo do grupo. Não há padrões relativos à posição social ou a determinadas ocasiões. A pintura corporal depende do estado do indivíduo — pessoas de luto ou doentes devem evitar determinados padrões ou tintas, por exemplo. Cada tipo de tinta tem uma finalidade, como a do urucum que acreditam proteger dos espíritos da floresta.
Geralmente, em cada aldeia, há adultos mais velhos reconhecidos como jovijãkõ, ou seja, especialistas que “conhecem e têm capacidade de transmitir os conhecimentos herdados do tempo antigo”. (IPHAN, 2008, p. 80). De acordo com o Iphan (2008, p. 81-82), as crescentes pressões no entorno da Terra Indígena, o desinteresse dos jovens pelas práticas tradicionais e o risco de folclorização e de mercantilização dos saberes tradicionais põem em risco essa forma de expressão dos Wajãpi. Para garantir sua continuidade vêm sendo implementadas, com apoio do Museu do Índio: Conselho das Aldeias Wajãpi, Núcleo de História Indígena e do Indigenismo (NHII), da Universidade de São Paulo, e Núcleo de Educação Indígena (NEI-AP), ações de fortalecimento da organização coletiva, de educação escolar diferenciada, de fiscalização dos limites do território demarcado, bem como pesquisas científicas e projetos de difusão das manifestações culturais.
Pelo seu excepcional valor, a Arte Kusiwa foi registrada como patrimônio cultural do Brasil em 2002 e declarada, pela Unesco, patrimônio oral e imaterial da humanidade em 2003.
A técnica de pintura e arte gráfica produzida pelos Wajãpi do Amapá, denominada de Kusiwa, conformam-se como um sistema de comunicação associado à oralidade que expressa o seu modo de ver e viver o mundo. Para ornamentar os corpos e os objetos e, atualmente, pintar papel e cerâmica, eles utilizam tinta vermelha do urucum, resinas perfumadas, gordura de macaco e suco de jenipapo verde. Os padrões gráficos são dinâmicos, ou seja, se transformam, e representam mais frequentemente peixes, borboletas, cobras, tartarugas e objetos. Para eles, as cores e os padrões gráficos têm origem com os primeiros homens, já que antes disso não havia cores e todos os habitantes do mundo eram iguais.
A decoração dos corpos é uma atividade cotidiana realizada pelo “prazer estético e pelo desafio criativo” (GALLOIS, 2002, p.8). Durante o processo, são associadas narrativas orais que transmitem a visão de mundo do grupo. Não há padrões relativos à posição social ou a determinadas ocasiões. A pintura corporal depende do estado do indivíduo — pessoas de luto ou doentes devem evitar determinados padrões ou tintas, por exemplo. Cada tipo de tinta tem uma finalidade, como a do urucum que acreditam proteger dos espíritos da floresta.
Geralmente, em cada aldeia, há adultos mais velhos reconhecidos como jovijãkõ, ou seja, especialistas que “conhecem e têm capacidade de transmitir os conhecimentos herdados do tempo antigo”. (IPHAN, 2008, p. 80). De acordo com o Iphan (2008, p. 81-82), as crescentes pressões no entorno da Terra Indígena, o desinteresse dos jovens pelas práticas tradicionais e o risco de folclorização e de mercantilização dos saberes tradicionais põem em risco essa forma de expressão dos Wajãpi. Para garantir sua continuidade vêm sendo implementadas, com apoio do Museu do Índio: Conselho das Aldeias Wajãpi, Núcleo de História Indígena e do Indigenismo (NHII), da Universidade de São Paulo, e Núcleo de Educação Indígena (NEI-AP), ações de fortalecimento da organização coletiva, de educação escolar diferenciada, de fiscalização dos limites do território demarcado, bem como pesquisas científicas e projetos de difusão das manifestações culturais.
Pelo seu excepcional valor, a Arte Kusiwa foi registrada como patrimônio cultural do Brasil em 2002 e declarada, pela Unesco, patrimônio oral e imaterial da humanidade em 2003.
Recife, 20 de maio de 2014.
Fontes consultadas
GALLOIS, Dominique Tilkin. Kusiwa: pintura corporal e arte gráfica Wajãpi. Rio de Janeiro: Museu do Índio-FUNAI/APINA/CTI/NHII-USP, 2002.
IPHAN. Arte Kusiwa: pintura corporal e arte gráfica Wajãpi. Brasília, 2008.
Como citar este texto
MORIM, Júlia. Arte Kusiwa. In: Pesquisa Escolar. Recife: Fundação Joaquim Nabuco, 2014. Disponível em:https://pesquisaescolar.fundaj.gov.br/pt-br/artigo/arte-kusiwa/. Acesso em: dia mês ano. (Ex.: 6 ago. 2020.)